Jornalismo

Jovem de 29 anos é a fonte de vazamentos de documentos sobre espionagem americana

O jornal britânico “The Guardian” revelou neste domingo que um americano de 29 anos, que trabalhava na CIA, é a fonte de vazamentos sobre os programas de vigilância do governo dos Estados Unidos. Edward Snowden afirmou em vídeo que não tem nenhuma intenção de se esconder, já que “não fez nada de errado”.

Snowden, que está agora em Hong Kong, pensa em pedir asilo na Islândia. Em uma nota acompanhada pelos primeiros documentos revelados, o jovem disse que sabe que sofrerá por suas ações, mas “ficará satisfeito se se a federação de lei secreta, de dois pesos e duas medidas, e os irresistíveis poderes executivos que governam o mundo forem revelados por um instante”.

Apesar de ter revelado publicamente sua identidade, ele repetiu insistentemente que quer evitar os focos da imprensa.

“Não quero atrair a atenção pública, porque não quero que essa história seja sobre mim. Quero que isso seja sobre o que o governo americano está fazendo. Sei que a mídia gosta de personalizar os debates políticos, e sei que o governo vai me demonizar.”

Apesar disso, o jovem toma precauções para não ser espionado. A porta de seu quarto de hotel é revestida com almofadas e ele usa um grande capuz vermelho na cabeça ao entrar com suas senhas em seu laptop – para evitar que câmeras escondidas possam observá-lo.

Aos 29 anos, Snowden teve uma vida muito confortável, que incluía um salário de cerca de US$ 200.000, uma namorada com quem dividia uma casa no Havaí e uma carreira estável.

“Estou disposto a sacrificar tudo isso porque eu não posso, em sã consciência, permitir que o governo dos EUA consiga destruir a privacidade, a liberdade na internet e as liberdades fundamentais das pessoas com esta máquina de vigilância maciça que está construindo secretamente.”

Escolha por Honk Kong

Snowden deixou a CIA em 2009 e, nos últimos quatro anos, trabalhou na Agência de Segurança Nacional (NSA) como funcionário de várias empresas terceirizadas, incluindo a Booz Allen Hamilton. Há três semanas, ele fez os preparativos finais que resultaram na série de notícias publicadas ao longo da semana passada. No escritório onde trabalhava, no Havaí, ele copiou o último conjunto de documentos que pretendia divulgar. E avisou a seu supervisor que precisava ser afastado do trabalho por algumas semanas, para receber tratamento para a epilepsia – condição que descobriu no ano passado, depois de uma série de ataques.

Para a namorada, ele apenas contou que havia sido afastado por algumas semanas, mas não explicou as razões.

“Não é algo incomum para alguém que passou a última década trabalhando no mundo da inteligência”.

Em 20 de maio, ele embarcou em um voo para Hong Kong, onde permanece desde então. Ele conta que escolheu a cidade porque “eles têm um compromisso com o espírito de liberdade de expressão e com o direito à dissidência política”, e porque acreditava que era um dos poucos lugares no mundo em que poderia viver sem sofrer ordens do governo dos EUA.

O jornalista americano Glenn Greenwald, de 46 anos, foi o responsável por revelar os documentos obtidos por Snowden, que mostraram um complexo mecanismo de espionagem dos usuários dos serviços de nove grandes empresas americanas. Ele denunciou, ainda, outro programa americano cujo objetivo seria a criação de uma lista de alvos para ciberataques.

No sábado, o diretor da NSA, James Clapper, criticou a atuação da imprensa. Empresas como Google, Apple e Facebook negaram que tenham colaborado com a coleta de dados.

“Durante a semana, assistimos à revelação irresponsável de medidas para assegurar a segurança dos americanos”, disse Clapper, em nota.

Na sexta-feira, Obama defendeu o sistema e afirmou que o monitoramento de dados tem como alvo estrangeiros e não cidadãos americanos. Ele também criticou o vazamento dos programas para jornalistas do “Washington Post” e do “Guardian”, afirmando que a divulgação põe em risco pessoas envolvidas e em situações perigosas.

O Globo

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Jornalismo

Revelação de espionagem contra Dilma e Lula causou "surpresa e desagrado” ao governo

A revelação de que a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram espionados pelos órgãos de inteligência, mesmo após a redemocratização do país (durantes os governos de José Sarney e Fernando Collor), “causou surpresa e desagrado” ao Palácio do Planalto. A afirmação foi feita hoje (6) pelo ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República.

“Claro que causa surpresa e desagrado, mas é um tempo que a gente espera não viver mais no Brasil. Esta é a nossa expectativa, e não é uma prática do nosso governo”, disse Gilberto Carvalho à Agência Brasil, ao chegar, na manhã de hoje, à cerimônia de inauguração de um centro de referência para atendimento à população de rua em Brasília

A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que também participou da solenidade, destacou que as revelações sobre casos de espionagem como estes, obtidas nos acervos públicos (Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro) são consequência da Lei de Acesso à Informação e do funcionamento da Comissão da Verdade. As duas leis foram sancionadas em novembro do ano passado.

Segundo Maria do Rosário, a revelação de informações sobre a perseguição e a espionagem política à presidenta e ao ex-presidente “era o que mais esperávamos” com a entrada de vigor da lei. Para a ministra, a existência da Comissão da Verdade também “suscita” o surgimento de informações sobre as investigações feitas pelo Estado.

Perguntada pela Agência Brasil se procurou saber se existem documentos a seu respeito, por causa de militância política, a ministra disse que sua “contribuição para a redemocratização foi muito modesta”. Nascida em 1966, Maria do Rosário tinha apenas 2 anos quando o governo baixou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), endurecendo o regime inaugurado pelo golpe de 1964 e aumentando a perseguição política a seus opositores.

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