É chover no molhado a imprensa divulgar a desgraça da situação da Saúde no RN e em Natal. Desculpem o desabafo, mas ficamos indignados, como um estado que tem defasagem de 50% de leitos de UTI permite a UTI do Giselda ficar mais de 16 dias fechada por causa de uma pane elétrica? Vão esperar acontecer agora no Walfredo? A situação lá é igual, manutenção precária e caos total.
Segue reportagem de Roberto Lucena na Tribuna do Norte:
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Giselda Trigueiro (HGT) está desativada há 16 dias. Uma sobrecarga no sistema elétrico, no dia 18 de maio, foi a responsável pela inutilização do espaço que possui sete leitos. Os pacientes foram transferidos às pressas para uma sala do Hospital Ruy Pereira onde estão acomodados de forma improvisada e precária. O problema não tem data para ser resolvido. Na UTI do Giselda, a energia foi restabelecida graças à uma gambiarra. Porém, o espaço continua fechado porque há risco de novos problemas acontecerem.
Com a sobrecarga, alguns aparelhos foram danificados. De acordo com funcionários do Giselda, o acidente era previsto e poderia ter sido evitado caso tivessem feito reparos no sistema de condicionadores de ar e tubulação de gases. De acordo com a médica Nancy Baumgartner, dois leitos estavam desativados antes mesmo da pane elétrica por causa de vazamentos no aparelho de ar condicionado. “Estávamos trabalhando com cinco leitos justamente porque já havia esse problema. O ar condicionado ficava pingando água e acabou danificando outros aparelhos”, disse.
Segundo Antônio Marinho, chefe da divisão dos Serviços Gerais do Giselda Trigueiro, tanto a direção do hospital como a secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) sabiam do risco de pane elétrica na UTI. “A instalação dos aparelhos de ar condicionado foi feita de forma errada. Eles ficam em cima da tubulação dos gases usados nos pacientes. Tínhamos certeza que iria acontecer alguma coisa de errado mais cedo ou mais tarde”, relatou.
Na tarde do dia 18 de maio, os funcionários que estavam trabalhando na UTI foram surpreendidos com a pane elétrica. Naquela dia, cinco pacientes estavam internados. Todos foram removidos para o hospital Ruy Pereira. Um deles teve alta na tarde da última quinta-feira. Os demais continuam internados no local. “Estão lá de forma precária. Além dos pacientes, os funcionários também sofrem com a situação. Nossa UTI era exemplar. Dava orgulho de nossas instalações. Agora, estamos nessa situação”, disse Nancy.
Nesses 16 dias de interdição, pouco foi feito para reabrir a UTI. De acordo com Carlos Mosca, diretor técnico do HGT, uma equipe de técnicos da secretaria de Estado da Infraestrutura (SIN) visitou a unidade dias após à pane elétrica. Um relatório foi expedido constatando a sobrecarga no local. Para solucionar o problema, segundo o diretor, foi feita “a instalação de um novo cabo de alimentação”. O serviço foi encerrado na última quinta-feira. “Mas nós não ficamos satisfeitos com o relatório. É preciso fazer uma reforma para solucionar outros problemas. Só vamos liberar a UTI quando essas questões forem sanadas”, completou o diretor.
“Na verdade fizeram uma gambiarra. Religaram a energia puxando um cabo lá do nosso quadro de energia central”, afirmou Antônio Marinho. O funcionário acredita que a gambiarra não vai suportar a corrente de energia necessária para ligar os equipamentos que existem na UTI. “Nem fizemos o teste porque não há condições para tanto. E também não adianta fazer isso sem antes não resolverem o problema dos condicionares de ar e da tubulação dos gases”, ponderou.
O diretor técnico do HGT disse que a Sesap tem um estudo técnico sobre as reformas necessárias no setor e aguarda um posicionamento do Governo. “A Justiça já nos deu um prazo de 120 dias para que terminássemos outras obras no hospital. No entanto, não arrisco dizer um prazo para que tudo esteja solucionado e a UTI seja reativada”, colocou Carlos Mosca.
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