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Homenagem de Fabiano Pereira

Meu amigo Miguel,

Escrevo umas crônicas simples, que passam por algumas revisões caridosas de amigos, mas tenho a plena consciência que são básicas. Ainda falta muito “terreno”…

Sou filho de pais cultos, mas li e escrevi pouco. Segundo minha antiga psicanalista, sinto necessidade de resgatar essa “dívida” com eles.
Você me convocou, na frente de vários confrades, no aniversário das princesinhas gêmeas de Marco Bruno, para fazer uma crônica ousada: escrever sobre uma música da MPB. A crônica deveria ser extensa, entre 3 e 6 laudas.

Como sempre faz com os amigos, e são inúmeros, percebe suas inquietudes, e, com uma sagacidade ímpar, arrimado pela absurda inteligência emocional que Deus lhe deu, abraça a causa. Nunca vi nada igual!

Convenceu-me, com uma capacidade de argumentação irrefutável, que eu seria uma das estrelas do livro, por não ter o mesmo compromisso dos outros, pelas fuleiragens, pela “licença poética”… Eu estaria dividindo esse espaço com grandes figuras do mundo jurídico e com gigantes da literatura como Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar, que são meus ídolos da crônica contemporânea.

A crônica está semipronta. Na verdade, usei cada minuto que tinha, entre uma atividade empresarial e outra, para escrever, apostando na sua aprovação, na sua satisfação, e, sobretudo, no seu largo sorriso.

Estava esperando o melhor momento para apresentar-lhe… mas não será mais possível… O Criador o chamou para uma missão mais nobre.

Agora só me resta agradecer a sua generosidade e dizer-lhe o quanto o admiro. Embora nossa amizade já venha de muitos anos, foi no convívio diário da Confraria que pude apreciar mais aguçadamente, suas qualidades, algumas delas, muito raras:

– Nunca vi você falar mal de alguém. Enxerga o que existe de melhor em cada ser humano, valorizando e propagando suas virtudes;

– É o rei da generosidade. Adora fazer favor. A impressão que se tem é de que seu dia contabiliza 100 horas, pois, além das inúmeras atividades profissionais e intelectuais, sempre “acha” tempo para ajudar, apoiar, incentivar todos que lhe rodeiam.

– Tem um bom humor permanente! Estar ao seu lado, significa ficar alegre sempre!

Enfim, quero que saiba que ser seu AMIGO, deixou minha vida mais feliz!

Não é possível mitigar a dor desta hora tão triste. Entretanto, mesmo sendo um homem de pouca fé, preciso acreditar nas palavras de  Santo Agostinho, quando diz:

“A morte não é nada, eu somente passei para o outro lado do caminho. O que eu era para vocês eu continuarei sendo. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Continuem a rir daquilo que nos faria rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. A vida significa tudo que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Por que eu estaria fora dos seus pensamentos?

Agora estou apenas fora de suas vistas. Eu não estou longe, apenas do outro lado do caminho”.

Fraterno abraço,
Fabiano