Economia

Desvalorização da moeda se deve a fatores externos, diz Bolsonaro, que não vê “retaliação” dos EUA

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira(2), não ver como retaliação ao Brasil a decisão do governo dos Estados Unidos de aumentar as tarifas para importação de aço e alumínio brasileiros. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, Brasil e Argentina estariam forçando uma desvalorização de suas moedas, o que tem prejudicado os agricultores daquele país.

“Não vejo isso como retaliação”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira (2). Na avaliação do presidente, a correlação não procede porque a desvalorização das moedas locais são em consequência de fatores externos. “O mundo está conectado. A própria briga comercial entre Estados Unidos e China influenciam o dólar aqui, assim como coisas que acontecem no Chile, nas eleições na Argentina e no Uruguai. Tudo está conectado”, argumentou o presidente.

Bolsonaro disse que o assunto será conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda hoje. “Se for o caso, vou ligar para o Trump. A economia deles é dezenas de vezes maior do que a nossa”, disse.

A retomada das tarifas foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA) em sua conta no Twitter. Segundo ele, “Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas, o que não é bom para os agricultores norte-americanos. Portanto, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todos os aços e alumínio enviados para os EUA a partir desses países”, disse Trump na rede social.

“As reservas também devem agir para que os países, dos quais existem muitos, não aproveitem mais nosso dólar forte, desvalorizando ainda mais suas moedas. Isso torna muito difícil para nossos fabricantes e agricultores exportar seus produtos de maneira justa”, acrescentou o presidente norte-americano.

Reformas

Bolsonaro reiterou que as reformas política e tributária terão seu formato final decidido no Congresso Nacional, e não pelo Executivo. “O povo pede muito uma reforma política. Não tenho poder para isso. Ela vai de acordo com o entendimento dos parlamentares”, disse, acrescentando que “uma simplificação tributária é muito bem-vinda. Não adianta mandar para lá [Congresso Nacional] o que é ideal, mas o que é possível de ser aprovado. Se os governos anteriores tivessem desburocratizado, desregulamentado e simplificado muita coisa, o Brasil estaria muito melhor do que está no momento”.

Imposto de renda

Bolsonaro comentou também da limitação que tem para cumprir sua promessa de campanha, de aumentar para R$ 5 mil a faixa de isenção para imposto de renda pessoa física. Segundo ele, esse é um exemplo das “diferenças entre o que queria fazer e o do que pode ser feito”.

“Gostaria de entregar meu governo tornando isento quem ganha até R$ 5 mil por mês. Estamos trabalhando para, este ano, chegarmos a R$ 2 mil. Espero cumprir [a promessa de] R$ 5mil até o final do mandato”.

Nas conversas com a equipe econômica, Bolsonaro disse que tem argumentado que o aumento da margem se justifica pelo fato de que quase todo imposto acaba retornando ao contribuinte, quando esse faz sua declaração. Portanto, segundo o presidente, esse aumento na margem acabaria por “poupar trabalho” para a própria Receita Federal.

“Tem reação por parte da equipe econômica ou da Receita, quando digo isso? Tem. Em parte forço um pouco a barra, mas não vou constranger a equipe econômica nem a Receita Federal. Acredito que meus argumentos sejam ouvidos por eles, apesar de eu não entender de economia”, completou.

Juros

Mais cedo, ao participar do evento onde a Caixa Econômica Federal apresentou as ações realizadas pelo banco em prol das pessoas com deficiência, Bolsonaro disse que a atuação do banco, no sentido de baixar juros, está influenciando positivamente os bancos privados a fazerem o mesmo.

“A Caixa, sem qualquer interferência por parte do presidente da República, está obrigando outros bancos a seguirem seu exemplo de administração, sob o risco de perder mais do que clientes, lucro. Ao tomar a decisão de diminuir taxas, ela ganha cada vez mais clientes, além de diminuir a inadimplência e, obviamente, aumentar o lucro”.

Agência Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. Boa foi a política externa do PT que se rastejava aos pés dos ditadores de Cuba, Venezuela, Bolívia e catervas…

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Finanças

O QUE DIZER AGORA? Fatores externos não são maior motivo de recessão brasileira, diz FMI

Fatores domésticos como o desequilíbrio macroeconômico e a crise política são os maiores responsáveis pela recessão no Brasil, afirma o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório divulgado nesta quarta (7).

No dia anterior o Fundo revelou ter dobrado para 3% sua projeção de contração da economia brasileira em 2015, diante de uma deterioração “maior que a esperada” nos últimos meses. A previsão para 2016 é que o Brasil encolha 1%.

“Embora fatores externos como a deterioração dos preços das commodities expliquem em parte a contração na atividade, fatores domésticos são o maior entrave”, diz o FMI no relatório Panorama Econômico Regional do Hemisfério Ocidental.

A correção da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff é vista como um sinal positivo pelo Fundo.

Segundo o estudo, o Brasil entrou no segundo semestre de 2014 com “grandes desequilíbrios macroeconômicos derivados do diagnóstico de que a desaceleração econômica desde 2010 era causada por falta de demanda agregada suficiente”.

Com a inflação bem acima da meta do Banco Central, as políticas públicas “apropriadamente” se moveram para estabilizar a dívida pública e conter as pressões inflacionárias, indica o relatório do Fundo.

O relatório ressalta o efeito negativo da instabilidade política sobre o desempenho da economia, destacando a investigação de corrupção na Petrobras e irregularidades na campanha presidencial.

“A interação entre a crise econômica e a política causaram incerteza e levou a confiança dos negócios e do consumidor a baixas históricas, minando ainda mais a atividade econômica atual e perspectiva”, diz.

Para o FMI, a política macroeconômica deve se concentrar em recuperar a credibilidade e lidar com as restrições do lado da oferta. “A consolidação fiscal deve ocorrer sem demora e a política monetária deve permanecer apertada para trazer a inflação de volta à meta do Banco Central”, receita o organismo.

O relatório também chama a atenção para a necessidade de “aliviar os gargalos estruturais” a fim de estimular o investimento, a produtividade e a competitividade. A flexibilidade da taxa de câmbio deve continuar sendo usada como o principal meio de absorver choques externos, recomenda o FMI.

No plano geral, o estudo divulgado nesta quarta (7) reitera um panorama em que se observa sinais de recuperação nas economias dos países desenvolvidos e uma retração nas dos emergentes, causada por uma combinação de fatores externos e domésticos. Entre eles, a desaceleração da China e a queda nos preços das commodities, de um lado, e erros nas políticas macroeconômicas e instabilidade política, de outro.

RISCOS AO COMBATE À POBREZA

O declínio econômico põe em risco programas sociais na América Latina, alerta o Fundo.

“Essa realidade, por sua vez, prejudica os progressos alcançados nos últimos anos na redução da pobreza e da desigualdade. Os principais riscos do cenário mundial, especialmente o risco de um ajuste brusco das taxas de juros norte-americanas ou uma possível desaceleração econômica mais forte na China, podem ter um impacto particularmente severo sobre a América Latina”, afirma.

O relatório observa que a América Latina foi a única região do mundo que reduziu a desigualdade de renda nos anos 2000, mas que esse avanço pode ser contido pelo fim do ciclo das commodities. A queda da desigualdade na última década foi maior em exportadores de commodities como Brasil, Argentina, Bolívia e Equador.

Estudos mostram, segundo o FMI, que cada 1% de aumento no preço das commodities é associado a 0,5% de redução da desigualdade, medido pelo coeficiente Gini.

Embora a recuperação dos EUA beneficie a América Latina, sobretudo os países com os quais tem laços mais estreitos de comércio, turismo e remessas, como o México, os danos causados pelas queda nos preços das commodities continuarão a ser o fator externo preponderante.

A projeção do FMI é de que o PIB latino-americano recue pelo quinto ano seguido, registrando contração de 0,3% em 2015.

A média negativa da região é puxada principalmente pelas recessões no Brasil e na Venezuela, cujas economias devem contrair neste ano 3% e 10% respectivamente, segundo as projeções do Fundo.

Folha Press

Opinião dos leitores

  1. Dentre os seres com raciocínio ninguém se convence dessa brincadeira sem medida do PT em dizer irresponsavelmente que a crise daqui é culpa lá de fora. Só mesmo os necessitados de poder e necessitados dos programas sociais que engolem seco uma balela dessa. Agora o aval do PMI serve para sepultar mais uma mentira do PT!

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