Política

As mágoas de Itamar

Josias de Souza:

Itamar Franco levou para o túmulo uma mágoa. Resumiu-a em diálogo com um amigo mineiro: “Quando eu morrer, talvez me façam justiça”.

Ex-auxiliar de Itamar na Presidência, o amigo tocara o telefone para o hospital, no início de junho, com o propósito de animá-lo.

Tirou-o do sério ao injetar na conversa uma menção às homenagens que o PSDB organizava para marcar os 80 anos de FHC, festejados em 18 de junho.

“Se não fosse por mim, o Fernando Henrique seria hoje um professor universitário”, reagiu Itamar. “Já fiz 80. Quem se lembrou?”

Itamar faz aniversário dez dias depois de FHC. Completou 81 anos em 28 de junho. Na véspera, fora transferido para a UTI do Hospital Albert Einstein.

Internara-se para tratar de uma leucemia. Em meio a sessões de quimioterapia, desenvolveu uma pneumonia grave.

Morreu sem curar os ciúmes que nutria pelo ministro da Fazenda que ajudou-o a transformar-se no improvável que deu certo.

Tão certo que desceu ao verbete da enciclopédia como primeiro presidente civil a eleger o sucessor desde Arthur Bernardes.

Itamar queixava-se de não ser reconhecido como alguém que fez o sucessor. Pior: era como se FHC tivesse feito o antecessor, salvando-o do desastre.

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Política

Itamar Franco e o Plano Real

O senador Itamar Franco, morto neste sábado, 2, entrou para a história do Brasil como o presidente do plano Real, que encerrou um período de quase uma década de inflação galopante e hiperinflação, e lançou as bases para todos os avanços econômicos do País até hoje. Mas, para quem assistiu o início do governo de Itamar, após sua posse em 29 de dezembro de 1992 (já tinha assumido interinamente em 2 de outubro), era muito difícil prever que o político mineiro seria capaz de um feito histórico de tamanha magnitude.

Com suas raízes no PTB e depois no MDB (nome original do PMDB) “autêntico”, Itamar não tinha nenhuma identificação com os economistas e tecnocratas de perfil mais ortodoxo (embora muitos também viessem da esquerda) que conceberam e executaram o plano Real.

Na verdade, no início do seu governo, com a inflação rodando a cerca de 1500% em termos anualizados, o presidente não dava sinais claros do que pretendia em termos de política econômica. Essa falta de rumo fica clara no fato de que quatro ministros da Fazenda se sucederam num período de menos de oito meses: Gustavo Krause, Paulo Haddad, Eliseu Resende e Fernando Henrique Cardoso.

Com esta última escolha, porém, Itamar deu a grande cartada da sua presidência. Fernando Henrique já era ministro das Relações Exteriores de Itamar, e foi transferido para a Fazenda. Com o grande prestígio de Fernando Henrique, e seu conhecido trânsito entre os economistas mais sofisticados do País, logo se criou a expectativa de que um novo plano para acabar com a hiperinflação seria tentado ainda no governo Itamar (cujo mandato terminava no final de 1994, isto é, quando terminaria o governo de Fernando Collor, caso não tivesse sofrido impeachment).

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Opinião dos leitores

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Política

Itamar e suas mulheres!!!

 

O universo feminino é um capítulo à parte na trajetória pública de Itamar Franco. Supostos namoros, romances e affairs do ex-presidente se tornaram parte do noticiário nacional, em alguns casos envoltos em aura de escândalo. As imagens de Itamar ao lado de Lilian Ramos, num camarote do carnaval do Rio em 1994, correram o mundo. A modelo, que havia desfilado com os seios à mostra, mandando beijinhos para o presidente, se postou ao lado do chefe da nação vestindo uma micro saia e sem calcinha. E foi fotografada assim.

Quando assumiu a Presidência, Itamar já era divorciado de Anna Elisa Surerus – moça elegante e rica da sociedade de Juiz de Fora -, com quem teve duas filhas, Giorgiana e Fabiana. Ao chegar ao Palácio do Planalto, Itamar mantinha um relacionamento discreto com Lisle Heusi de Lucena, filha do ex-senador Humberto Lucena.

Já no governo de Minas, surgiram rumores de um romance do ex-presidente com sua ajudante de ordem, a tenente da Polícia Militar, Kênia Prates, com quem o então governador chegou a ser fotografado de mãos dadas.

Kênia foi substituída pela capitã Doralice Lorentz Leal, que Itamar assumiu oficialmente como namorada. O romance do governador com a discreta e sisuda ajudante de ordem não chegou a incomodar a corporação, até que Doralice foi promovida ao posto de major, em 2001.

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Política

Itamar do Real, do Fusca e da Lilian se foi….

Estadão:

O ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS), de 81 anos, morreu na manhã deste sábado, 2. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 21 de maio para tratar de leucemia. Desde então, ele permanecia licenciado de suas atividades no Senado. Nos últimos dias, o ex-presidente apresentou um quadro de pneumonia grave e precisou ser transferido para a UTI do hospital.

Baiano no registro civil, Itamar se tornou um dos mais destacados e comentados políticos mineiros das últimas décadas. Para o País, surgiu na eleição presidencial de 1989, como candidato a vice de Fernando Collor de Mello. Terminou por assumir a Presidência da República após o impeachment do ex-governador alagoano, com quem vivia às turras.

Mesmo entre os mais críticos, Itamar costumava ser reconhecido pela retidão ética. Igual reconhecimento ele sempre cobrou em relação ao legado da estabilidade do País. Econômica, com o lançamento do Plano Real durante seu governo, e política, com a transição bem sucedida após o desastroso desfecho da gestão Collor.

Com seu indefectível topete, o ex-presidente também chamou muita atenção pelo estilo intempestivo, muitas vezes enigmático. Protagonizou situações embaraçosas e embates memoráveis. Se dizia nacionalista e abusava era das referências às “montanhas de Minas”.

Como político, o engenheiro Itamar gostava dos cálculos bem pessoais. Orgulhava-se de ter sido fundador do MDB, posterior PMDB, mas não fazia cerimônia: deixava o partido toda vez que seus interesses eram contrariados.

O ex-presidente também melindrava facilmente e não raro surpreendia aliados com rompantes de fúria. Atribui-se a Tancredo Neves a frase de que Itamar guardava o “ódio na geladeira”.

Trajetória. Itamar nasceu em 28 junho de 1930 a bordo de um navio de cabotagem, no mar entre o Rio de Janeiro e Salvador. A mãe, dona Itália Cautier, havia ficado viúva de Augusto César Stiebler Franco pouco antes do nascimento do filho e o registrou na capital baiana, onde morava um tio.

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Saúde

Estado de Saúde do ex-presidente Itamar Franco é grave

O senador Itamar Franco (PPS-MG) permanece internado nesta sexta-feira na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para tratar uma pneumonia.

Segundo boletim divulgado pelo hospital, o quadro de saúde do político ainda é grave. O boletim diz ainda que “o senador encontra-se sob ventilação mecânica com necessidade de baixo fluxo de oxigênio”.

Itamar está internado desde 21 de maio, quando um exame confirmou que o ex-presidente e senador sofre de leucemia. De acordo com o boletim, o exame de medula óssea utilizado para avaliação da resposta ao tratamento de leucemia mostrou “remissão completa”.

Itamar pediu afastamento temporário de suas atividades no Senado. Pelo regimento da Casa, o suplente de Itamar só assume a cadeira do senador se ele se afastar por um período superior a 120 dias.

Informações da Folha de São Paulo.

 

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