Cultura

Marta Suplicy pede demissão do Ministério da Cultura

B2KfIUqCIAAm8CSA ministra Marta Suplicy (Cultura) enviou, na manhã desta terça-feira, sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff, que está em viagem ao exterior. No documento, entregue na Casa Civil, a petista deseja que a presidente “seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo”.

“Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera”, diz a ministra em sua carta.

Desgastada com a presidente depois de apoiar o movimento “volta, Lula”, no início do ano, Marta reassumirá seu mandato no Senado. Para assumir o ministério, um dos mais cotados é Juca Ferreira, que exerceu a função no governo Lula. Na bolsa de apostas também estão o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo; e o assessor especial da presidência Marco Aurélio Garcia, que foi secretário de Cultura de Marta na prefeitura de São Paulo.

O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) está sugerindo a colegas da Esplanada dos Ministérios que apresentem uma carta de demissão a partir do dia 18, quando a presidente volta do encontro do G20, na Austrália. Mercadante tem argumentado que a entrega da carta seria um gesto de cortesia com Dilma, deixando-a mais à vontade para promover as mudanças em sua equipe para o segundo mandato.

Confira a íntegra da carta:

“Agradeço a honra a mim concedida com o convite para ser Ministra de Estado da Cultura do Brasil nos últimos dois anos de seu governo. Encerro hoje a presente etapa com minha missão cumprida, razão pela qual apresento meu pedido de demissão.

Ao lado de minha valorosa equipe, à qual sou muito grata, tivemos a possibilidade de construir caminhos e encaminhar soluções para nossas sete importantes instituições e fundações coligadas, assim como também pudemos apresentar um país diferente no exterior.

Em meio a inúmeras demandas e carências orçamentárias do Ministério da Cultura, focamos nosso trabalho em valores que nos são preciosos: inclusão da população na produção de cultura e ampliação do acesso aos bens culturais.

Para que o legado de Vossa Excelência viesse a ser sólido, nos dedicamos a viabilizar a aprovação, com êxito, de um conjunto de leis por anos pendentes no Congresso, que possibilitaram criar a coluna vertebral de políticas de Estado da Cultura.

Em dois anos aprovamos o Sistema Nacional de Cultura, o Vale-Cultura, a Lei da Cultura Viva, o Marco Civil da Internet, a Lei de fiscalização do Ecad, a PEC da Música, além de ter enviado à Casa Civil, onde aguardam encaminhamento, o Direito Autoral e a Lei da Meia Entrada.

Por esta oportunidade de servir nosso país nesta função tão especial, de conhecer melhor e conviver com o povo da cultura, estar mais próxima de nossos artistas e raízes profundas, lhe sou grata.

Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.

Volto para o Senado Federal para representar o Estado de São Paulo, por mais quatro anos, com muito vigor, energia e com o firme propósito de fazê-lo com amplitude, seriedade e grandeza. Na condução do Ministério da Cultura, e como Senadora licenciada pelo PT, não me apequenei, o fiz com coragem e determinação. Não fugi à responsabilidade de meu compromisso público ao me posicionar e ter feito o que acreditava ser o melhor para o Brasil e para o povo brasileiro.”

O Globo

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