Judiciário

Justiça em Números: processos antigos já resolvidos impactam estatísticas de tempo de tramitação do TJRN

O relatório Justiça em Números 2018, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Conselho Nacional de Justiça, trouxe um dado aparentemente contraditório sobre o Tribunal de Justiça do RN: o TJRN apresentou melhoria significativa em seus índices de produtividade e eficiência, mas apresentou um tempo médio de tramitação processual excessivo. O motivo foi o arquivamento de uma série de processos que estavam suspensos, mas que não dependiam mais de um pronunciamento do Poder Judiciário. Essa medida, necessária para refinar o acervo de processos pendentes de julgamento, terminou por impactar no tempo médio de tramitação nesta última edição do relatório.

De acordo com o Justiça em Números 2017 (ano base 2016) o tempo médio da sentença no 1º Grau da Justiça Estadual potiguar era de dois anos e um mês. Contudo, no relatório de 2018 o índice passou para 10 anos e 11 meses. Algo excepcional, como aponta a secretária de Gestão Estratégica do TJRN, Karine Symonir. Ela explica que em 2017 a Presidência do TJRN e a Corregedoria Geral de Justiça editaram uma série de portarias conjuntas disciplinando o arquivamento de processos suspensos.

“Um exemplo é o arquivamento de processos criminais onde houve sentença condenatória, mas o processo estava suspenso aguardando a captura do réu. O Judiciário já havia cumprido sua missão, mas o processo continuava pendente aguardando uma ação do Poder Executivo. Era um processo que não deveria estar mais no acervo e que impacta as nossas estatísticas”. Ou seja, o Judiciário aparece como lento, quando o caso não foi arquivado por culpa do Poder Executivo, responsável por fazer a captura do réu condenado.

Karine Symonir explica que no momento em que um processo suspenso é arquivado, a estatística do CNJ considera como tempo de tramitação todo o tempo de sua existência; ou seja, desde quando foi distribuído até o seu arquivamento. Um exemplo: um processo que tenha sido distribuído e julgado em 1990 e estava suspenso desde então, por algum motivo externo ao Judiciário; para a estatística a sua tramitação durou 28 anos – mesmo que o julgamento tenha se dado em 1990.

Situação parecida se deu em relação aos processos de Execução Fiscal. Esse tipo de processo é maioria em tramitação na Justiça potiguar. Muito dos processos dessa natureza são suspensos porque não se sabe a localização do devedor ou porque ele não tem bens suficientes para quitar a dívida. É uma situação que independe da atuação do Poder Judiciário, mas que impacta negativamente em seu acervo. Ao serem arquivados, também refletiram no tempo médio de tramitação processual.

A expectativa é de que a próxima edição do relatório Justiça em Números apresente números até menores dos que os registrados em 2016, visto que a produtividade da Justiça potiguar foi melhor do que àquela época.

Produtividade

De acordo como relatório Justiça em Números 2018, o TJRN atingiu percentual de 88% no Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus), principal indicador do CNJ sobre produtividade e eficiência. Esse número deixa o TJRN como o terceiro melhor entre os 12 tribunais considerados de pequeno porte, e em 10º lugar considerando todos os 27 TJs.

O resultado representa um crescimento de 42% em relação ao resultado obtido pelo TJRN no Justiça em Números do ano passado, quando o seu IPC-Jus foi de 62%. Com a melhora, o Tribunal potiguar passou do 10º para o 3º lugar entre os pequenos e no quadro geral da 24ª posição para a 10ª posição em um ano.

Opinião dos leitores

  1. Quem tem processo nas varas cíveis da capital, infelizmente, não sente essa evolução no índice de celeridade.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *