Judiciário

Suspeitos de hackear celulares teriam feito 5.616 ligações para acessar Telegram de autoridades

Reprodução

Os investigadores que atuaram na apuração das invasões dos celulares do ministro da Justiça, Sérgio Moro, de magistrados, procuradores e policiais apontaram que os suspeitos de terem feito o hackeamento dispararam 5.616 ligações para os telefones das autoridades por meio de robôs para congestionar as linhas e, com isso, viabilizar o acesso às contas do aplicativo de mensagens Telegram.

A informação foi detalhada em trecho do despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que determinou a prisão de quatro suspeitos de envolvimento nas invasões dos celulares por meio da Operação Spoofing.

Segundo definição da Polícia Federal, spoofing é o termo em inglês que define a “falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é”.

“Realizadas as diligências investigativas, a autoridade policial logrou inferir como o invasor teve acesso ao código enviado pelos servidores do aplicativo Telegram para a sincronização do serviço Telegram Web relativo às contas invadidas”, escreveu o juiz federal ao longo das 13 páginas da decisão judicial.

Ao longo da decisão, o magistrado do Distrito Federal relata o suposto modus operandi utilizado pelos acusados de hackeamento para obter as conversas do Telegram das autoridades.

Além de Moro, informou o juiz no despacho, também teriam sido alvo das invasões de celulares o desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), o juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro e os delegados de Polícia Federal (PF) Rafael Fernandes e Flávio Vieitez Reis.

O próprio juiz destacou na decisão que o Telegram permite que um usuário solicite o código de acesso por meio de uma ligação telefônica para, posteriormente, receber uma chamada de voz contendo o código para ativação do serviço web do aplicativo. Após esse procedimento, a mensagem fica gravada na caixa postal das vítimas.

Vallisney explica ainda no despacho que, para hackear os celulares, o invasor dispara várias ligações para o número alvo com o objetivo de que a linha telefônica fique ocupada. Com esse procedimento que ludibria o aplicativo, a ligação com o código de acesso ao serviço web do Telegram acaba sendo direcionada para a caixa postal da vítima.

Concluída essa etapa, os criminosos acessam a caixa de postal do celular para obter o código que permite entrar na conta do Telegram por meio de uma página da internet.

Voip

Para efetuar as milhares de ligações para os celulares das vítimas, os hackers usaram um serviço de voz baseado na tecnologia Voip, que permite a realização de ligações de qualquer lugar do mundo por meio de computadores, telefones convencionais ou celulares.

De acordo com os investigadores, os supostos invasores presos pela Polícia Federal utilizaram o serviço prestado pela microempresa BRVoz. Nas ligações feitas via serviços de voz sobre IP ou aplicativos permitem a modificação do número que está efetuando a chamada.

Na apuração do caso, os policiais e peritos identificaram a rota de interconexão com a operadora Datora Telecomunicações Ltda, que, segundo a decisão judicial, “transportou as chamadas” destinadas ao número de Moro após ter recebido as chamadas pelo Voip.

Conforme o relato do juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, os usuários da BRVoz – o serviço que teria sido utilizado pelos suspeitos de invadir o celular de Moro – podem realizar ligações telefônicas simulando o número de qualquer terminal telefônico utilizando a função “identificador de chamadas”.

Ainda segundo Vallisney, após a análise do sistema e dos logs da BRVoz, os policiais conseguiram identificar todas as ligações efetuadas para o telefone do ministro da Justiça que partiram do usuário cadastrado na conta de Voip registrada em nome de Anderson José da Silva.

O magistrado ressaltou ainda que também partiram desta conta atribuída a Anderson as ligações feitas para os celulares do desembargador do TRF-2, do juiz da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro e dos dois delegados federais.

Rastreamento dos suspeitos

Após rastrear os IPs atribuídos aos dispositivos (computador ou celulares) que se conectaram ao Voip da BRVoz para disparar ligações aos telefones das autoridades, relata o juiz no despacho, os policiais identificaram os moradores dos endereços onde estariam localizados os equipamentos de onde partiram as chamadas:

Walter Delgatti Neto
Gustavo Henrique Elias Santos
Marta Maria Elias
Suelen Priscila de Oliveira

Segundo consta no despacho do juiz federal, Gustavo é filho de Marta e namorado de Suelen. O magistrado cita ainda na decisão o nome de Danilo Cristiano Marques, que, de acordo com a investigação, possui um dispositivo com o mesmo IP que se conectou ao serviço de Voip da BRVoz.

Vallysnei afirma em outro trecho do despacho que os investigadores, com o objetivo de demonstrar que os suspeitos já tinham ligação entre si antes mesmo de se envolverem no suposto ataque hacker, apresentaram à Justiça um histórico de possíveis crimes “praticados em conjunto” por Walter, Danilo, Gustavo e Suelen.

Os quatro foram presos nesta terça-feira (23) pela Polícia Federal na deflagração da Operação Spoofing.

(mais…)

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Juiz diz que suspeitos de hackear celulares podem integrar organização criminosa: “fortes indícios”

Juiz Vallisney de Souza Oliveira – TRF1/Direitos reservados

Ao autorizar a Polícia Federal (PF) a prender, em caráter temporário, quatro dos suspeitos de acessar, sem autorização, os telefones celulares de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal de Brasília, afirmou enxergar “fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa”.

Em sua decisão, o magistrado escreveu que, ao pedir a prisão temporária de Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti Neto, a PF apresentou “um histórico de possíveis crimes” que os investigados praticaram em conjunto” para “violar o sigilo telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do aplicativo Telegram”.

Para o juiz, as prisões temporárias dos investigados pelo prazo de cinco dias são essenciais para a obtenção de provas. Inclusive, “sendo o caso, provas contra outros [possíveis] membros da organização”. Além das detenções temporárias, Oliveira autorizou também a realização de buscas e apreensões em sete endereços ligados aos suspeitos, nas cidades de Araraquara, Ribeirão Preto e São Paulo.

O magistrado também autorizou a quebra do sigilo das mensagens eletrônicas dos investigados, determinando às empresas Apple, Google, Uol/Bol e Microsoft que forneçam os dados cadastrais, os registros IP de acesso e todos os dados e arquivos em nuvem relativos às contas de e-mail dos suspeitos que tenham sido armazenados nos últimos seis meses.

Por fim, o juiz deferiu o pedido de quebra do sigilo bancário de Danilo, Gustavo, Suelen e de Walter, determinando ao Banco Central comunicar a decisão judicial às instituições bancárias com quem os quatro tenham se relacionado entre primeiro de janeiro deste ano e 17 de julho. Valores superiores a R$ 1 mil disponíveis nas contas dos suspeitos deverão ser bloqueados.

De acordo com a PF, Gustavo movimentou em sua conta bancária R$ 424 mil entre 18 de abril e 29 de junho deste ano. Sua companheira, Suelen, movimentou pouco mais de R$ 203 mil entre sete de março e 29 de maio últimos. Ainda segundo a PF, Gustavo, um dj de 28 anos, informou ao banco em que tem conta que seu rendimento mensal é da ordem de R$ 2.866. Suelen informou ganhar, mensalmente, cerca de R$ 2.192.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, ontem (23), os policiais federais apreenderam R$ 100 mil na casa de Gustavo. De acordo com o advogado Ariovaldo Moreira, defensor do casal Gustavo e Suellen, a quantia apreendida seria usada para a compra de bitcoins (criptomoeda). “Ele garante ter como comprovar a origem do dinheiro apreendido”, afirmou, hoje, Moreira.

Agência Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. Ô burro, a operação já diz tudo, os hakers invadiam os celulares das autoridades, criavam histórias, deturparam conversas e vendiam a preço de banana pra os otários, que divulgavam, e como sempre os esquerdopatas, que acreditam que luladrão e a cambada de ladrões presos pela lava-jato são inocentes, também acreditavam nessas falsas mensagens. Esses petralhas são tontos mesmo, qualquer idiota faz eles de babacas

  2. Um celular é roubado. Nele tem imagens do estupro de uma criança, mas para as autoridades não são as imagens do estupro que importam, mas que o Celular foi roubado. Prenderam os hackers, ótimo, cometeram crimes, mas como ignorar o estupro a constituição, aos direitos individuais e ao possível enriquecimento por parte das autoridades que as mensagens mostram? O jornalista faz o seu papel que é divulgar o que é de interesse público. Lógico que a delação para prender ou expulsar o jornalista é o objetivo, os crimes cometidos precisam ser protegidos pelo Estado (fascista), mas como farão para parar a divulgação. Aqui é fácil, temos uma imprensa mercenária, mas com certeza, isso está espalhado pelo mundo e não conseguirão impedir que o povo tome conhecimento.

  3. Apesar de não conterem nada comprometedor nelas, raquear celular é crime. Verdevaldo deve estar se borrando nas calças, já tem quatro presos, ele é o próximo.
    Acabou a impunidade, petistas!!!

  4. Tô gostando desse Juiz…Agora é descobrir quem pagou, e, CANA!!!!!!!!!!!!!! Vai ter petista no meio…

    1. Isso é o que realmente importa. Estou pouco me lixando como elas foram obtidas. Ninguém se daria a esse trabalho todo para inventar historinhas!

    2. Pense numa sociedade que está vendo tudo ao contrário.
      Se eram "verdadeiras", o que leva a pensar assim?
      O meio que foram obtidas era legal?
      A forma como foram publicadas não tinha manipulação?
      Quem roubou as mensagens tinham ficha limpa?
      Os envolvidos nas ações ilegais, eram mais de 03, então formam uma organização, entendeu? Precisa desenhar? Acho que nem desenhando vai doer menos

    3. Que delírio…
      Se as mensagens são verdadeiras? Muda o quê?
      Se elas são verdadeiras ou não, o mais importante que não mostram qualquer conduta indevida, não trás nenhuma irregularidade, não prova nada de errado. O resto é o de sempre, choro e revolta dos amates de corruptos.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *