Instituições privadas divulgaram nota nesta segunda-feira (2) com críticas ao Ministério da Educação, sob o argumento de que faltam “respostas objetivas sobre critérios, prazos e justificativas para as mudanças” no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
As desavenças entre a pasta e o setor começaram no final do ano passado, quando portarias alteraram o fluxo de pagamentos do programa às instituições e definiram um mínimo de 450 pontos no Enem para novos contratos. Também ficou definido, posteriormente, que cursos com reajustes acima de 6,4% não teriam financiamento autorizado.
O MEC afirmou ainda, em nota, que cursos com nota 5 (indicador máximo de qualidade) continuam com “atendimento pleno”, enquanto aqueles com nota 3 ou 4 estão sujeitos a “alguns aspectos regionais”.
“O sistema tem ficado frequentemente fora do ar, tem sofrido instabilidades, lentidão, recusado pedidos de financiamento sem explicação e apresentado mensagens de erro de difícil compreensão”, afirma a nota, assinada por quatro entidades.
Entre elas, a Abraes (Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino Superior), que representa os maiores grupos educacionais do país, e a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), que já questionou na Justiça as mudanças no programa. O sistema ficará aberto para pedidos de financiamento até 30 de abril – em anos anteriores, o prazo se estendia até junho.
“Mesmo tendo participado de reuniões quase semanais com o governo, representantes das instituições de ensino não conseguem obter respostas objetivas sobre critérios, prazos e justificativas para as mudanças que permitam a elas planejar o semestre letivo, contratar professores e formar turmas ou mesmo auxiliar os alunos a conseguirem efetuar suas matrículas”, critica a nota.
“As instituições reconhecem que o Ministério da Educação tem todo o direito de definir que parcelas das mensalidades está disposto a financiar e estabelecer critérios para isso. O que elas esperam, no entanto, é que o governo honre os contratos que já foram assinados e que não introduza todo tipo de mudança, que incluem até a suspensão do pagamento às escolas, sem transparência ou aviso prévio às partes envolvidas”, diz trecho do texto.
Justiça Federal nega liminar contra novas regras do Fies
A Justiça Federal recusou um pedido de liminar para revogar as novas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) que limitam o acesso de estudantes ao programa de crédito universitário. A ação foi movida pelo Sindicato das Instituições Particulares de Ensino Superior de Pernambuco (Siespe).
A norma, de dezembro, prevê que somente estudantes com notas superiores a 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem solicitar financiamento. O aluno também não pode ter zerado a redação do exame.
O sindicato argumenta que as novas regras prejudicam o processo de expansão do Fies. A Advocacia Geral da União (AGU) afirma que o acesso ao ensino superior, diferentemente do ensino básico, é condicional ao desempenho de aprendizagem do aluno, de acordo com a Constituição. Também disse que cabe ao Ministério da Educação editar regras sobre o programa.
Segundo a AGU, o juiz da 21ª Vara Federal de Pernambuco indeferiu o pedido de liminar do Siespe. O magistrado ainda deu prazo de 20 dias para que a União se manifeste sobre a queixa do sindicato, de quebra da isonomia entre as faculdades com as novas regras. Representantes do sindicato ainda não foram encontrados pela reportagem para comentar a decisão.
Desde o fim do ano passado, faculdades particulares e o MEC travaram uma batalha sobre as mudanças nas regras do Fies. Outros sindicatos e entidades também ingressaram com reclamações contra a pasta na Justiça nas últimas semanas. Com a portaria de dezembro, a pasta ainda alterou a fórmula de repasses às instituições, de 12 para oito parcelas. Essa mudança também é motivo de queixa do setor privado.
Folha Press e Estadão Conteúdo
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