(Foto: Pixabay)
Um estudo organizado pelo grupo de pesquisa COVIDSurg Collaborative, que reúne mais de 15 mil cirurgiões, e o GlobalSurg Collaborative, do Instituto National de Pesqusia em Saúde, no Reino Unido, recomenda que cirurgias sejam adiadas por pelo menos sete semanas depois que os pacientes testarem positivo para a Covid-19. Os especialistas publicaram as conclusões no jornal Anesthesia nesta terça-feira (9).
A pesquisa alerta que os procedimentos cirúrgicos realizados em um período de 0 a 6 semanas após o diagnóstico de Covid-19 estão associados a um aumento no número de mortes.
A descoberta é importante considerando que até então ainda não se sabia qual seria a duração ideal do intervalo necessário entre a cirurgia e a confirmação da infecção pelo vírus da doença, o Sars-CoV-2.
“Recomendamos que, sempre que possível, a cirurgia seja adiada por pelo menos 7 semanas após um resultado positivo do teste de Sars-CoV-2 ou até que os sintomas desapareçam, caso os pacientes tenham sintomas por 7 semanas ou mais após o diagnóstico”, orienta em comunicado o líder da pesquisa, Dmitri Nepogodiev, pesquisador do instituto britânico.
Para determinarem qual seria o tempo de adiamento recomendado para as cirurgias, os pesquisadores analisaram dados de mais de 140 mil pacientes, provenientes de aproximadamente 1,6 mil hospitais em 116 países. Todos passaram por intervenções cirúrgicas em outubro de 2020.
Alguns pacientes tinham sido diagnosticados com Covid-19 em diferentes períodos anteriores à cirurgia, enquanto outros testaram negativo. A taxa de mortalidade em 30 dias, entre os pacientes que não tiveram a doença, foi de 1,5%.
O problema é que esse número era maior em pacientes que contraíram o vírus e foram operados em até 2 semanas (4%); de 3 a 4 semanas (4%) e entre 5 e 6 semanas (3,6%). Porém, a mortalidade não era mais tão alta quando já tinha se passado de 7 a 8 semanas (1,5%) desde o diagnóstico.
Por outro lado, só adiar a cirurgia por esse período não serve isoladamente para diminuir a mortalidade, segundo o estudo. A taxa de óbitos ainda foi alta em pacientes que tiraram a pausa de 7 semanas ou mais, mas que ainda apresentavam sintomas de Covid-19 (6%).
Já entre os pacientes operados que, passadas as 7 semanas, não tinham mais sintomas, a taxa de mortalidade foi bem menor: 1,3%. Naqueles com sintomas mais amenos, o resultado foi de 2,4%.
Além disso, outra questão a ser considerada é se o paciente possui algum risco elevado no seu quadro de saúde, segundo o cirurgião e coautor do estudo, Aneel Bhangu. “Para algumas cirurgias urgentes, por exemplo, para tumores avançados, cirurgiões e pacientes podem decidir que os riscos de atraso não são justificados”, pondera.
Galileu
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