Pela primeira vez em 17 anos, parte dos serviços do governo americano não vai funcionar porque o Congresso dos Estados Unidos não conseguiu chegar a um acordo para financiar os gastos públicos de curto prazo.
Democratas e republicanos não fecharam um acordo até a 0h01 de hoje (1h01 em Brasília), início do ano fiscal americano e prazo final para ampliar o teto da dívida do governo, de US$ 16,7 trilhões.
O resultado é que mais de 800 mil funcionários públicos receberão licença sem pagamento e serviços como museus e parques não abrirão hoje. Outros milhares de trabalhadores (como guardas de presídios e controladores de voo) serão convocados a trabalhar sem pagamento –receberão salário quando acerto for fechado no Congresso.
O funcionalismo federal conta com cerca de 2,9 milhões de trabalhadores civis.
A oposição republicana defende condicionar a ampliação do teto da dívida ao adiamento por um ano da reforma da saúde promovida pelo democrata Barack Obama –um dos principais feitos da administração. A situação, por sua vez, rejeita a oferta.
A disputa política deve ter efeitos econômicos. A intensidade dependerá de quanto tempo vai durar o impasse.
Estimativa do banco Morgan Stanley aponta que cada semana de paralisação vai custar 0,15 ponto percentual do PIB do quarto trimestre. Entre abril e junho (dado mais recente), a economia americana cresceu 2,5%.
Mas o cenário pode ser ainda pior, dependendo de como vai afetar a confiança de empresários e consumidores.
As preocupações sobre o impasse no Congresso foram um dos motivos para o Fed (BC dos EUA) ainda não retirar parte dos seus estímulos iniciados no fim de 2012.
Em 2011, as dificuldades para que o Congresso fechasse um acordo semelhante foi um dos motivos para que a agência Standard & Poor’s retirasse pela primeira vez a nota máxima dos títulos do governo norte-americano.
Como aconteceu naquela ocasião, as Bolsas e as moedas dos países emergentes, inclusive o Brasil, poderão sofrer os efeitos.
TETO
O teto da dívida já havia sido atingido em maio, mas desde então o governo vinha lançando mão de medidas emergenciais. Segundo o governo, esses recursos se esgotarão no dia 17.
A última vez que o governo foi paralisado por falta de recursos foi sob Bill Clinton (democrata como Obama), em dois períodos, totalizando 28 dias, entre 1995 e 1996.
Folha
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