Conquista coloca Ygor mais próximo da vaga nas Olimpíadas de Tóquio. FOTO: Alexandre Loureiro/COB – 31.7.2019
A paciência para responder às jogadas do rival contrasta com o nervosismo da torcida na arquibancada. Ygor Coelho aprendeu a construir seu caminho sem se deixar abalar com os percalços em volta. Nesta sexta-feira, em Lima, o carioca beirou a perfeição e voltou a cravar seu nome na história do badminton. Ao dominar e vencer o canadense Brian Yang por 2 sets a 0, parciais 21/19 e 21/10, garantiu o primeiro ouro brasileiro no esporte em Jogos Pan-Americanos.
A história de Ygor Coelho remete às ruas da Comunidade da Chacrinha, no Rio de Janeiro. Pela influência do pai, Sebastião, criador do projeto social Miratus, o jovem descobriu o badminton em uma quadra improvisada nos fundos de uma piscina vazia. De lá, se transformou na maior promessa do esporte no país. Foi o primeiro brasileiro a disputar os Jogos Olímpicos, em 2016, no Rio, e a vencer o Pan-Americano da modalidade, em 2017 e 2018. Em Lima, se transformou no primeiro do país a chegar a uma final individual do esporte.
O ouro inédito de Ygor coroa a bela campanha do badminton brasileiro em Lima. A delegação do país conquistou ainda quatro bronzes: Fabrício e Francielton Farias, nas duplas masculinas; Fabiana Silva/Tamires Santos e Sâmia Lima/Jaqueline Lima, nas duplas femininas; e Jaqueline Lima e Fabrício Farias nas duplas mistas.
A melhor campanha do esporte até aqui havia sido no Pan de Toronto 2015. Hugo Arthuso e Daniel Paiola e as irmãs Lohaynny e Luana Vicente foram prata nas duplas. Lohaynny, ao lado de Alex Tjong, também foi bronze nas mistas.
Vitória no talento
Uma pancada no contrapé de Yang foi o cartão de visitas do brasileiro na final desta sexta-feira. Ygor abriu 2 a 0 com um jogo agressivo, mas a promessa de equilíbrio logo se confirmou. Depois de a peteca parar na rede em golpe do brasileiro, o canadense deixou tudo igual. Ygor se mostrava paciente. Trocava golpes sem se desesperar apesar da qualidade do rival. Yang fez 8/7, mas logo o brasileiro passou com 11/9. A vantagem subiu para 15/12 e, depois, em 18/15. Mesmo quando o canadense se aproximou novamente, empatando em 19/19, Ygor manteve seu jogo. No fim do primeiro set, vitória por 21/19.
Ygor manteve o mesmo ritmo na volta à quadra. Enquanto o canadense tentava forçar seu jogo, o brasileiro mantinha a calma para abrir vantagem. Com tranquilidade, abriu 11/5 e se aproximou do ouro. A partir daí, Ygor acelerou o ritmo para fazer história: 21/10. Em seguida, desabou em quadra com a emoção do título.
Pela primeira vez, a patinação artística feminina brasileira ganhou uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru.
A autora da façanha foi a patinadora Bruna Wurts, de 18 anos, que somou 103,17 pontos na apresentação de hoje (27), superando a argentina Giselle Soler, prata devido a uma queda durante a coreografia. O bronze ficou com a equatoriana Eduarda Fuentes.
Já o patinador Gustavo Casado não teve a mesma sorte mas, após ter os patins quebrados nas competições de ontem. No entanto, hoje, ao totalizar 128,09 pontos na Arena Poliesportiva de Videna, em Lima, Casado conquistou a medalha de bronze, ficando atrás do argentino Juan Sanches (152,63 pontos) e do norte-americano John Burchfield (133,17 pontos).
Rugby
Outra boa notícia para o Brasil ficou por conta das vitórias obtidas no rugby sevens masculino.
Os brasileiros venceram a Guiana por 59 a 0 e, depois, os Estados Unidos por 14 a 10. Com isso, o time brasileiro foi classificado para a semifinal contra adversário ainda a ser definido.
O rugby seven feminino começou o sábado com uma vitória sobre o México por 45 a 0. No retorno a campo, as brasileiras perderam para o Canadá: 26 a 0.
Duas medalhas de ouro e duas de prata para o Brasil
Até o momento, a delegação brasileira já conquistou duas medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Com isso, ocupa a terceira colocação no quadro geral, atrás dos Estados Unidos (3 ouros, 4 pratas e 1 bronze) e do México (3 ouros, 2 pratas e 6 bronzes)
A delegação brasileira no Pan-Americana é composta por 485 atletas, em 49 modalidades. São 249 homens e 236 mulheres.
No triatlo masculino, o brasileiro Manoel Messias ganhou a medalha de prata, ficando atrás do mexicano Crisanto Grasales, que conquistou o bicampeonato pan-americano na modalidade.
Com a dobradinha no lugar mais alto do pódio no triatlo feminino, o Brasil conquistou neste sábado (27) suas primeiras medalhas no Pan-Americano de Lima. O ouro ficou com Luisa Baptista e a prata com Vittória Lopes. A mexicana Cecilia Perez ficou com o bronze.
Quadragésima nona colocada no ranking mundial da categoria, Luisa Baptista ultrapassou a colega brasileira na linha de chegada. Ela completou a prova com o tempo de 2:00:55, seguida por Lopes, que fez 2:01:27.
A delegação brasileira no Pan-Americana é composta por 485 atletas, em 49 modalidades. São 249 homens e 236 mulheres.
Isaquias confirma favoritismo e vai à final
No primeiro dia de competições da canoagem de velocidade no Pan-Americano 2019, disputado em Lima, no Peru, os três brasileiros que foram à água passaram direto para a final. Primeiro a competir hoje, Vagner Souza passou para a final após ficar em terceiro na classificatória do K1 1000m.
Em seguida, foi a vez do medalhista olímpico Isaquias Queiroz se classificar ao vencer sua bateria, no C1 1000m. Ele fez o melhor tempo da classificatória, com oito segundos de vantagem sobre o segundo colocado.
A decisão será na segunda-feira (29). No início da tarde, Isaquias Queiroz tem outro compromisso, dessa vez, ao lado parceiro de pódio nas Olimpíadas do Rio, Erlon de Souza. Eles disputam a prova única e valendo medalha no C2 1.000m, às 15h10 (de Brasília).
Já Ana Paula Vergutz, no K1 500m, avançou à final após vencer sua bateria. Ela teve de brigar pela liderança no início da prova. Contudo, conseguiu abrir boa vantagem e venceu com dois barcos de vantagem.
Na disputa do K2 1000m. Vagner Souza e Edson Silva ficaram na quarta colocação e, ao lado dos Estados Unidos e do Equador, terão que voltar à raia para a disputa da semifinal, ainda hoje. As duplas do Canadá e do México, primeiro e segundo colocados, avançaram diretamente à final.
Provas
As provas de canoagem velocidade dos Jogos Pan-Americanos estão sendo realizadas na raia de Lima, que fica ao lado do Oceano Pacífico, na Lagoa Media Luna, na cidade de Huacho, a aproximadamente 160 quilômetros da capital peruana.
O Brasil compete com Isaquias Queiroz, Erlon Souza, Ana Paula Vergutz, Andrea de Oliveira, Angela Aparecida, Valdenice Nascimento, Edson Silva, Patrick Elieser, Pedro Henrique da Costa e Vagner Sousa.
Segundo a Secretaria Especial do Esporte, a canoagem de velocidade é uma das dez modalidades do Pan em que 100% dos atletas inscritos são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.
O investimento anual nesses atletas é de cerca de R$ 955.500,00. Sete dos dez estão na categoria pódio, a mais alta do programa, voltada para atletas entre os 20 melhores do ranking mundial.
Maratona feminina
Recordista de medalhas na história com maratona feminina dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil não conseguiu repetir os bons resultados e ficou fora do podium hoje (27), em Lima, no Peru.
Apesar de liderarem a prova até a metade da disputa, as brasileiras Valdilene Santos e Andreia Hessel não conseguiram manter o ritmo e terminaram na sexta e 12ª posições, respectivamente.
Correndo em casa, a peruana Gladys Tejeda conquistou a medalha de ouro e ainda bateu o recorde Pan-Americano. Em segundo lugar, ficou a americano Bethany Sachtleben, seguido por Angie Rocio Orjuela, que ficou com o bronze.
Das últimas quatro edições da maratona dos jogos Pan-Americanos, o Brasil havia vencido três. Em 2003, o título foi de Márcia Narloch, enquanto Adriana Silva foi campeã em 2015 e 2019. Tradicionalmente, a maratona fecha as competições dos jogos. Neste ano, contudo, a prova é a primeira a dar medalhas.
Os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 começam nesta sexta-feira (26), na 18ª edição do evento, idealizado em 1932 e realizado pela primeira vez em 1951, em Buenos Aires, na Argentina.
Desde então, vem crescendo. Se da primeira edição participaram 2.513 atletas de 21 países, agora, em Lima, entre os dias 26 de julho e 11 de agosto, 6.680 atletas disputarão a competição que reúne também 2.672 oficiais de 42 países .Cerimônia de abertura acontece oficialmente às 21h, horário de Brasília.
Para receber a competição, o governo peruano gastou 1,1 bilhão de dólares em obras de infraestrutura em Lima e 1,2 bilhão de dólares na construção da Vila dos Atletas e nas 19 instalações que vão receber as diferentes competições.
No total, serão 417 provas de 38 esportes. O mascote oficial Milco, uma estátua que homenageia as culturas de antigas civilizações, vai marcar presença na entrega de 965 medalhas de ouro, 965 de prata e 1.098 de bronze. Essas medalhas serão distribuídas pela Sociedade Nacional de Minério do Peru e têm 80 milímetros de diâmetro e pesam 300 gramas. Todas são feitas de cobre e as de ouro e prata serão banhadas.
História dos jogos
Os Jogos Centro-Americanos eram disputados nos anos 30 quando surgiu a ideia da realização de um evento esportivo reunindo todos os países do continente americano, incluindo os das Américas do Norte e do Sul.
O I Congresso Esportivo Pan-Americano aconteceu em 1940, prevendo a primeira edição dos Jogos Pan-Americanos para 1942, em Buenos Aires. Mas a exemplo das Copas do Mundo de 1942 e 1946, canceladas em razão da Segunda Guerra Mundial, o Pan também ficou para depois – o ataque a Pearl Harbor fez os Estados Unidos entrarem no conflito.
A primeira edição do Pan, então, aconteceu em 1951. E, desde lá, a competição ocorre a cada quatro anos, num rodízio entre os países das três regiões do continente. Desde 1955, a realização fica a cargo da Organização Desportiva Pan-America (ODEPA), sediada na Cidade do México. Ela reúne 42 países membros.
A exemplo dos Jogos Olímpicos, o Pan tem uma tocha e um mascote. Em 1951, a tocha saiu de Olímpia, na Grécia, e foi até Buenos Aires. Desde então, ela é acesa nas ruínas maias de Teotihuacán, no México. A única exceção aconteceu em 1963, quando os índios carajás a acenderam em Brasília e a levaram a São Paulo – o Brasil também recebeu o Pan de 2007, no Rio de Janeiro. O mascote entrou na história do Pan-Americano na edição de Porto Rico, em 1979.
Veja as edições do Pan e os mascotes:
I Jogos Pan-Americanos – 1951 – Buenos Aires (Argentina)
II Jogos Pan-Americanos – 1955 – Cidade do México (México)
III Jogos Pan-Americanos – 1959 – Chicago (EUA)
IV Jogos Pan-Americanos – 1963 – São Paulo (Brasil)
V Jogos Pan-Americanos – 1967 – Winnipeg (Canadá)
VI Jogos Pan-Americanos – 1971 – Cali (Colômbia)
VII Jogos Pan-Americanos – 1975 – Cidade do México (México)
VIII Jogos Pan-Americanos – 1979 – San Juan (Porto Rico) – Sapo Coqui
IX Jogos Pan-Americanos – 1983 – Caracas (Venezuela) – Leão Santiaguito
X Jogos Pan-Americanos – 1987 – Indianápolis (EUA) – Papagaio Amigo
XI Jogos Pan-Americanos – 1991 – Havana (Cuba) – Ave Tocopan
XII Jogos Pan-Americanos – 1995 – Mar del Plata (Argentina) – Leão-marinho Lobi
XIII Jogos Pan-Americanos – 1999 – Winnipeg (Canadá) – Papagaio Lorita e Pato Pan-Americano
XIV Jogos Pan-Americanos – 2003 – Santo Domingo (República Dominicana) – Peixe-boi Tito
XV Jogos Pan-Americanos – 2007 – Rio de Janeiro (Brasil) – Sol Cauê
XVI Jogos Pan-Americanos – 2011 – Guadalajara (México) – Planta agave-azul Gavo, Cervo Huichi e Leão Leo
XVII Jogos Pan-Americanos – 2015 – Toronto (Canadá) – Porco-espinho Pachi
XVIII Jogos Pan-Americanos 2019 – Lima (Peru) – Estátua Milco
Mudanças
A 18ª edição dos Jogos Pan-Americanos terá mudanças no programa esportivo, com relação aos Jogos de 2015. Entraram o surfe, a pelota basca, o fisiculturismo, o skate e a paleta frontón, um esporte peruano que se assemelha ao squash. Houve, também, modificações em vários esportes, com a inclusão de provas, que não integram o programa olímpico. Por outro lado, o beisebol feminino foi retirado. E, pela primeira vez, o nado sincronizado será chamado de natação artística.
Mas em maio, a ODEPA anunciou a exclusão do skate. As datas dos Jogos se chocam com a do World Skate America, previsto para Los Angeles, e como esse evento pontua para a classificação dos Jogos Olímpicos de Tóquio, houve o receio de um esvaziamento do Pan e a opção foi cancelar o esporte nos Jogos de Lima.
Esse será o Pan com o maior número da história de modalidades classificatórias para uma edição dos Jogos Olímpicos.
Serão 22, de forma direta (saltos ornamentais, natação artística, polo aquático, handebol, hipismo adestramento, hipismo saltos, hipismo CCE, hóquei sobre grama, tênis, tiro com arco, tiro esportivo, vela – laser e laser radial, pentatlo moderno e surfe), por pontuação em rankings (atletismo, badminton, basquete 3×3, caratê – kata e kumitê, levantamento de peso, taekwondo e tênis de mesa) e por obtenção de marca/índice (natação e atletismo).
No quadro geral de medalhas dos Jogos Pan-Americanos, desde 1951, os Estados Unidos lideram com 4.437 medalhas (1964 de ouro, 1460 de prata e 1013 de bronze); em seguida, vêm Cuba (2.029 medalhas), Canadá (1.913) e o Brasil, com 1.206, sendo 328 de ouro, 358 de prata e 520 de bronze.
A principal sede de disputas será a Vila Desportiva Nacional (Videna), que custou 201 milhões de dólares. Ela vai receber 12 esportes, incluindo a natação e o atletismo.
A Rede Record respondeu, em texto publicado em seu site oficial, a uma matéria publicada pela revista Veja este mês, na qual criticava a importância dos Jogos Pan-Americanos de Toronto.
O texto intitulado “Para que serve um Pan?” afirma que as competições são úteis “para pouca coisa”. Já o artigo da Record, escrito pelo jornalista Celso Fonseca, rebate a revista com a mesma pergunta, mas questiona a utilidade da publicação: “Para que serve a Veja?”.
A matéria destaca a história de atletas de origem pobre, como as irmãs Luana e Lohaynny Vicente, filhas de um traficante morto em confronto com a polícia no Rio de Janeiro, que superaram dificuldades e conquistaram uma medalha de prata na competição. Na revista, a Veja argumentou que os principais países, como Estados Unidos, Canadá e Brasil, não mandaram seus principais atletas aos Jogos Pan-Americanos de 2015, e, por isso, a competição não teria valor.
Também defende que grandes nomes do esporte, como o maior medalhista olímpico de todos os tempos, o nadador Michael Phelps, nunca disputaram o Pan em toda a sua carreira.
“Com a arrogância de quem se acha detentora de todas as verdades, Veja quer agora sepultar sonhos, desprezar as mais incríveis histórias de superação e esforços e atrapalhar quem persegue suados patrocínios e parcos incentivos governamentais”, destaca o jornalista da Record.
Depois de citar os atletas que conseguiram medalhas no evento, ele questiona mais uma vez revista: “Seria como se perguntar: Para que serve a luta de Isaquias, Marcel, Rafaela, Luana e Lohaynny? Não seria melhor perguntar, então: Para que serve a Veja?”.
O Pan-Americano de Toronto termina neste domingo (26).
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