Um estudo feito por cientistas de vários países demonstrou que enxaguantes bucais que contêm cloreto de cetilpiridínio podem ser úteis na redução da transmissão e infecção pela Covid-19. O trabalho ainda não foi revisado por pares.
Segundo os pesquisadores, os experimentos in vitro demonstraram que os enxaguantes bucais com cloreto de cetilpiridínio foram capazes de inibir o Sars-CoV-2 em 99,99%, mesmo com a presença de saliva humana, fator que poderia alterar a capacidade antiviral da substância. Os mesmos resultados foram encontrados em testes feitos com as variantes Alfa (B.1.1.7), Beta (B.1.351) e Gama (P.1, a prevalente no Brasil) do coronavírus.
É possível encontrar enxaguantes bucais com cloreto de cetilpiridínio em mercados e farmácias brasileiras.
A boca humana possui uma enzima chamada de ACE2, que funciona como um receptor primário do coronavírus. Por isso, a cavidade oral pode atuar como um grande reservatório de Sars-CoV-2. Estudos mostram que a saliva de pessoas infectadas com o vírus é altamente contaminada, sendo um potencial vetor de transmissão da Covid-19 por meio de gotículas e aerossóis que são expelidas ao falar e tossir.
O uso do enxaguante bucal com cloreto de cetilpiridínio ajudaria a diminuir a quantidade de coronavírus na saliva, reduzindo o risco de contaminação. Além disso, o acúmulo de placas bacterianas na boca devido à má higienização pode provocar uma infecção gengival, que facilita a entrada de diversos vírus, inclusive o Sars-CoV-2. Enxaguantes bucais também contribuem para a diminuição das placas bacterianas.
Várias organizações de saúde aconselharam o uso de enxaguantes bucais durante procedimentos odontológicos como uma medida para inibir a transmissão do coronavírus. Ingredientes bioativos presentes nos enxaguantes, incluindo cloreto de dequalínio, cloreto de benzalcônio, cloreto de cetilpiridínio e clorexidina, inibem os patógenos por atrai-los e quebrarem seu envelope lipídico (capinha de gordura que envolve os vírus).
Efeito ‘neutralizante’ ocorre em 30 segundos
No ensaio, os cientistas deixaram o coronavírus exposto ao enxaguante bucal por 30 segundos. Eles testaram diferentes formulações, incluindo cloreto de cetilpiridínio com sabor, cloreto de cetilpiridínio sem sabor e digluconato de clorexidina com sabor. Como controles positivo e negativo, eles usaram etanol 70% e água, respectivamente.
Os resultados do ensaio revelaram que ambas as formulações de enxaguante bucal contendo cloreto de cetilpiridínio foram capazes de inibir o Sars-CoV-2 em 99,99%. A quantidade de vírus após 30 segundos ficou abaixo do limite de detecção. Isto ocorreu inclusive com as variantes do vírus que foram incluídas na análise. Em contraste, a solução contendo digluconato de clorexidina mostrou eficácia significativamente menor na inibição do coronavírus.
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – RN (CIEVS-RN), informa que, apenas um paciente suspeito de estar infectado pela Cepa B.1.617, conhecida popularmente como Cepa indiana teve a mostra enviada para análise.
Trata-se de um indivíduo do sexo masculino, 29 anos. Procedente do estado do Maranhão e com RT-PCR confirmado para Covid-19, o paciente foi hospitalizado, e encontrava-se internado em isolamento em terapia intensiva, instável e com suporte ventilatório, recebendo toda assistência que o caso requer, porém foi a óbito na segunda-feira (31/05/2021).
A amostra do paciente entrou nos critérios do Ministério da Saúde para a realização do sequenciamento genético que está sendo providenciado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do RN (LACEN-RN) e foi enviada para o Instituto Evandro Chagas no Pará. O resultado deverá sair em breve.
A SESAP também monitora 1 comunicante de voo com caso confirmado para variante indiana. voo, Guarulhos-Rio de janeiro. Durante a investigação, foi verificado que o paciente tem uma linha de celular com o código de área do Rio Grande do Norte, mas que se encontrava no Rio de Janeiro desde o desembarque do voo em que teve contato com o caso confirmado, sendo repassado o monitoramento para a vigilância do outro estado.
A SESAP continua seguindo as orientações do Ministério da Saúde, neste momento monitora 2 pessoas procedente de voos internacionais, que devem ficar em isolamento domiciliar por 15 após o desembarque em solo brasileiro.
BG você pode ser acusado pela esquerda de estar praticando xenofobia. A cepa, segundo a esquerda, não pode ser chamada de “indiana”, já batizaram-na de “delta”. É muita frescura. Esse povo não tem o que fazer.
ESTA COPA É PARA IDOSOS OU GEMTE COM COMODIDADE, POIS OS PAISES PARTICIPANTES AINDA ESTÃO VACINANDO O PESSOAL ACIMA DE 50 ANOS. OU BOLSONARO TEM VACINA INSTATANEA.
Morre um com essa cepa aqui no estado e ainda querem a copa américa!!! Santa paciência!!! Precisamos de seres vivos. Turismo, entretenimento, jogos, podemos até ter, mas com todos os cuidados. Coisa que muitos não fazem, não fizeram e não vão fazer. Taí as consequências!! Muda Brasil!!!
Então tem que suspender todos os tipos de campeonatos.
Se a Sra não sabe , são apenas 10 competidores, onde todos terão que está vacinados e antes dos jogos todos farão teste do Covid.
Parabens a governadora , por nao permitir a realizacao da copa america, ganhou me voto.
Mas o (des)governo do RN rejeitou a Copa América para evitar as novas CEPAS. Acho que a nossa (des)Governadora deveria mandar fechar também o aeroporto e a rodoviária.
A Copa América será realizada sem público, com delegações reduzidas e seus membros vacinados. Está em curso a Taça Libertadores, com clubes brasileiros e transmissão pela Globo, e ninguém reclama. Na próxima sexta, haverá Brasil e Equador pelas Eliminatórias da Copa. Também estão sendo disputados o Campeonato Brasileiro e campeonatos estaduais. Precisamos deixar de hipocrisia e de politicagem e encarar a realidade.
Infelizmente somente quem tem esse poder de fechar as fronteiras é a presidência, mas o nosso presidente inepto só impediu a entrada de voos da Índia dez dias depois da ANVISA fazer essa recomendação! Pra completar, ele acha pouco e está abrindo nossas fronteiras novamente para um torneio de futebol para garantir o “pão e circo”: a “Cepa América”!
Engraçado como as pessoas não entendem que quanto maior a exposição , mais risco, sem contar que nessas delegações vem gente de vários países,se tivesse um presidente cordenando a pandemia e trazendo soluções, mais esse que ra no Alvorada so atrapalha
Manoel F, se o governo federal fechar às fronteiras, os “vermelhos” irão ao STF para abrir tudo.
A proteína spike é a grande facilitadora para que o Sars-CoV-2 entre e se instale nas células humanas. Mas pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, registraram a ação de uma outra proteína, conhecida como lectina, que consegue se acoplar à spike e, assim, impedir que o novo coronavírus infecte nosso corpo. Os resultados estão disponíveis no repositório bioRxiv, em versão preprint (ainda não revisado por pares).
Liderada por Josef Penninger, diretor do Instituto de Ciências da Vida em Vancouver, a equipe desenvolveu uma biblioteca com diferentes tipos de lectina e identificou dois com alto potencial de ligação aos glicanos da proteína spike — ou proteína S. “Nossa ideia é aproveitar essa propriedade para desenvolver um medicamento contra a Covid-19”, compartilha Penninger, em comunicado.
A intenção de bloquear a ação da proteína S já está avançada em outras pesquisas. A droga APN01, que atualmente passa por testes clínicos, funciona travando receptores das nossas células, para evitar que a spike consiga se ligar a elas. Já o uso da lectina foca diretamente no bloqueio da proteína do vírus, de acordo com Penninger, inviabilizando seu acoplamento em estruturas humanas. “A porta está obstruída porque a chave está cheia de lectinas”, comenta o especialista.
Os cientistas também observaram que, em diferentes variantes, há uma boa conservação nos glicanos da proteína que garante a entrada do patógeno nas células. Segundo um dos autores do estudo, Stefan Mereiter, esse pode ser o “calcanhar de Aquiles” do temido Sars-CoV-2.
A filmagem do vínculo entre a proteína spike e a lectina revelou uma mobilidade da molécula viral que surpreendeu os pesquisadores. Em fotografias, o formato triangular da proteína S geralmente aparece fechado. No vídeo, ela se abriu na superfície e esteve presa às lectinas por um longo tempo em uma escala molecular, o que é um bom sinal para diminuir a vida útil do coronavírus.
Confira, no vídeo abaixo, a proteína spike do Sars-CoV-2 rodeada de lectinas (pequenas manchas ao redor da molécula central):
A probabilidade de ser infectado pelo novo coronavírus diminui drasticamente após a inoculação da primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca/Oxford. A informação é de um estudo britânico que concluiu, também, que a primeira aplicação dessas vacinas protege tanto pessoas mais velhas e mais vulneráveis quanto os mais jovens e saudáveis.
O trabalho conjunto do Office for National Statistics (ONS) e da Universidade de Oxford descobriu que há forte resposta imunitária em todas as faixas etárias depois da primeira dose de uma dessas vacinas. Segundo o estudo, divulgado em pré-publicação nesta sexta-feira (23), as inoculações tanto com a vacina da Pfizer quanto com a da AstraZeneca foram tão eficazes em indivíduos com mais de 75 anos e/ou em pessoas com problemas de saúde latentes, quanto em pessoas mais novas e/ou mais saudáveis.
O estudo, incluído em dois artigos que ainda não foram revistos, é baseado em testes realizados em cerca de 370 mil pessoas da população do Reino Unido e já é um dos maiores feitos até hoje, uma vez que fornece mais evidências em um cenário real sobre as vacinas usadas em território britânico e sua eficácia contra a infecção pelo SARS-CoV-2.
Os pesquisadores indicam que, ao reduzir as taxas de infeção, as vacinas não vão apenas prevenir as internações hospitalares e as mortes por covid-19, mas também permitir a quebra das cadeias de transmissão e, assim, reduzir o risco de um potencial ressurgimento da doença à medida que o Reino Unido vai aliviando as restrições.
A equipe de pesquisadores afirmou ao The Guardian que essas conclusões foram fundamentais para a decisão do governo britânico de priorizar a vacinação de uma primeira dose às pessoas mais velhas e aos grupos mais vulneráveis.
“Não houve evidência de que as vacinas fossem menos eficazes entre os adultos mais velhos ou aqueles com problemas de saúde de longo prazo”, explicou Koen Pouwels, um dos autores do estudo.
Ao serem analisados os resultados dos testes de covid-19 da população em estudo, entre dezembro de 2020 e abril de 2021, concluiu-se que 21 dias após a primeira aplicação – o tempo que o sistema imunitário demora para criar uma resposta – as novas infecções pelo novo coronavírus diminuíram cerca de 65%. Isso significa que as pessoas que foram vacinadas com uma única dose das vacinas Oxford/AstraZeneca ou Pfizer/BioNTech tiveram 65% menos probabilidade de contrair nova infecção.
Contudo, as primeiras vacinas foram mais eficazes contra infecções sintomáticas do que assintomáticas, em comparação com a taxa de infeção na população não vacinada. Ao fim de três semanas após a aplicação da primeira dose, os casos de doença com sintomas diminuíram 74% e dos assintomáticos, 57%.
A investigação foi mais além: uma segunda dose da Pfizer pode proteger até 90% contra a infecção pelo vírus. A aplicação das duas doses, ou seja a imunização completa com a vacina da Pfizer aumentou mais a proteção, reduzindo as infecções sintomáticas em 90% e as assintomáticas em 70%. Essa análise não foi feita com pessoas que receberam as duas doses da AstraZeneca, já que ela foi aprovada mais tarde e ainda não é possível avaliar o impacto da segunda dose na imunização da população.
Após seis meses da infecção pela Covid-19, os anticorpos contra a doença podem ficar mais fortes. É o que concluí um estudo que analisou a evolução da imunidade dos anticorpos do coronavírus e foi publicado nessa segunda-feira (18).
Conduzido por cientistas da Universidade Rockefeller, de Nova York (EUA), a pesquisa foi divulgada na Revista Nature, referência em ciência e saúde.
Para o estudo, foram analisados 87 indivíduos, de 18 a 76 anos, que já tiveram a Covid-19. O período de estudo durou seis meses, acompanhando os voluntários.
De acordo com o estudo, a razão para essa resposta imune mais forte está nas células B, responsáveis por reconhecer o vírus e criar anticorpos. Análises mostraram que, embora níveis de anticorpos diminuam com o tempo, as células B estariam mais potentes e resistentes às mutações do vírus, o que indica uma evolução contínua da resposta imune.
A respeito dos casos de reinfecção (mesma variante), de acordo com o estudo, “as respostas de memória são responsáveis pela proteção contra reinfecção e são essenciais para uma vacinação eficaz. A observação de que as respostas das células B de memória não decaem após cerca de 6 meses, mas em vez disso continuam a evoluir, é fortemente sugestivo de que os indivíduos que são infectados pelo SARS-COV-2 podem apresentar uma resposta rápida e eficaz ao vírus após a reexposição”.
A melatonina produzida no pulmão atua como uma barreira contra o Sars-CoV-2, impedindo a expressão de genes codificadores de proteínas de células como os macrófagos residentes, presentes no nariz e nos alvéolos pulmonares, e as epiteliais, que revestem os alvéolos pulmonares e são portas de entrada do vírus. Dessa forma, o hormônio impossibilita a infecção dessas células pelo vírus e, consequentemente, a ativação do sistema imunológico, permitindo que o novo coronavírus permaneça por alguns dias no trato respiratório e fique livre para encontrar outros hospedeiros.
A descoberta, realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), ajuda a entender por que há pessoas que não são infectadas ou que estão com o vírus, detectado por teste do tipo RT-PCR, e não apresentam sintomas de Covid-19. Além disso, abre a perspectiva de uso da melatonina administrada por via nasal – em gotas ou aerossol – para impedir a evolução da doença em pacientes pré-sintomáticos. Para comprovar a eficácia terapêutica do hormônio contra o novo coronavírus, porém, será necessária a realização de uma série de estudos pré-clínicos e clínicos, sublinham os autores do estudo.
Os resultados do trabalho, apoiado pela FAPESP, foram descritos em artigo publicado na revista Melatonin Research.
“Constatamos que a melatonina produzida pelo pulmão atua como uma ‘muralha’ contra o Sars-CoV-2, impedindo que o patógeno entre no epitélio, que o sistema imunológico seja ativado e que sejam produzidos anticorpos”, diz à Agência FAPESP Regina Pekelmann Markus, professora do Instituto de Biociências (IB) da USP e coordenadora do projeto.
“Essa ação da melatonina do pulmão também deve ocorrer com outros vírus respiratórios, como o da influenza”, estima.
Os trabalhos da pesquisadora com melatonina foram iniciados nos anos 1990. Por meio de estudo com roedores, Markus demonstrou que o hormônio produzido à noite pela glândula pineal, no cérebro, com a função de informar o organismo que está escuro e prepará-lo para o repouso noturno, poderia ser produzido em outros órgãos, como no pulmão.
Em um estudo também com roedores, publicado no início de 2020 no Journal of Pineal Research, a pesquisadora e colaboradores mostraram que os macrófagos residentes, presentes no espaço aéreo pulmonar, absorvem (fagocitam) partículas de poluição. Esse estímulo agressivo induz a produção de melatonina e de mais moléculas pelos macrófagos residentes, capazes de internalizar o material particulado no ar respirado pelos animais, e estimula a formação de muco, tosse e expectoração, de modo que essas partículas sejam expelidas do trato respiratório.
Ao bloquear a síntese da melatonina pelos macrófagos residentes, os pesquisadores observaram que as partículas entraram na circulação e foram distribuídas por todo o organismo, incluindo o cérebro.
Com base nessa constatação de que a melatonina produzida no pulmão altera as portas de entrada de partículas de poluição, a pesquisadora e colaboradores decidiram avaliar, agora, se o hormônio desempenharia a mesma função em relação ao Sars-CoV-2.
“Se isso acontecesse, o vírus também não ficaria disponível para se ligar ao receptor ACE2 das células, entrar no epitélio e desencadear a infecção”, explica Markus.
Análise de expressão gênica
Para testar essa hipótese, os pesquisadores analisaram um total de 455 genes associados na literatura a comorbidades relacionadas à Covid-19, interação do Sars-CoV-2 com proteínas humanas e portas de entrada do vírus, identificados em trabalhos como os realizados por Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e um dos autores do estudo. Desse total, foram selecionados 212 genes envolvidos na entrada do novo coronavírus em células humanas, tráfego intracelular, atividade mitocondrial e processo de transcrição e pós-tradução, para criar uma assinatura fisiológica da Covid-19.
A partir de dados de bancos de sequenciamento de RNA foi possível quantificar os níveis de expressão dos 212 genes que compuseram a chamada “assinatura Covid-19” em 288 amostras de pulmão saudáveis.
Ao correlacionar a expressão desses genes com um índice chamado MEL-Index – que estima a capacidade do pulmão de sintetizar melatonina, baseado na análise do órgão de roedores saudáveis –, os pesquisadores constataram que quanto menor o índice, maior era a expressão de genes que codificam as proteínas de macrófagos residentes e de células epiteliais.
O MEL-Index também se correlacionou negativamente com os genes que modificam as proteínas do receptor celular CD147, que é uma porta de entrada em macrófagos e outras células do sistema imunológico, indicando que a produção normal de melatonina do pulmão pode ser relevante para lidar com a invasão do vírus.
Os resultados foram corroborados por um teste de correlação de Pearson – que mede o grau da correlação entre duas variáveis de escala métrica –, além de uma análise de enriquecimento de conjunto de redes e de uma ferramenta de rede que integra a conectividade entre os genes mais expressos, permitindo comparar um mesmo conjunto de gene em diferentes estados, desenvolvida pelo pesquisador Marcos Buckeridge, professor do IB-USP e um dos autores do estudo.
“Vimos que quando o MEL-Index era alto as portas de entrada do vírus no pulmão ficavam fechadas e, quando estavam baixo, essas portas ficavam abertas. Quando as portas estão fechadas, o vírus fica vagando um tempo pelo ar pulmonar e depois tenta escapar para encontrar outro hospedeiro”, afirma Markus.
Como a melatonina produzida pelo pulmão inibe a transcrição desses genes codificadores de proteínas dessas células que são portas para entrada do vírus, a aplicação de melatonina diretamente no pulmão, em gotas ou aerossol, permitiria bloqueá-lo. Mas isso ainda demandará uma série de estudos, ponderam os pesquisadores.
Outra ideia é utilizar o índice de melatonina pulmonar como um biomarcador de prognóstico para detectar portadores assintomáticos do Sars-CoV-2.
O artigo Melatonin-Index as a biomarker for predicting the distribution of presymptomatic and asymptomatic SARS-CoV-2 carriers (DOI: 10.32794/mr11250090), de Pedro A. Fernandes, Gabriela S. Kinker, Bruno V. Navarro, Vinicius C. Jardim, Edson D. Ribeiro-Paz, Marlina O. Córdoba-Moreno, Débora Santos-Silva, Sandra M. Muxel, Andre Fujita, Helder I. Nakaya, Marcos S. Buckeridge e Regina P. Markus, pode ser lido na revista Melatonin Research em https://www.melatonin-research.net/index.php/MR/article/view/109.
Anticorpos para Covid-19 são observados até 7 meses após infecção em estudo (Foto: University of Arizona Health Sciences, Kris Hanning)
Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, descobriram que os anticorpos contra o Sars-CoV-2 podem continuar presentes no sangue por, no mínimo, cinco a sete meses naqueles que tiveram Covid-19. O estudo, compartilhado no periódico Immunity na terça-feira (13), se baseou em dados de aproximadamente 6 mil pacientes que foram infectados pelo novo coronavírus.
“Vemos claramente anticorpos de alta qualidade ainda sendo produzidos cinco a sete meses após a infecção por Sars-CoV-2”, disse Deepta Bhattacharya, um dos estudiosos, em comunicado. “Muitas preocupações foram expressas sobre a imunidade contra a Covid-19 não durar. Usamos esse estudo para investigar essa questão e descobrimos que a imunidade é estável por pelo menos cinco meses.”
Quando um vírus infecta o corpo, o sistema imunológico implanta células plasmáticas de curta duração que produzem anticorpos para combater imediatamente o patógeno. Esses anticorpos aparecem no sangue em até 14 dias após a infecção.
O segundo estágio da resposta imune, por sua vez, é a criação de células plasmáticas de longa vida, que produzem anticorpos de alta qualidade que fornecem imunidade duradoura. Analisando o sangue de voluntários que testaram positivo para o novo coronavírus, os cientistas descobriram que os anticorpos contra o Sars-CoV-2 estavam presentes em níveis viáveis por pelo menos entre cinco e sete meses no sangue dessas pessoas.
“Se os anticorpos fornecem proteção duradoura contra Sars-CoV-2 tem sido uma das perguntas mais difíceis de responder”, observou Michael D. Dake, coautor do artigo. “Essa pesquisa não só nos deu a capacidade de testar com precisão os anticorpos contra a Covid-19, mas também nos deu o conhecimento de que a imunidade duradoura é uma realidade.”
Estudos anteriores hipotetizaram a produção de anticorpos a partir de infecções iniciais e sugeriram que os níveis dessas células cairiam rapidamente após a contaminação, fornecendo apenas imunidade de curto prazo. Os pesquisadores, entretanto, acreditam que essas conclusões se referem às células plasmáticas de vida curta e não levam em consideração as de vida longa e os anticorpos que produzem.
“Sabemos que as pessoas que foram infectadas com o primeiro coronavírus da Sars, que é o vírus mais semelhante ao Sars-CoV-2, ainda estão obtendo imunidade 17 anos após a infecção”, pontuou Bhattacharya. “Se o Sars-CoV-2 for parecido com o primeiro, esperamos que os anticorpos durem pelo menos dois anos, e seria improvável qualquer período muito mais curto [do que isso].”
O Brasil têm, de acordo com dados do Ministério da Saúde, quase 1 milhão de recuperados da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Para alguns, o fato de já ter tido a doença é motivo para relaxar e não seguir à risca as recomendações para evitar o contágio. Para outros, a rotina de cuidados não mudou e inclusive ficou maior.
Segundo especialistas, não há evidências científicas de que quem contraiu a covid-19 não vá se contaminar de novo. Além disso, por ser uma doença nova, os efeitos do vírus a médio e longo prazo não são totalmente conhecidos. Quem teve a infecção pode ainda apresentar eventuais complicações.
“Eu estou bem mais medroso, mais receoso. Se eu lavava minha mão antes, agora lavo duas vezes mais. Higienizo as coisas que trago da rua. O cuidado aumentou depois que passei pela doença e sei como é”, conta o farmacêutico Marcus Túlio Batista, 27 anos. Ele começou a sentir os sintomas no dia 14 de junho. Teve dor de garganta, perda de olfato e paladar, indisposição e dores no corpo.
“Quando você pega, vê que a doença vai além do físico. Eu acho que talvez o emocional seja até muito mais abalado”, diz e complementa: “Eu moro sozinho em Brasília. Minha família é de outro estado. Isso me causou bastante impacto porque além do isolamento, você tem medo de como vai evoluir, não sabe como o seu corpo vai lidar com isso. Eu fiquei bastante ansioso”, conta.
Na casa da artista plástica e produtora cultural Leticia Tandeta, 59 anos, no Rio de Janeiro, quase todos foram infectados em meados de maio. Ela, o marido, o filho e o irmão. “Ficamos praticamente todos doentes ao mesmo tempo. A sorte foi que todos tivemos sintomas brandos, ninguém teve falta de ar ou uma febre absurdamente alta”, diz. A única que não adoeceu foi a mãe de Leticia, que tem 93 anos. A família tomou o cuidado de isolá-la e de separar tudo que era usado por ela.
“Hoje é estranho porque não sabemos se estamos imunizados ou não”, diz Leticia. “Os médicos dizem que provavelmente temos algum tipo de imunização, talvez de um mês, dois meses, três”. Por causa das incertezas, ela diz que a família continua tomando cuidados como sair de casa o mínimo possível, apenas quando necessário, usando sempre máscara. Já ter contraído a doença, no entanto, traz um certo tipo de relaxamento: “Não é que a gente relaxe nos cuidados, mas há um certo relaxamento interno sim”.
De acordo com o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, mesmo quem já teve a doença deve continuar tomando cuidado. “Não temos certeza, por enquanto, de que quem teve covid-19 uma vez não terá novamente. É importante que quem já teve a doença continue se prevenindo. Continue com as medidas preventivas, usando máscaras, higienizando as mãos e evitando aglomeração”.
As pessoas que já foram infectadas, de acordo com Weissmann, assim como as demais, podem ajudar a propagar o vírus caso não tomem os devidos cuidados. “Mesmo a pessoa que não estiver infectada, se ela puser a mão em um lugar contaminado, ela pode carregar o vírus. Por isso é importante estar sempre higienizando as mãos, lavando com água e sabão ou com álcool 70%”, orienta.
Síndrome da Fadiga Crônica
Em março, a psicóloga Joanna Franco, 37 anos, teve dores no corpo, tosse seca, dor de cabeça, febre alta, dificuldade de respirar, perda de olfato e paladar, diarreia e vômito. Na época que recebeu o diagnóstico clínico de covid-19, o Brasil começava a adotar medidas de isolamento social. Morando sozinha em Niterói, ela cumpriu todas as regras de quarentena e de isolamento social. Os sintomas passaram. Para garantir que não transmitiria o vírus para ninguém, ela ainda permaneceu em isolamento por cerca de 40 dias. Foi então que percebeu que não estava totalmente recuperada, estava muito cansada. “Vinha um cansaço, parecendo que eu tinha subido ladeiras, uma sensação de que isso nunca ia acabar, que não ia sair de mim. Fiquei bem prostrada”.
Quase três meses depois, ela diz que se sente melhor, que está conseguindo retomar uma rotina de exercícios físicos, que antes eram impossíveis. Depois de passar pelo que passou, ela redobrou todos os cuidados que já vinha tendo. “Depois de ter passado, não quero vivenciar isso de novo e não quero que outras pessoas vivenciem”, diz.
O cansaço que Joanna sentiu após se recuperar da doença pode ter sido a chamada Síndrome da Fadiga Crônica, que tem sido relatada por pessoas que foram contaminadas pela covid-19, segundo o neurologista, pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gabriel de Freitas. O principal sintoma é o cansaço, mas pode haver alteração na pressão, na frequência cardíaca e insônia. “O que predomina é a fadiga, o cansaço. A pessoa não consegue trabalhar, não consegue voltar à atividade”, afirma.
A síndrome não é exclusiva do novo coronavírus, mas ocorre também por causa de outros vírus. Ela pode durar até cerca de um ano, é mais frequente em mulheres entre 40 e 50 anos e que tiveram covid-19 pelo menos de forma moderada. Mas, de acordo com Freitas, ainda há muitas dúvidas pelo fato de ser uma doença recente. Para o tratamento, geralmente é recomendada psicoterapia, atividades físicas, antivirais e antidepressivos.
“Essa síndrome traz uma angústia muito grande para as pessoas porque fadiga não é um sintoma mensurável. Não se consegue mensurar por exame. Muitas vezes é mal compreendido”.
Gabriel diz que a pandemia pode ser mais complexa do que se pensa e defende que todos os cuidados possíveis sejam adotados. “Parece que não é estar recuperado e ponto final. Talvez essas pessoas tenham mais sintomas. A Síndrome da Fadiga Crônica pode ser apenas um deles. Acho que a gente não tem essa informação. É possível que existam complicações a médio e a longo prazo. O que alguns autores colocam é que as medidas de isolamento social são importantes não só para evitar a morte. A gente tem que levar em consideração e colocar nessa equação as complicações a médio e longo prazos”.
Medo e ansiedade
Além de lidar com os sintomas da covid-19 e com as consequências da doença, muitas pessoas estão lidando com sintomas de ansiedade, de acordo com a psicóloga da equipe de coordenação de saúde do trabalhador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marta Montenegro. “A covid-19 é uma doença muito nova, recente, um vírus cujas informações foram se construindo nesse processo de pandemia. Os próprios profissionais de saúde estavam tentando entender as formas de cuidado e isso deixa as pessoas muito inseguras. O ser humano se sente mais seguro se tiver previsibilidade do que vai acontecer. Essa incerteza sobre formas de contaminação, se pode ou não se contaminar de novo, deixa as pessoas vulneráveis”, explica.
De acordo com a psicóloga, buscar informações confiáveis ajuda a lidar melhor com a pandemia. “Buscar informação válida, de fontes confiáveis. Isso alivia sintomas emocionais. Às vezes, as pessoas estão em casa recebendo informações que nem sempre são as melhores e acabam ficando muito confusas. Depois de três meses, acham que só estão protegidas dessa forma. Isso acaba gerando um medo de sair de casa. No outro extremo, há pessoas saindo como se não tivessem o vírus, em um processo de negação por dificuldade de lidar com a situação. São dois extremos. Existe o vírus. É necessário manter medidas de biossegurança, mas isso não pode paralisar as pessoas”, acrescenta.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e por pesquisadores da Inglaterra e da Itália apontou um possível novo mecanismo de ação do medicamento heparina, um anticoagulante, no tratamento do coronavírus (covid-19).
Além de inibir distúrbios de coagulação que podem afetar vasos do pulmão e prejudicar a oxigenação, o medicamento parece também ser capaz de dificultar a entrada do novo coronavírus nas células. Os pesquisadores realizaram testes de laboratório em linhagem celular proveniente do rim do macaco-verde africano (Cercopithecus aethiops) e a heparina reduziu em 70% a invasão das células pelo novo coronavírus.
Em entrevista à Agência Fapesp, Helena Bonciani Nader, professora da Unifesp e coordenadora do projeto entre os brasileiros, afirmou que existiam indícios de que a heparina também tinha capacidade de prevenir infecções virais, incluindo por coronavírus, mas as evidências não eram muito robustas. Entretanto, os pesquisadores conseguiram comprovar essa propriedade do medicamento em ensaios in vitro.
A pesquisadora estuda há mais de mais de 40 anos os glicosaminoglicanos – classe de carboidratos complexos à qual a heparina pertence – e desenvolveu as primeiras heparinas de baixo peso molecular, usadas clinicamente como agentes anticoagulantes e antitrombóticos, inclusive em pacientes com covid-19.
Uma das descobertas feitas ao longo deste período foi que a heparina é um medicamento multialvo, pois além do seu efeito na prevenção da coagulação do sangue pode se ligar a diversas proteínas. Entre elas, fatores de crescimento e citocinas que se ligam a receptores específicos na superfície de células-alvo.
Nos últimos anos, estudos feitos por outros grupos sugeriram que as proteínas de superfície de outros coronavírus até então relatados poderiam se ligar a um glicosaminoglicano das células de mamíferos, chamado heparam sulfato, para infectá-las.
Com o surgimento do novo coronavírus, os pesquisadores da Unifesp tiveram a ideia de avaliar se a proteína de superfície do novo coronavírus responsável pela infecção das células – chamada proteína spike – se liga à heparina, uma vez que a molécula do fármaco tem estrutura muito semelhante à do heparam sulfato.
Os experimentos confirmaram a hipótese. Por meio de técnicas de ressonância plasmônica de superfície e de espectroscopia de dicroísmo circular, observou-se que a heparina, ao se ligar às proteínas spike da covid-19, causa nessas moléculas uma alteração conformacional. Dessa forma, avaria a “fechadura” para entrada do vírus nas células.
Os pesquisadores também avaliaram quais formas estruturais da heparina apresentam melhor interação e são capazes de mudar a conformação das proteínas spike do novo coronavírus, com base em uma biblioteca de derivados e em diferentes fragmentos da molécula, definidos por tamanho.
Agora, os pesquisadores estão fazendo mudanças estruturais em heparinas para identificar uma molécula que apresente o mesmo efeito de ligação e mudança conformacional da proteína spike do novo coronavírus, mas que cause menos sangramento – um potencial efeito colateral do fármaco. Além disso, também estão testando outros compostos chamados de heparinas miméticas – que mimetizam a ação da heparina.
Cientistas encontram anticorpo que bloqueia infecção de Sars-CoV-2 nas células. Acima: os receptores do anticorpo estudado em culturas celulares de Sars-CoV, Sars-CoV-2 e Mers (Foto: Nature Communications)
Pesquisadores da Universidade de Utrecht, do Erasmus Medical Center e do Harbor BioMed identificaram um anticorpo totalmente humano que impede o novo coronavírus Sars-CoV-2 de infectar células em culturas cultivadas. A descoberta foi publicada na Nature Communications nesta segunda-feira (4) e pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos para a Covid-19.
Segundo os pesquisadores, o estudo focou em anticorpos conhecidos por combaterem o Sars-CoV, causador da Sars, que surgiu na China em 2002. Eles identificaram que um desses anticorpos também é capaz de neutralizar a infecção por Sars-CoV-2, causador da Covid-19, em culturas celulares.
“Esse anticorpo neutralizante tem potencial para alterar o curso da infecção no hospedeiro infectado, apoiar a eliminação do vírus ou proteger um indivíduo não infectado que é exposto ao vírus”, afirmou Berend-Jan Bosch, líder da pesquisa, em comunicado.
Bosch observou que o anticorpo se liga a uma propriedade existente tanto no Sars-CoV quanto no Sars-CoV-2, o que explica sua capacidade de neutralizar os dois microrganismos. “Esse recurso de neutralização cruzada do anticorpo é muito interessante e sugere que ele pode ter potencial na mitigação de doenças causadas por coronavírus — potencialmente emergentes no futuro”, disse Bosch.
A equipe ressalta que muito trabalho ainda é necessário para avaliar se esse anticorpo pode proteger ou reduzir a gravidade da Covid-19 em humanos. Ainda assim, os pesquisadores esperam desenvolver o anticorpo e, se possível, viabilizar um tratamento para a infecção causada pelo novo coronavírus. “Acreditamos que nossa tecnologia pode contribuir para atender a essa necessidade de saúde pública mais urgente e estamos buscando várias outras vias de pesquisa”, comentou Jingsong Wang, um dos especialistas.
A Comissão Nacional de Saúde da China informou que, nessa quinta-feira (12), somente oito novos casos de infecção por coronavírus foram registrados no país. Esta é a primeira vez que menos de 10 casos são registrados desde que a comissão começou a divulgar os números, no mês de janeiro.
Ela anunciou hoje que, com os novos casos, o total na China continental se eleva para 80.813.
Entre os oito casos, cinco foram confirmados na cidade de Wuhan, na província de Hubei, o epicentro do surto. As autoridades dizem que os outros três são pessoas que entraram na China procedentes de áreas afetadas.
O total de mortes em consequência da epidemia na China continental atingiu 3.176, com um aumento de sete em relação ao dia anterior. A maior parte delas ocorreu na província de Hubei.
A comissão declarou ontem que a epidemia ultrapassou o pico no país.
A China tem manifestado a intenção de fortalecer a cooperação com outros países para conter o vírus. A mídia chinesa disse que, na quinta-feira, o governo enviou uma equipe médica composta de nove especialistas e suprimentos para a Itália, que tem sido duramente atingida pela epidemia. Eles disseram que a Itália é o terceiro país, após o Irã e o Iraque, aos quais essas equipes têm sido enviadas.
Esse vírus que apareceu é muito estranho, a China comprou as fábricas que estavam em seu entorno, a Rússia comprou produtores de petróleo os dois países foram os únicos "beneficiados", o restante do mundo sofrendo com esse vírus.
A infecção provocada pelo novo coronavírus detectado na China passa a ter o nome oficial de Covid-19. A decisão foi anunciada na tarde desta terça-feira (11), em Genebra, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no início de um encontro de especialistas internacionais. O nome é um acrônimo do termo “doença por corona vírus” em inglês – CoronaVirus Deceased 2019.
Na abertura do encontro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, anunciou que dentro de um ano e meio poderá estar disponível uma vacina para tratar a doença.
Segundo ele, o novo vírus é “mais poderoso do que qualquer ataque terrorista” e defendeu a necessidade de utilizar “todas as armas disponíveis” para combatê-lo.
Francisco George, especialista em saúde pública e antigo diretor-geral de Saúde, disse que este é o tempo da Ciência e enfatizou a importância da troca de informação entre cientistas, investigadores e peritos em saúde pública.
Segundo um comunicado da OMS, os especialistas vão se basear na pesquisa dos tipos de coronavírus que provocaram a Síndrome Respiratória Aguda (Sars) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) para identificar lacunas e prioridades de investigação.
O objetivo é que haja coordenação na investigação para que se descubra a fonte exata do surto, que começou na cidade chinesa de Wuhan, bem como acelerar o desenvolvimento de uma vacina e de medicamentos específicos.
A OMS espera que deste fórum resulta uma agenda global de investigação sobre o novo coronavírus, com prioridades e projetos definidos.
Boletim atualizado do Ministério da Saúde informa que 11 pessoas ainda estão com suspeita de infecção por coronavírus no país. De acordo com Julia Croda, diretora do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, são duas pessoas a menos que o número divulgado ontem (4).
“Os números demonstram claramente que o foco da transmissão é local, e está bastante concentrado na China, na região de Hubei. 99% dos casos estão lá”, disse.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, confirmou que 21 casos em território brasileiro foram analisados e totalmente descartados.
Boletim
De acordo com o boletim, o Rio Grande do Sul lidera o número de casos investigados, com cinco pessoas em isolamento, e São Paulo em seguida com quatro suspeitas de infecção por coronavírus.
Números no mundo
Segundo os números do Centro Nacional de Saúde da China (NHC) e do Centro Nacional de Controle de Doenças da China (China CDC), mapeados pela universidade americana Johns Hopkins, o coronavírus já contaminou 24.631 pessoas até o momento, sendo que 494 casos resultaram em morte.
Hubei, considerado o ponto inicial da infecção, registra 16.678 casos.
Um especialista japonês afirmou que será difícil controlar infecções e prevenir a disseminação do novo coronavírus, ligado a um surto de pneumonia na China.
O professor Mitsuo Kaku da Universidade de Medicina e Farmácia de Tohoku, diz que infecções podem ocorrer mesmo quando as pessoas não apresentam sintomas. Ele alerta que o número de pacientes infectados também pode aumentar no Japão.
Kaku diz que o número de casos na China aumenta apesar das restrições de mobilidade em grande escala determinadas para a cidade de Wuhan, o epicentro do surto, e em outras localidades no país.
Afirmou também que autoridades chinesas parecem ter uma crescente noção de urgência em relação aos casos, pois pessoas infectadas com o vírus provavelmente continuam a disseminá-lo mesmo durante o período de incubação.
Kaku disse que a nova linhagem do vírus é diferente dos que causaram as epidemias de síndromes respiratórias agudas SARS e MERS. Acredita-se que, na ausência de sintomas como tosse e coriza, pacientes acometidos pela SARS ou MERS não teriam infectado outras pessoas.
O professor alerta que quem possui doenças crônicas pode ficar gravemente doente se for infectado pelo novo vírus. Ele insiste que as pessoas não encarem o vírus de forma branda, pois trata-se de uma nova linhagem que nunca antes havia infectado seres humanos.
Kaku diz que médicos especialistas têm dificuldade em diagnosticar pacientes que apresentam apenas sintomas leves. E pede que as pessoas evitem tocar o nariz, a boca e os olhos para minimizar o contágio.
Repatriação
Firmas japonesas estão se preparando para trazer de volta ao Japão seus funcionários e familiares lotados em Wuhan, a cidade chinesa no epicentro do surto de coronavírus.
A Organização de Comércio Exterior do Japão diz que cerca de 160 empresas do país operam na cidade e outras localidades nos arredores.
Metade das firmas são parte da indústria automotiva, incluindo a fabricante Honda. Executivos da empresa planejam repatriar funcionários e familiares, afirmando que vão trazer cerca de 30 pessoas de volta ao país.
A varejista Aeon também possui 12 funcionários japoneses em uma empresa do mesmo grupo, baseada em Wuhan. Foi comunicado que a firma deve trazer todos de volta, com exceção dos que ocupam cargos essenciais para a operação de cinco supermercados na cidade.
A fabricante de pneus Bridgestone também conta com dois funcionários japoneses na região chinesa afetada pelo surto. Foi informado que um deles já voltou para o Japão e o outro espera retornar em um voo fretado.
JOHANNESBURGO – O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, de 94 anos, foi internado em um hospital após a recorrência de uma infecção pulmonar, informou nesta quinta-feira um comunicado do gabinete do dirigente sul-africano, Jacob Zuma.
“Os médicos estão atendendo ele, garantindo o melhor tratamento especializado possível e conforto”, disse o comunicado.
“Pedimos ao povo da África do Sul e do mundo para rezar por nosso querido Mandiba e sua família, e para mantê-los em seus pensamentos. Temos plena confiança na equipe médica e sei que eles vão fazer todo o possível para garantir a recuperação”, acrescentou o comunicado.
No início do mês, o ícone anti-apartheid, foi novamente hospitalizado, mas autoridades disseram que se tratava apenas de um check-up de rotina.
No entanto, ele passou quase três semanas no hospital em dezembro com uma infecção pulmonar e depois foi submetido a uma cirurgia para remover cálculos biliares.
Foi sua permanência mais longa no hospital desde a sua libertação da prisão em 1990 depois de cumprir 27 anos por conspirar para derrubar o governo do apartheid de minoria branca.
Três anos depois de libertado, ele e o então presidente sul-africano FW de Klerk receberam o Prêmio Nobel da Paz.
A crença de que o número de infecções por aids aumenta no carnaval é mito – pelo menos em Niterói e em outros seis municípios da região metropolitana da capital fluminense. A constatação faz parte de uma pesquisa desenvolvida por médicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), lançada hoje (26), que analisou durante seis anos a distribuição temporal de demanda e positividade de testes sorológicos anti-HIV no Laboratório Central de Saúde Pública Miguelote Viana, de Niterói.
O laboratório faz cerca de 1.150 exames por mês e é referência no diagnóstico sorológico para todas as unidades de saúde da rede pública da cidade e dos municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Tanguá e Silva Jardim.
O estudo avaliou a sazonalidade existente entre o número de pedidos de exames e os resultados positivos encontrados em todos os meses do ano, de janeiro de 2005 a dezembro de 2010.
“O Ministério da Saúde tem basicamente duas campanhas anti-HIV, uma para o carnaval e outra para o fim de ano. E resolvemos investigar se esse comportamento nessas épocas festivas realmente era de risco aqui em Niterói”, contou o médico Christóvão Damião Júnior, autor da pesquisa de mestrado. “Verificamos que não há relação entre as épocas festivas nem com a demanda por testes nem com a positividade dos exames.”
O estudo também mostrou que, nos dois meses após o carnaval, a incidência de abortos era uma das mais baixas do município. O número de nascimentos, nove meses após esse período festivo, também era baixo. “As pessoas abortam mais no fim do ano e os nascimentos ocorrem mais em maio, ou seja, engravidando mais em agosto e setembro”, destacou.
Para o médico Mauro Romero, orientador da pesquisa, embora a análise não possa ser transposta para nível nacional, o estudo é um incentivo para que pesquisas similares e de maior abrangência sejam feitas. Com isso, será possível um retrato mais fiel da situação do HIV no país e, consequentemente, a adoção de políticas públicas mais eficazes. “Esse imaginário popular, e mesmo de alguns profissionais médicos, de que aumentam os casos de HIV no carnaval não é verdadeiro. O mundo não pode mais ficar no ‘achismo’. Não há números que suportem essa hipótese. Esse estudo deve ser ampliado para se criar uma estratégia de combate ainda mais eficiente”, defendeu Romero.
Dos 64,5 mil exames de aids registrados no período estudado, cerca de 10 mil a 11 mil por ano, foi constatada uma aleatoriedade no número de casos positivos e não uma taxa mais acentuada logo após o carnaval, em fevereiro. Nos seis anos estudados, a média mensal de testes HIV positivo em janeiro chegou a 39,3 casos; em fevereiro, 29,3; em março, 40,8; em abril, 31,8; em maio, 31,1; em junho, 34,6; em julho, 33,8; em agosto, 38,6; em setembro, 35; em outubro, 34,8; em novembro, 31,5 e em dezembro, 33,6 casos.
Romero, que há 30 anos estuda doenças sexualmente transmissíveis e aids, acredita que o Brasil não tem o hábito de fazer análises estatísticas de forma sistemática. “Não vou me assustar se na Bahia esse quadro for diferente, mas também não vou me assustar se for igual. Os laboratórios centrais precisam estudar os seus números para saber qual é a realidade.”
Um dado positivo, segundo ele, é o que mostra queda significativa tanto na demanda quanto na positividade de exames anti-HIV no decorrer dos anos estudados.
“O sistema de saúde está fazendo um bom trabalho, mas pode fazer ainda mais”, avaliou Romero. “O ideal é que se mantenham trabalhos educativos robustos e contínuos envolvendo escolas, mídia e toda a sociedade. Educação em saúde não pode ser uma vez por ano”, disse ele, defendendo que as campanhas de prevenção à aids sejam feitas não só no carnaval, mas durante todo o ano.
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