O futuro é agora. Com esse lema, indústrias de vários setores da economia querem se beneficiar com o maior uso do gás natural, com o aumento de sua oferta já no curto prazo. E, para isso acontecer, reunidas no Projeto +Gás Brasil, várias entidades e associações industriais estão propondo que os gasodutos de escoamento do gás das plataformas ao litoral sejam construídos e operados por meio de um sistema de concessão, como já ocorre com a transmissão de energia elétrica, que poderiam ser explorados por empresas privadas.
O coordenador do Projeto +Gás Brasil e presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, destacou que o aumento da oferta de gás ao mercado (com a construção de mais gasodutos de escoamento), ajudaria a redução de preços do produto, o que estimularia o aumento de seu uso pelo setor industrial que por sua vez impulsionaria os investimentos na economia. O aumento de investimentos na economia por conta do maior uso do gás pelas indústrias poderia chegar a cerca de R$ 48 bilhões em 2015. Segundo o executivo, a concessão dos gasodutos poderia ser feita por empresas privadas e fundos de investimentos, entre outros.
– Não estamos satisfeitos em saber que o Brasil vai estar cheio de gás daqui a 15 ou 20 anos. O movimento é para antecipar o futuro, uma ponte entre o presente e o futuro. E isso seria ótimo para a Petrobras concentrar seus investimentos em sua atividade fim que é a produção de petróleo e gás – destacou Pedrosa.
Estudo elaborado pelo Grupo +Gás Brasil mostra, segundo Pedrosa, o impulso que pode ser dado aos investimentos – se os preços médios do gás caíssem para a faixa de US$ 7 por milhão de BTU (medida internacional do gás), contra os atuais cerca de US$ 14 , com essa redução de preços os investimentos agregados (diretos e indiretos) na economia aumentariam em 7,8% até 2015, passando para 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Até 2025, esse efeito seria ainda maior: a taxa de investimento passaria para 22,3%. Assim, o volume investido, segundo o executivo, passaria de R$ 585 bilhões para R$ 632,7 bilhões no curto prazo (em 2015, e para R$ 723,7 bilhões no longo prazo (em 2025)
Segundo Paulo Pedrosa, não existe nenhum limitador na Lei do Gás que impeça a entrada da iniciativa privada para prestar serviço de escoamento de gás natural.
O estudo elaborado pelo Projeto +Gás Brasil destaca ainda que a redução de 50% no preço médio do gás também produziria um decréscimo de 0,44 ponto percentual na taxa de inflação média anual. Além disso, a balança comercial de segmentos como siderurgia, pelotização de minério de ferro, papel e celulose, alumínio, química, cerâmica e vidro sairia de um déficit de R$ 15,8 bilhões (2011) para um superávit de R$ 38 bilhões em 2025.
Com a redução de preço médio para US$ 7 por milhão de BTU, o volume consumido pela indústria registraria crescimento médio de 10,4% ao ano, atingindo 99 milhões de metros cúbicos por dia em 2020 e 137 milhões em 2025, mais de duas vezes e meia do que o volume previsto se forem mantidas as atuais condições.
O Globo
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