Diversos

Presidente do Incra nega que MP facilite grilagem, e anuncia: “queremos entregar 100 mil títulos de terras”

Foto: Gabriela Briló/Estadão

Com pouco mais de três meses na presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo Filho disse, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que mais de 100 mil posseiros deverão receber títulos definitivos neste ano. Desde 1970, o Incra já assentou 970 mil famílias, mas somente 60 mil títulos definitivos foram dados até hoje.

Para bater a meta, o governo conta com a aprovação da Medida Provisória da Regularização Fundiária (MP 910), que amplia o uso de tecnologia para a avaliação de propriedades rurais, mas gerou críticas de que pode favorecer a concessão de títulos para grileiros, o que é refutado pelo presidente Incra. Ele disse que o órgão vai “mudar do século 19 para o século 21” com o uso da tecnologia.

Filho do ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Norte Geraldo Melo, o economista e pecuarista de 48 anos deixou o cargo de assessor especial do gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para assumir o Incra, em outubro passado.

O governo já disse que não havia recursos para assentamento e reforma agrária. Como executar a missão do Incra?

O grande ponto é que, toda vez que se fala em reforma agrária nos últimos 50 anos, isso se limita a número de famílias assentadas. O conceito de reforma agrária prevê a identificação de áreas improdutivas e o assentamento de famílias com aptidão para produção. Você titula, essas famílias viram pequenos produtores e seguem a vida. Há 970 mil famílias assentadas hoje, mas que precisam receber políticas públicas de assentados. E esse não é o papel apenas do Incra.

O secretário de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, disse que era preciso passar o Incra a limpo, que havia muitas irregularidades. Há resultados?

Temos registrado operações com desdobramentos graves e afastamento de servidores. Desde que cheguei aqui, em outubro, já houve operações em quatro regionais. Mais ainda temos muita coisa a fazer, com mudanças pela frente.

Que mudanças?

Caminhamos para a questão da inteligência e governança territorial. Vamos integrar informações. Foi editada a MP 910, que uniformiza a legislação de regularização fundiária no Brasil e também foram editados dois decretos, um que regulamenta a própria MP e outro que regulamenta a titulação nos assentamentos. Esse pacote possibilita o destravamento do processo de regularização fundiária, desburocratiza o processo e agiliza o procedimento.

Na prática, o que será feito?

Essas mudanças vão permitir a utilização de tecnologia no processo. A regra anterior obrigava que todas as etapas do processo fossem feitas com a presença humana, manualmente. Há uma ineficiência absurda e os processos não acabavam.

No caso da MP 910, houve críticas de que ela favoreceria a grilagem que já existe.

A MP regulariza, praticamente nos mesmos termos, as posses já existentes. A grande mudança é a tecnologia. A MP vai permitir que se trabalhe com inteligência e informação, como a inclusão do CAR (Cadastro Ambiental Rural), da comprovação da posse, vai ter o georreferenciamento, não poderá ter conflito com área de fronteira, terras indígenas. O que estamos conseguindo fazer para agilizar o processo é mudar do século 19 para o século 21.

Qual é a meta de regularização fundiária?

A meta do governo é fazer 600 mil titulações em três anos, entre os já assentados e aqueles em regularização fundiária. (Em 2020) Queremos entregar mais de 100 mil titulações de terras. Vamos centralizar parte desses processos, treinar servidores dos Estados e multiplicar na base. Esperamos que até junho tudo já esteja funcionado de forma integrada.

Estadão

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Política

MST e Incra coagiram acampados para votar no PT

Leiam trechos de reportagem do Estadão, comento depois:

“MPF acusa MST e Incra de terem coagido acampados a votar em vereadora do PT – O Ministério Público apresentou nesta terça-feira, 5, denúncia de que acampados da reforma agrária no município de Agudos, no interior de São Paulo, teriam sido coagidos a transferior títulos eleitorais para favorecer uma candidata a vereador do PT que contava com o apoio do Movimento dos Sem-Terra (MST). O fato, segundo a denúncia divulgada nesta terça, teria ocorrido na eleição municipal de 2008 (…) Na representação enviada agora à Promotoria Eleitoral, afirma-se que nas eleições municipais de 2008, quase todas as famílias que estavam acampadas à espera de uma vaga no Projeto de Assentamento Maracy- Agudos/SP, foram cooptadas a transferir seus títulos eleitorais para a cidade de Iaras. Elas deveriam votar na então candidata à vereadora do PT e uma das líderes do MST na região. Quem não o fizesse ficaria fora não receberia seus lotes (…) “O MPF recebeu dos próprios assentados a informação de que todas as famílias que estavam acampadas foram obrigadas a transferir seus títulos eleitor ais para o município de Iaras/SP”, diz a nota da assessoria. “Lá, elas deveriam votar na então candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Rosemeire Pan D´Arco de Almeida Serpa, sob a ameaça de não serem selecionadas para o assentamento.” O esquema teria contado com o apoio do Incra. Teria saído daquele instituto toda a documentação necessária para a transferência dos títulos, com a falsa confirmação de que eram acampados no município de Iaras”

Do Blog
Essa notícia é para quem ainda tinha dúvidas sobre o casamento do MST com o PT. Trata-se de uma organização diretamente vinculada a partido político, agora formalmente acusada por usar os pobres assentados como massa-de-manobra.

Nos dias de hoje, o “coroné” carrega uma estrela vermelha, mas continua rico e o voto continua sendo de cabresto. Se não votar, não ganha terra.

Opinião dos leitores

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