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Mandar nude é exercício de sexualidade como qualquer outro, diz antropóloga

Foto: Getty Images/iStockphoto

Cada vez que uma nude de uma famosa vaza, um novo alvoroço toma conta da internet. Foi assim com Carolina Dieckmann, Luisa Sonza, Scarlett Johansson, Demi Lovato, Vanessa Hudgens. Em menor escala, vazamentos também causam um auê na vida de desconhecidas que têm suas fotos íntimas vazadas e são alvos de ataques em seus grupos sociais — na escola, na família, no trabalho.

Antropóloga especialista em violência contra a mulher, Beatriz Accioly Lins afirma que toda essa comoção em torno do compartilhamento de nudes só existe por uma questão de gênero: as “polêmicas” que envolvem as fotos atacam, em sua maioria, as mulheres, e demonstram que ainda não é permitido a elas que exerçam livremente sua sexualidade. “A nudez feminina faz parte de uma intimidade que tem que ser guardada. Se não seguir isso, é moralmente condenada”, diz.

O tema é a base de sua tese de doutorado pela USP (Universidade de São Paulo), “Caiu na Rede: Mulheres, Tecnologias e Direitos Entre Nudes e (Possíveis) Vazamentos”. No trabalho, que levou quatro anos de pesquisa, ela discute a relação das fotos íntimas com a liberdade sexual feminina, a moralidade e a violência digital, além da evolução da legislação envolvendo o crime de vazamento de imagens. Também mostra histórias de mulheres que foram duramente condenadas por familiares por enviarem imagens eróticas: mães cujos filhos se afastaram após verem suas nudes e uma mulher que viu seu companheiro pedir a separação depois de receber fotos vazadas dela.

O que popularmente chamamos de vazamento de nudes é considerado crime, com pena de um a cinco anos de prisão. A Lei 13.718, de setembro de 2018, prevê como prática criminosa “dispoinibilizar, transmitir […], distribuir, publicar ou divulgar fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha […], sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia”.

Leia trechos da entrevista de Beatriz a Universa:

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