Saúde

Análise de cientistas americanos e europeus aponta erros e omissões em teste da vacina Sputnik V

Foto: AKHTAR SOOMRO / REUTERS

Um grupo de cientistas americanos e europeus publicou nesta quarta-feira (12) um artigo apontando erros e omissões na última versão do estudo usado pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, que atestava a eficácia da vacina Sputnik V contra a Covid-19.

Segundo os cientistas, o resultado dos dados preliminares publicado pelos desenvolvedores do produto está possui “dados discrepantes” e transparência “abaixo do padrão”, pois revisores independentes não tiveram acesso a informações necessárias para validar os resultados.

O artigo com nove autores, um dos quais Vasiliy Vlassov, estatístico da Escola Superior de Economia da Rússia, foi publicado pela revista médica “The Lancet”, a mesma que havia publicado originalmente os resultados de fase 3 do teste clínico da Sputnik V.

“O acesso restrito a dados mina a confiança em em pesquisas. Dados acessíveis que sustentem as descoberta de um estudo são um imperativo para validar alegações dos achados. É ainda mais sério quando há erros aparentes e inconsistências númericas nas estatísticas e resultados apresentados. Infelizmente, esse parece ser o caso do que ocorre no teste de fase 3 da vacina Sputnik V”, escreveram os pesquisadores.

O grupo dos cientistas que esquadrinharam os dados da pesquisa russa foi liderado por Enrico Bucci, da Universidade Temple, da Filadélfia. Integraram a investigação também o Centro Médico da Universidade de Amsterdã, a Universidade de Turim, a Universidade Northwestern, de Illinois (EUA) e Universidad de Rennes, na França.

A equipe de pesquisadores vem questionando a transparência de dados dos russos desde o fim do ano passado, quando os resultados de fase 1 e 2 (segurança e resposta imune) foram públicados. Os russos chegaram a publicar um adendo do estudo para esclarecer pontos questionados, mas o grupo que desfia os dados do ensaio clínico diz que perguntas cruciais continuam sem resposta.

Um dos principais problemas apontados pelo grupo é a falta de clareza na definição de o que é um caso de Covid-19 para ser incluído no estudo. Sem um critério rígido, dizem os pesquisadores, o registro de infecções entre os voluntários que tomaram vacina pode ser menos rigoroso que o daqueles que tomaram placebo. Isso inflaria artificialmente a taxa de eficácia do produto.

Os números de voluntários relatados no estudo, além disso, não conferem com os números relatados no registro oficial do ensaio clínico. E sem acesso aos dados, revisores não podem garantir que os números estão corretos, afirmam os pesquisadores.

Gráfico por gráfico, os pesquisadores percorrem o estudo e apontam problemas de inconsistência que só poderiam ser esclarecidos pela abertura total dos dados.

Rejeição na Anvisa

Na opinião do epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Brasil, os dados da investigação dos cientistas relatados na correspondência à Lancet reforçam a solidez da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em rejeitar o registro da vacina no país.

“O artigo demonstra que não podemos querer uma vacina a qualquer custo e sob justificativa rasteira de outros estarem usando”, afirmou o cientista, em mensagem a jornalistas. “A Anvisa está certa em suas decisões e quem deve provar ao contrário é a empresa e formalmente dentro das regras do jogo e não enviando cartas públicas. Sugiro que a Gamaleya que é uma empresa respeitável, cumpra os requisitos nacionais. Queremos a vacina, mas sob as mesmas condições das demais.”

Entre vários pontos do artigo destacados por Oliveira, um deles foi a alteração do critério de desfecho, que mede o sucesso do teste, quando o ensaio clínico já estava em curso. Isso é considerado má prática em pesquisa clínica, diz.

‘Erros de digitação’

Em resposta ao artigo questionando o estudo da vacina, três pesquisadores do Gamaleya, encabeçados por Denis Logunov, enviaram ao Lancet outra corresponência. Os pequisadores rebatem alguns argumentos técnicos dos críticos, revelam alguns detalhes a mais sobre o método de cálculo da eficácia e voltam a usar o argumento de que a vacina foi considerada segura e eficaz em 51 países. Os russos não mencionam que a Spunik V não teve aprovação nas duas agências regulatórias mais influentes do mundo, a FDA, dos EUA, e a EMA, da União Europeia.

O grupo reconheceu alguns dos erros no estudo, mas minimizou sua importância.

“Inconsistências numéricas foram simples erros de digitação que já foram formalmente corrigidos”, escreveu o trio russo. Na resposta, eles também afirma ter cumprido os requisitos de transparência de dados das agências regulatórias que aprovaram a vacina.

“Existem padrões claros e transparentes para o fornecimento de dados de testes clínicos, incluindo dados relatados em estudos clínicos”, afirmam os russos. “O relato da análise interina do teste de fase 3 da Sputnik V obedece a esses padrões.”

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Essa é a vacina que a governadora Fátima Bezerra quer comprar para nós potiguares.
    Vacina sem comprovação científica. Que pode nem ter efeito contra a COVID-19.
    Essa governadora que nos matar mesmo!
    Morte pelo analfabetismo, morte pela insegurança, morte pelos respiradores pagos e não entregues, morte pelos respiradores comprados e que são inapropriados, mortes pelos leitos fechados, morte pelo desemprego e pela fome!

    1. Tu não sabes conjugar um verbo e quer falar de analfabetismo, poupe-nos!

    2. Bem…
      Como você comentou sobre o que escrevi é sinal de que captou a mensagem. Então, o texto cumpriu o seu papel. O resto é coisa de linguagem erudita que tem suas devidas aplicações. Não é o caso em tela, pois esse canal é de linguagem popular. O mais importante da comunicação é cominicar-se. O resto é gramática!

  2. Para essa vacina ser defendida pela gang dos governadores do nordeste tem de haver trambicagem, parabéns a ANVISA que manteve a postura e não se intimidou por essa corja que pensa em desviar recursos.

  3. Essa deve ser a segunda vacina que a turma que tem corrupto de estimação vai querer impor no Brasil. A primeira foi a coronavac, que não preencheu os requisitos mínimos, mas a pressão da esquerda ela ser aceita. Nenhum país desenvolvido e que fabrica vacina, aceita a chinesa.
    Agora é a vez da vacina russa não ter comprovação científica e a esquerda ser favorável. Por outro lado mais de 95 países adotaram a medicação precoce e aqui, a esquerda continua exigindo a comprovação científica.
    A hipocrisia dos esquerdopatas não respeitam nem as vidas, eles querem é a desordem em nome da democracia.

    1. Né isso! Pela incompetência do MINTO a população teve que tomar a “vachina” afinal o governo do inepto negacionista não tinha outra para apresentar pra população e hoje a “vachina” representa 85% da imunização no Brasil…

    1. Torcendo contra nada, queríamos que essa vacina prestasse, mas tudo que vem de petista não presta. O consórcio nordeste mais uma vez iria dar um golpe na sua população.

    2. Miolo furado detectado. Não é torcida Batista, é comprovação científica que comprove que ela presta. Sei que não entendi, vai esperar o discurso de seus corruptos de estimação.

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Saúde

Sete países europeus suspendem provisoriamente uso de lote da vacina Oxford para investigar supostos coágulos mortais

Foto: MIGUEL MEDINA / AFP

Sete países europeus suspenderam temporariamente o uso de um lote da vacina contra a Covid-19 de Oxford/AstraZeneca como medida preventiva, para investigar se há relação com efeitos colaterais graves. Foram eles Dinamarca, Islândia, Áustria, Luxemburgo, Letônia, Estônia e , Lituânia. Além disso, Itália e Noruega também suspenderam a vacinação com o imunizante enquanto aguardam investigações.

No caso da Dinamarca, que anunciou a suspensão nesta quinta-feira (11), o ministro da Saúde Magnus Heunicke disse no Twitter que esta é uma medida de precaução, seguindo “sinais de um possível efeito colateral sério na forma de coágulos sanguíneos mortais”. O país não informou quantos relatos de coágulos sanguíneos ocorreram. A Dinamarca suspenderá o uso da vacina por duas semanas, com nova avaliação marcada a partir do dia 22 de março.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) disse que está investigando, mas até o momento não encontrou nenhuma evidência ligando a vacina aos casos.

Os anúncios não interrompem o uso do imunizante na campanha de vacinação brasileira.

“A segurança da vacina foi extensivamente estudada em ensaios clínicos de fase 3 e dados revisados por pares confirmam que a vacina é geralmente bem tolerada”, disse a AstraZeneca em um comunicado.

A Autoridade Sanitária Dinamarquesa destacou, em comunicado, que o país não abandonou a vacina de Oxford/AstraZeneca. “Mas estamos pausando seu uso. Há uma boa documentação de que a vacina é segura e eficaz”, acrescentou.

Stephen Evans, professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, afirmou que a suspensão na Dinamarca representa uma “abordagem super cuidadosa, com base em alguns relatórios isolados na Europa”.

— O problema com relatos espontâneos de suspeitas de reações adversas a uma vacina é a enorme dificuldade de distinguir um efeito causal de uma coincidência — afirmou.

Suspensão pela Europa

O lote número ABV5300 da vacina foi entregue a 17 países da União Europeia e compreende 1 milhão de doses.

No final de semana passado as autoridades da Áustria já haviam pausado o uso do lote do imunizante após relato de morte por distúrbios de coagulação e de um caso de embolia pulmonar entre pessoas que haviam sido vacinadas.

A EMA disse na quarta-feira que seu comitê de segurança está investigando os casos relatados no país, mas atualmente não há indicação de que tenham sido provocados pela vacina.

A agência afirmou que o número de eventos tromboembólicos — marcados pela formação de coágulos sanguíneos — em pessoas que receberam a vacina de Oxford/AstraZeneca não é maior do que o observado na população em geral, com 22 casos de tais eventos sendo relatados entre 3 milhões de pessoas que foram vacinadas até 9 de março.

O Globo

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Esporte

CALENDÁRIO SEM BONS AMISTOSOS: Coronavírus fará Brasil enfrentar rivais europeus só no ano da Copa

Tite e Juninho Paulista coletiva seleção brasileira — Foto: Brenno Costa

A Conmebol e a Fifa dizem que o calendário das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 não vai mudar. Ou seja, até contra ordem, haverá 18 rodadas, turno e returno, na classificação para o Mundial, o que significa que o torneio pode terminar apenas na data Fifa de março de 2022. Se isto se confirmar, o Brasil deve ficar sem enfrentar nenhum adversário de nenhuma outro continente, exceto a América do Sul, até junho de 2022.

Depois da derrota para a Bélgica, nas quartas-de-final da Copa do Mundo da Rússia, em 2018, a seleção brasileira só enfrentou um rival europeu. Ganhou da República Tcheca, em Praga, no dia 26 de março de 2019. A dificuldade para escolher adversários europeus já é conhecida e explicada pela comissão técnica da seleção. Primeiro pela Liga das Nações, depois pelas eliminatórias da Eurocopa, o que torna difícil para os sul-americanos se encontrarem com a elite do futebol europeu.

Mas a Argentina enfrentou a Alemanha em outubro e o Uruguai jogou contra a Hungria.

O problema a partir de agora não será o calendário europeu, mas o sul-americano. Como a Conmebol não cancelou a Copa América, apenas a transferiu de 2020 para 2021, as datas de junho do ano que vem também ficarão comprometidas para confrontos apenas contra sul-americanos. O correto seria anular o torneio continental.

Isto não aliviaria completamente o calendário, porque haverá Eurocopa no mesmo período. Mas seria possível marcar amistosos contra europeus eliminados da Euro. Para a edição de 2016, por exemplo, a Holanda não se classificou. Ou seja, haveria chance de algum adversário forte.

Da maneira como a Conmebol definiu o calendário, só haverá datas para amistosos e possíveis tentativas para enfrentar rivais da Europa em junho e setembro de 2022. Na história, o Brasil só ficou os quatro anos do ciclo do mundial, sem enfrentar europeus, antes das Copas de 1930, 1934, 1938, 1950 e 1954.

Em 1956, a seleção excursionou à Europa onde realizou sete partidas, contra Portugal, Suíça, Áustria, Tchecoslováquia, Áustria, Turquia e Inglaterra. Dois anos depois, venceu o Mundial na Suécia. Nas dezesseis Copas seguintes, o Brasil sempre fez intercâmbio e conquistou cinco destes dezesseis mundiais. Sempre enfrentou europeus antes de chegar ao ano da Copa do Mundo.

Em 2018, Tite pode ter um problema extra. Se também não será bom para as principais seleções da Europa não jogar contra sul-americanos, para o treinador do Brasil faltarão testes contra escolas diferentes da sul-americana.

Blog do PVC – Globo Esporte

Opinião dos leitores

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