Existem inúmeros passatempos e hobbies bons para qualquer um de nós, e um deles é começar a se exercitar ainda jovens. Não precisamos ser tão bons assim no nosso passatempo para que ele valha tanto a pena, agora e mais adiante na vida.
Homens e mulheres mais velhos que se exercitaram durante dezenas de anos têm músculos semelhantes aos de jovens de 25 anos, segundo um novo estudo feito sobre pessoas com mais de 70. Eles também têm uma capacidade aeróbica maior do que a maioria das pessoas da sua idade, o que os torna biologicamente cerca de 30 anos mais jovens.
As pessoas com mais de 70 anos que praticaram exercícios por dezenas de anos têm músculos como um jovem de 25 anos. Foto: Karsten Moran para The New York Times
“Estávamos muito interessados nas pessoas que começaram a se exercitar na época do grande sucesso da corrida e da ginástica, nos anos 1970”, diz Scott Trappe, diretor do Laboratório de Desempenho Humano da Ball State University de Indiana e autor principal do estudo. “Eles adotaram o exercício físico como um hobby”.
Alguns deles continuaram adeptos por cerca de 50 anos, correndo, andando de bicicleta, nadando ou fazendo ginástica. Estas conclusões sugerem que a deterioração física decorrente da idade “talvez não seja normal ou inevitável”, afirma Trappe.
Outros hobbies mostram diferentes benefícios, principalmente para a mente. Manter um diário ajuda a consciência, a memória e a capacidade de se comunicar, segundo alguns estudos. E ainda pode ajudar a dormir, a melhorar o sistema imunológico, a promover a autoconfiança e a elevar o QI, como noticiou “The Times”.
Pode até contribuir para cicatrizar feridas mais rapidamente, de acordo com pesquisas realizadas na Nova Zelândia.
James W. Pennebaker, fisiologista social da Universidade do Texas em Austin e especialista na terapia da escritura, disse que a catalogação das emoções e de eventos traumáticos – que faz parte do processo de elaboração do diário – têm efeitos positivos.
Pennebaker disse que um diário pode organizar um evento na nossa mente e ajudar-nos a entender um trauma. Isto melhora a nossa memória funcional, porque o nosso cérebro se liberta da tarefa de processar essa experiência, e nós dormimos melhor.
Isto ajuda o sistema imunológico e melhora o nosso humor; nós nos sentimos melhor e melhoramos o nosso desempenho, além de nos socializarmos mais.
O diário pode parecer algo típico da Nova Era e até cafona para alguns. Mas Pennebaker acredita que é uma maneira eficiente para criarmos uma vida mental e emocionalmente mais saudável. E acrescentou: “não sou o tipo de sujeito que come granola. Comecei a escrever um diário porque estou interessado no que motiva as pessoas”.
Tim Wu, professor de Direito da Columbia University em Nova York, se surpreende pelo fato de que muitas pessoas não têm hobbies. E considera isto um problema real, “o sinal de uma civilização em declínio”, escreveu.
Alguma forma de recreação é a nossa recompensa por superarmos as lutas que os nossos ancestrais tiveram de travar para sobreviver. Wu tem dificuldade para compreender o motivo pelo qual as pessoas nos Estados Unidos, o país mais rico da história, não conseguem achar tempo para fazer algo de que gostam.
Ele especulou sobre a verdadeira razão pela qual as pessoas se dedicam a hobbies: “Nós temos medo de não nos sairmos bem”, escreveu no “The Times”. As expectativas em nossa sociedade extremamente competitiva é que temos de nos tornar excelentes no que fizermos por lazer. “Tudo é muito sério e muito exigente, e isso é mais um motivo para a nossa ansiedade: será que somos realmente a pessoa que dizemos ser?”, escreveu.
Os passatempos, Wu nos lembra, devem ser diferentes do trabalho. (Ele começou a surfar depois dos 40, um esporte que um homem de meia idade tem poucas chances de dominar.) O que se perde na busca da excelência é a satisfação com a mera competência, tirando o divertimento que o amador entusiasta tem por simplesmente fazer isto.
“Exigir a excelência em tudo o que fazemos”, escreveu Wu, “nos tira uma das maiores recompensas da vida – o simples prazer de fazer algo de que simplesmente, mas verdadeiramente, gostamos”.
Estadão, com The New York Times
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