Mesmo após décadas de luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho, uma pesquisa feita pelo Instituto Sueco de Pesquisa Social (Sofi) da Universidade de Estocolmo mostrou que mulheres em cargos de supervisão são mais assediadas sexualmente do que outras funcionárias.
O estudo mostra que as supervisoras sofreram entre 30 e 100% mais assédio sexual do que outras funcionárias nos Estados Unidos, no Japão e na Suécia, três países com diferentes níveis de igualdade de gênero no mercado de trabalho que foram analisados pelo estudo.
Os pesquisadores usaram duas ferramentas de medição para realizar a análise. A primeira foi utilizada no Japão e nos EUA, baseada na pesquisa Sexual Experiences Questionnaire, um estudo desenvolvido pelo exército norte-americano que serve como instrumento para investigar o assédio sexual. As questões, que incluíram uma lista de comportamentos e perguntas subjetivas, foram respondidas ao longo de um ano.
A segunda ferramenta foram as cino edições do Swedish Work Environment Survey, um conjunto de dados nacionalmente representativo da Suécia, com um total de 23.994 mulheres entrevistadas.
Nos Estados Unidos e no Japão, a equipe de pesquisa coletou um novo material de pesquisa durante 2019. A amostra dos EUA incluiu 1.573 cidadãs empregadas, das quais 62% tinham cargos de supervisão, enquanto a amostra japonesa incluiu 1.573 mulheres, das quais 17% estavam em posições de supervisão. Além de perguntas sobre assédio sexual, as entrevistadas também foram questionadas sobre os autores, como eles reagiram ao assédio e quais foram as consequências sociais e profissionais para cada caso.
Comparando os níveis de liderança, a exposição ao assédio foi maior nos níveis mais baixos, mas permaneceu substancial e semelhante ao nível de assédio nas posições mais altas.
“Quando começamos a estudar o assédio sexual, esperávamos uma maior exposição para mulheres com menos poder no local de trabalho. Em vez disso, descobrimos o contrário. Quando você pensa sobre isso, há explicações lógicas: um supervisor é exposto a novos grupos de potenciais ‘predadores'”, diz Johanna Rickne, professora de economia da Sofi. “Ela pode ser assediada tanto por seus subordinados quanto pela gerência de nível superior da empresa. Mais assédio por parte desses dois grupos também é o que vimos quando perguntamos às mulheres quem as haviam assediado.”
Nos três países analisados, mulheres em cargo de supervisão estavam mais passíveis a sofrerem assédio quando seus subordinados eram, em sua maioria, homens.
Segundo Olle Folke, pesquisadora afiliada da Sofi e professora associada da Universidade de Uppsala, o assédio sexual significa que o avanço na carreira das mulheres tem um custo muito mais alto que o dos homens, especialmente em empresas ou industrias dominadas por cargos masculinos.
Galileu
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