Economia

Banco Central dos EUA e de outros 9 países, incluindo o Brasil, farão ação conjunta no mercado; injeção de até US$ 60 bilhões na economia brasileira

Sede do Fed, o banco central dos Estados Unidos Foto: Bloomberg

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e os bancos centrais de nove países, incluindo o Brasil, anunciaram nesta quinta-feira, um acordo que prevê troca de reservas em dólar de até US$ 450 bilhões.

O acordo prevê a realização de operações de swap entre os bancos centrais. Nessa operação, o Banco Central brasileiro, por exemplo, faz uma compra de dólares com compromisso de vendê-los para o Fed posteriormente, com o pagamento de juros.

Dessa maneira, em um momento de escassez da moeda americana, os bancos centrais poderiam usar esses recursos para equilibrar a oferta e demanda nos mercados locais.

Em momentos como o atual, de crise global pelo coronavírus, os investidores tendem a procurar ativos com mais segurança, como o dólar. Neste cenário, com alta procura pela moeda americana, ela se valoriza pela escassez.

No caso brasileiro, a parceria pode resultar na injeção de até US$ 60 bilhões na economia brasileira. Os demais BCs são dos seguintes países: Austrália, Coreia do Sul, México, Cingapura e Suécia, no mesmo valor do Brasil. Noruega, Dinamarca e Nova Zelândia terão acesso a US$ 30 bilhões. Os recursos estarão disponíveis por seis meses.

Esses nove países receberam linhas de swap durante a crise de 2007 a 2009. As linhas de swaps foram iniciadas em 2007, justamente quando a crise do crédito eclodiu, começando primeiro pelos principais bancos centrais dos países desenvolvidos. À medida que as pressões sobre o sistema global se intensificaram, o Fed expandiu a disponibilidade para economias menores e avançadas e para mercados emergentes, como Coreia do Sul e Brasil.

A última vez que esse mecanismo foi usado no Brasil foi na crise de 2008. Naquela época, no entanto, o acesso às reservas não chegou a ser usado. Também não se sabe se será usado desta vez. Mas ter esses recursos à disposição é importante para assegurar a liquidez do sistema.

Tensões no mercados

Em nota, o Fed explica que a operação tem por objetivo diminuir as tensões nos mercados globais de financiamento com a moeda americana. Dessa maneira, “mitigando os efeitos” para o crédito nos países afetados, tanto para famílias quando para empresas.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que o acordo pode ajudar o Banco Central a dar liquidez ao mercado quando necessário, ou seja, equilibrar a oferta e demanda da moeda.

Apesar do Brasil ter uma reserva internacional de US$ 353 bilhões, considerada robusta, Sanchez afirmou que ela pode ser usada como um colchão de segurança e defendeu o uso dos novos recursos.

— Se a gente está passando por um momento de crise profunda de demanda, não tem porque não usar. Ainda mais quando nós temos um problema, uma maior propensão ao dólar por conta dessa elevação do risco global, é um momento propício para ser usado – afirmou.

O Banco Central brasileiro disse, em nota, que o montante será utilizado para “incrementar” os fundos já disponíveis para ampliar o potencial de oferta de dólar no mercado.

“A linha de liquidez soma-se ao conjunto de instrumentos disponíveis do BC para lidar com a alta volatilidade dos mercados em decorrência da pandemia da Covid-19”.

O BC também esclareceu que ainda deve tomar as medidas necessárias para a regulamentação e operação dos novos recursos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve estabelecer os limites e condições para o uso dos valores. A próxima reunião ordinária do conselho será na quinta-feira da próxima semana.

Essa é a mais recente em uma série de medidas de emergência que o Fed vem adotando desde domingo para tentar limitar o prejuízo econômico da crise de saúde que está forçando a paralisação de grandes partes da economia global.

Economistas projetam um impacto dramático para a produção econômica mundial nas próximas semanas, e a maior parte do esforço do Fed tem sido em manter o crédito fluindo.

O Fed já tinha acordos do tipo com os bancos centrais do Canadá, Inglaterra, Japão, Suíça e da zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE).

Disponibilizar dólares para nações estrangeiras – mesmo que não tenha custado ao Fed – tornou-se um ponto de discórdia para alguns no Congresso dos EUA. O banco central americano teve que defender repetidamente a ação e explicar aos parlamentares que os contribuintes dos EUA não estavam emprestando dinheiro a nações estrangeiras e que, por se tratar de swaps – não empréstimos – não havia risco de inadimplência.

Banco da Inglaterra reduz juros

O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou nesta quinta-feira sua decisão excepcional de baixar sua principal taxa de juros bancários para 0,1% devido à crise do coronavírus, uma redução recorde tomada apenas oito dias depois de fixá-la em 0,25%.

Em uma reunião especial, o comitê de política monetária do BoE decidiu, por unanimidade, aumentar suas participações em títulos do governo e títulos corporativos em £ 200 bilhões (US$ 230 bilhões) “e reduzir a taxa de juros do banco em 15 pontos base para 0,1%”, anunciou o BC inglês em um comunicado.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. O liberalismo só funciona até a próxima crise chegar e socializar os prejuízos das empresas c à população.
    Os lucros são sempre privados, mas os prejuízos são da sociedade.

  2. Imagine a atual situação que o mundo passa e o Brasil está vivendo.
    Se fosse nos anos dourados de 2006 a 2016 nossos recursos seriam enviados a Cuba, Venezuela e outras potências democráticas apoiadas pelo então governo e nenhum meio de comunicação iria criticar, nem a globo falaria nada, afinal estavam todos muito bem remunerados para silenciar.
    Mas hoje o Brasil deve ser prontamente criticado por receber apoio financeiro das grandes potências capitalistas. É a turma que torce pelo pior do país, visando seus cofres, bolsos e demonstrando um egoísmo irresponsável, imoral e imundo.
    Hoje sabemos o quanto somos manipulados pela mídia que era financiada por recurso público.

    1. Engraçado que só há reservas em dólar em razão destes mesmos governos que você reclama. Estudar é uma saída grande para a ignorância- desconhecimento.

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