Flanelinha orienta motorista em Piratininga – Fernanda Dias / Agência O Globo
O banhista chega à praia de carro, estaciona e é abordado por um homem que lhe cobra dinheiro, entrega um papel e pede para que o posicione sobre o painel do veículo, à vista. A cena parece descrever a atuação de guardadores regulamentados, munidos de talonários. Porém, isso vem acontecendo na Prainha de Piratinga, e o pedaço de papel em questão, creditado aos “Guardadores Comunitários de Piratininga”, não tem qualquer autorização oficial. A prefeitura afirma que não reconhece o trabalho desta associação e que não permite a exploração do estacionamento na área.
A prática dos flanelinhas foi presenciada por Mariana Freitas, jornalista e leitora do GLOBO-Niterói. Ela fotografou o talão improvisado que recebeu dos guardadores irregulares e enviou para a equipe de reportagem. No canhoto, está impresso o valor cobrado pelo estacionamento: R$ 7 até as 19h.
— Assim que parei o carro, o flanelinha já chegou junto à janela e me entregou o papel, mandando eu colocar em cima do painel. Ele estava num grupo, com outros quatro homens, que também abordaram dois motoristas que estacionaram no mesmo momento. Eles exigiram pagamento imediato — conta ela.
A presença dos flanelinhas na Prainha de Piratininga foi flagrada também pela equipe de reportagem, que esteve no local na última terça-feira, quando um dos guardadores irregulares fez a abordagem e cobrou R$ 10 pelo estacionamento.
Segundo o presidente do Conselho Comunitário da Região Oceânica de Niterói (Ccron), Gonzalo Perez, a prática é comum no local. Ele afirma receber diversas reclamações de moradores, que sentem-se coagidos com a cobrança e acabam pagando o preço exigido por medo de terem o carro depredado como retaliação.
— A Guarda Municipal tem feito fiscalizações no local, mas não fica o dia inteiro na praia. Quando os guardas aparecem, os flanelinhas somem, depois de cerca de uma hora, os agentes vão embora e eles reaparecem. A solução seria trazer os guardadores autorizados pela prefeitura para esta área. Assim, o trabalho seria formalizado — avalia Perez.
A mesma cobrança irregular se repete em Camboinhas. Na orla do bairro, os flanelinhas chegam a cobrar R$ 15 por uma vaga. Lá, o município mantém dois estacionamentos regulamentados, com cobrança autorizada de R$ 5 a diária, feita por guardadores com uniforme da prefeitura e talonário em papel timbrado. Ambos ficam na Rua Doutor Geraldo de Melo, paralela à praia. Um deles no número 11.275, outro no 1.539. No restante da orla, no entanto, os guardadores irregulares permanecem atuando.
Segundo a secretária da Sociedade Pró-Preservação Urbanística e Ecológica de Camboinhas (Soprecam), Damiana Barbosa, além de cobrar tarifas abusivas e coagir os banhistas a pagar pelo estacionamento, os guardadores irregulares orientam a parar em locais não autorizados.
— Temos recebido muitas reclamações de estacionamento irregular. Basta passar pelo bairro, principalmente nos fins de semana, para ver carros em cima das calçadas, estacionados em fila dupla nas ruas e parados na frente das garagens das casas. Também é nos fins de semana que os flanelinhas chegam a cobrar R$ 15 dos motoristas — diz ela.
O estacionamento irregular também é frequente em Itacoatiara, onde motoristas estacionam dos dois lados da Avenida Mathias Sandri e em ruas internas. Diferentemente de Camboinhas, Piratininga e Itaipu, em Itacoatiara a equipe de reportagem encontrou, na última terça-feira, guardas municipais autuando carros parados em local proibido.
A prefeitura afirma que ações de ordenamento estão ocorrendo igualmente em todas as praias oceânicas e que desde o início da Operação Verão, em novembro do ano passado, mais de dois mil veículos foram autuados e quase 200 rebocados. Ainda de acordo com a prefeitura, a repressão aos flanelinhas é caso de polícia, por se tratar de exercício ilegal da profissão e caracterizar extorsão. Mesmo assim, a Guarda Municipal repreende os guardadores irregulares e ordena que se retirem. (Colaborou Lívia Neder)
O Globo
Em ponta negra, proximo ao Praia Shopping acontece a mesmo coisa a noite, a única diferença é que os guardas de trânsito da STTU ficam próximo ao shooping multando quem estaciona em local proibido. Sem fiscalizar os locais públicos, ou seja, indicar aos turistas os locais permitidos.
Isso já aconteceu comigo ao estacionar próximo ao Teatro Alberto Maranhão. Quando desci do carro, um flanelinha me abordou com um papel, escrito de caneta R$ 5,00.
Achei um absurdo, mas como era noite e estava só, me sentir coagida a pagar a quantia pedida.