No trato com os desafetos, José Sarney não é senão um bigode que traz o cérebro no fígado. Guarda bílis na geladeira.
Há dois anos, quando Sarney ardia nas manchetes da crise dos atos secretos do Senado, Mercadante hesitou. Ameaçou renunciar à liderança do PT.
Amaciado por Lula, Mercadante renunciou à renúncia. Mas desceu à caderneta de Sarney como uma vingança esperando para acontecer.
Súbito, uma indiscrição gravada do “aloprado” Expedito Veloso reacomodou sobre os ombros de Mercadante o fardo do dossiê anti-Serra, escândalo de 2006.
A nova coordenadora do Planalto, Ideli Salvatti, foi levada de roldão. Acusam-na de ter participado de reunião em que se discutiu a divulgação do papelório sujo.
Diferentemente de Mercadante, Ideli compôs gostosamente o pedaço petista da tropa que fez a defesa de Sarney.
A despeito disso, Sarney viu na ressurreição da “alopragem” uma oportunidade para retirar do freezer a bílis que Mercadante inspirara.
Instado a comentar a encrenca alheia, o tetrapresidente do Senado fustigou: “A melhor fórmula é cada um se explicar naquilo que for acusado…”
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