Clandestino Café, cafeteria itinerante de Pernambuco, tocada por Mateus Alves e Sara Rangel (Foto: Divulgação)
O nosso paladar é capaz de detectar apenas os sabores mais simples, enquanto o olfato toma conta das especificidades. É uma das formas mais comuns de interação entre nosso sentidos. Para comprovar, basta passar na frente de uma padaria emitindo o cheiro de pão quentinho e, em seguida, sentir a boca salivando.
Agora, um novo estudo realizado pela Universidade da Califórnia Brekeley aponta que o aroma dos alimentos está intrínsseco ao ganho de peso e, sentir o cheiro das comidas faz com que o seu corpo estoque as calorias que já ingerimos, ao invés de usá-las como energia.
Essa descoberta curiosa foi publicada no periódico acadêmico Cell Metabolism e se concentrou em estudar a conexão entre neurônios olfativos e o ganho de peso a partir de três experimentos.
No primeiro, os pesquisadores separaram ratos que tinha os sentidos do cheiro normal, dos bichinhos que sofriam com problemas olfativos. As descobertas apontam que os animais sem adversidades engordavam mais do que o outro grupo. Ao contrário do que muitos supõem, isso não aconteceu porque os que não sentem aromas alimentícios passam a comer menos. As porções de comida ingeridas por ambos os grupos foram as mesmas.
No segundo teste, ratos obesos que tiveram o olfato inibido temporariamente perderam cerca de um terço do peso. Enquanto isso, a última experiência envolveu um aprimoramento do aparelho olfativo dos animais, de forma que um receptor no cérebro era bloqueado. Tal transformação tornou os bichinhos mais propensos a engordar.
Ainda não há conclusões concretas se essas descobertas funcionam da mesma forma em humanos, mas algumas afirmações apontam que os aromas têm impacto no nosso metabolismo, de forma que os odores podem determinar como o nosso corpo lida com as calorias ingeridas. Dessa forma, pode-se supor que o ganho de peso não é um parâmetro que envolve apenas o consumo de alimentos, mas como essas calorias são notadas pelas pessoas.
Os pesquisadores acreditam que, se esse acontecimento for comprovado em humanos, eles poderiam pensar no desenvolvimento de uma pílula para colaborar com a perda de peso. Esse remédio seria destinado para indivíduos obesos e com distúrbios alimentares, como compulsão. “Nós acreditamos que os neurônios olfativos são muito importantes para controlar o prazer na comida e, se encontrarmos uma maneira de modular esse caminho, talvez poderemos bloquear as vontades alimentícias dessas pessoas e ajudá-los a controlar as quantidades de comida ingeridas”, afirmou Céline Riera, co-autora do estudo.
Globo, via Casa e Jardim
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