Grandes empresas que fazem volumosas doações eleitorais usam parceiros comerciais para esconder parte das contribuições. O mecanismo é adotado para que a empresa consiga doar acima dos 2% sobre o faturamento, limite estabelecido em lei, informa reportagem do jornal “Valor Econômico”.
De acordo com a publicação, que ouviu três parlamentares e um executivo sob a condição de anonimato, empresas de grandes grupos, como de telecomunicação e empreiteiras, também adotam a prática quando não querem ser relacionadas a determinada campanha política.
Em troca, o parceiro comercial que age como “laranja”, aparecendo como doador, ganha descontos ou pagamentos “extras” em contratos.
Ainda de acordo com a reportagem, empresas também fazem uma espécie de “doação cruzada”: uma empresa da região A faz doação a um candidato da região B, enquanto uma companhia da região B contribui para uma campanha política na região A. Assim, fica mais difícil associar doações a possíveis irregularidades, já que a empresa que efetuou a doação não teria relação com determinado candidato.
Essa prática nunca foi investigada pela Justiça Eleitoral. O juiz Márlon Reis, que participou da redação da Lei da Ficha Limpa, sequer havia ouvido falar dela. O ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral classificou o método como moralmente condenável, mas que legalmente não há como pegar.
“É o tipo de coisa escamoteada que não tem como glosar”, disse ao “Valor”.
LAVA JATO
A Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, revelou que parte do dinheiro desviado da estatal abastecia o caixa de partidos políticos, usando os serviços do doleiro Alberto Youssef.
A apuração aponta que outros canais também foram usados por empreiteiras envolvidas no esquema, o que levou a Polícia Federal a abrir investigação para saber se manobras como esta foram adotadas para lavar dinheiro supostamente desviado durante as obras da refinaria Abreu e Lima (PE).
Folha Press
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