O boxe não é o único esporte que vem sendo ameaçado pelo crescimento das Artes Marciais Mistas no mundo. A chamada “arte suave”, ou simplesmente jiu-jitsu, também tem sido ofuscada pela popularização do MMA. No Rio Grande do Norte, a situação não é diferente e tem sido agravada pela falta de incentivo para os atletas. Mesmo assim, a academia Kimura Nova União, uma das referências na arte marcial no Brasil, comemora um primeiro semestre de 2012 cheio de conquistas e títulos.
A Kimura Nova União foi a campeã por equipes do Estadual das duas federações potiguares, a FJJ/RN e a FJJE/RN. Além disso, conquistou o Norte-Nordeste na cidade de Crato, no Ceará. “Internacionalmente também estamos indo bem. Nos EUA, a equipe da Kimura, sobre o comando de Jean Kleber, venceu o Open Boston. Na Europa, quem está mandando bem a frente da nossa ‘firma’ são os professores Robson Dantas, o ‘Robinho’, Arlisson Mello ‘Kiki’ e Claud Jauge, que esse ano já conquistaram o Campeonato Suíço, além de outras competições de bom nível no Velho Continente”, comemora Jair Lourenço, líder da Kimura Nova União no Rio Grande do Norte.
Além das conquistas por equipe, Lourenço cita as revelações individuais do jiu-jitsu potiguar. “Posso citar alguns atletas que vem se destacando muito no cenário nacional e internacional. Denys Dinnis, por exemplo. Ele foi campeão em Abu Dhabi e, em seguida, venceu o Norte-Nordeste e o Estadual, os dois no peso e no Absoluto Faixa Azul”, conta o líder da Kimura.
Ainda na faixa azul, além de Denys Dinnis, se destaca Horlando Monteiro, que esse ano também conquistou títulos no Norte-Nordeste e no Estadual da modalidade. “A consagração para ele veio através do Mundial da Califórnia, onde Horlando conseguiu ser vice-campeão”, acrescenta Jair Lourenço. Na faixa marron, quem vem ganhando nome é Lucas Dantas, atual campeão brasileiro da modalidade. “Apesar de jovem, ele está levando tudo na faixa marron e tenho certeza que ele vai chegar forte quando estiver na faixa preta”, antecipa Lourenço.
Vale lembrar que não é de hoje que o Rio Grande do Norte tem se destacado no jiu-jitsu. Conforme o próprio Jair Lourenço lembra, o Estado teve o primeiro campeão brasileiro do esporte, na faixa preta adulto, pela Confederação Brasileira: Daniel Canjica, irmão de Jair, em 2001. “Muitos não sabem, mas sempre tivemos tradição na arte suave. Graças a Deus, neste ano não está sendo diferente e estamos conseguindo ser destaque também no jiu-jitsu”.
A expressão “também no jiu-jitsu”, por sinal, não é para menos. A Kimura Nova União, eleita pelo Prêmio Dez com a academia do ano, é onde os lutadores Renan Barão e Ronny Markes treinam quando estão em Natal. Barão, inclusive, vive a expectativa de ser o primeiro potiguar a lutar pelo cinturão de uma categoria do UFC, o maior evento de MMA do mundo. No dia 21 de julho, ele sobe ao octógono no Canadá para enfrentar o americano Urijah Faber. Quem ganhar, fica com o título interino da categoria até 61,8 quilos.
Barão e Markes são lutadores de MMA, mas que começaram a escalada para o sucesso no jiu-jitsu. O exemplo, por sinal, tem sido seguido por muitos outros potiguares e o motivo não é apenas a possibilidade de entrar no UFC, ou praticar a “moda” que virou o MMA, mas sim a falta de incentivo para seguir na “arte suave”. “Nosso grande problema com o jiu-jitsu é que nossos atletas não tem apoio e nem oportunidades aqui Estado. Por isso, infelizmente, a maioria dos nossos faixas pretas migraram para o MMA para se profissionalizar no esporte ou então, simplesmente, não se dedicam mais ao jiu-jitsu”, revela Jair Lourenço.
Enquanto o incentivo não chega, porém, a Kimura Nova União não fica parada. A própria academia realiza torneios internos como forma de manter o incentivo ao esporte e levar experiência de competição aos atletas. “Temos que fazer a nossa parte. O esporte precisa de incentivo e é um meio importante para a mudança de vida de muitos jovens”, afirma.
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