Finanças

Evergrande: como uma incorporadora chinesa em crise gerou pânico nos mercados

Foto: South China Morning Post via Get

Em determinados momentos, o mercado financeiro se assemelha a uma pilha de latinhas. Dependendo de onde você tira uma latinha, a torre se desequilibra e pode até desabar. Essa analogia foi usada pelo economista Miguel Daoud, em entrevista à CNN, para explicar o cenário que envolve a gigante imobiliária chinesa Evergrande, e que vem refletindo nas principais bolsas de valores nos últimos dias.

O conglomerado tenta lidar com um passivo que passa dos US$ 300 bilhões (equivalente à toda reserva em moeda estrangeira detida pelo Brasil), e sem caixa suficiente para pagar os credores. O temor do mercado é que a companhia anuncie um calote, e que isso provoque um efeito cascata dentro da segunda maior economia do mundo, o que poderia respingar no resto do mundo.

“A China é a segunda maior economia do mundo, e o mercado financeiro é todo interligado. Há investidores e grandes fundos que detém parte dessas dívidas”, explica Daoud.

As ações da chinesa Evergrande caíram nesta segunda-feira (20) para mínimas de 11 anos, registrando perda de 10,2%. Enquanto isso, as bolsas de Nova York despencavam com medo de contágio de um potencial colapso da companhia. No Brasil, o Ibovespa refletiu o mau humor externo o dia todo, fechando na mínima em 10 meses.

Entre as baixas do principal índice da bolsa paulista, figuravam a mineradora Vale e as siderúrgicas Usiminas, Gerdau e CSN, impactadas pela expectativa de queda no preço do minério de ferro, usado na fabricação do aço. O minério já acumula queda superior a 40% neste ano, sobretudo, por conta da menor demanda chinesa.

Esse movimento está diretamente ligado à desaceleração dos negócios da Evergrande, responsável por grande parte da entrega de imóveis populares a chineses. Atualmente, há cerca de 1,6 milhão de imóveis sendo construídos pela chinesa, que é a maior incorporadora privada do país.

Estimando o avanço no excedente de minério de ferro para o próximo ano, o UBS chegou a cortar na sexta-feira sua recomendação para a ação da Vale de ‘compra’ para ‘venda’.

Novo “efeito Lehman”?

Nesse cenário de aversão ao risco, não falta quem estabeleça paralelos com a crise financeira de 2008, que, a partir da falência do banco Leman Brothers, infectou as principais economias do mundo, culminando em um dos piores cenários desde a chamada Grande Depressão, em 1929.

Ninguém quer viver isso de novo, o que faz com que o efeito manada acabe dando o tom por ora.

“Muitas pessoas estão vendendo ações sem saber ao certo o motivo da venda. Mas como estão todos vendendo, também querem vender. Esse ‘efeito manada’ faz com que a profecia se realize”, diz Daoud.

Apesar dos temores generalizados, porém, o evento de agora é muito diferente do vivido há 13 anos, segundo o estrategista-chefe da Inversa, Rodrigo Natali, para quem não deve haver um contágio mais grave nos principais mercados.

“Primeiro porque quando o Lehman fechou em Londres, onde a regra obrigava bancos em falência a encerrarem as operações imediatamente e por onde passava grande parte das liquidações internacionais, o sistema financeiro travou. Foi um problema muito mais de liquidez do que de prejuízo. O grande problema não foi que as ações caíram tanto que deu prejuízo nos acionistas. Foi que travou de uma hora para outra. E isso não está acontecendo agora”, diz.

Em outras palavras, a Evergrande não está no meio de todo o sistema de liquidação financeira, como estava o Lehman Brothers. E grande parte da exposição aos seus ativos se concentram em terras chinesas.

Crise esperada

O segundo motivo pelo qual não cabe a comparação é que a imobiliária chinesa está morrendo aos poucos já há algum tempo, diz Natali.

“De 2017 até o começo de 2021, a ação já havia caído 50% da máxima. Agora, está em 85% da máxima. A dívida já está com um desconto gigante, precificando essa restruturação [chamada de calote] há um tempo”, diz.

O temor dos investidores ficou maior agora, segundo ele, pois a empresa se aproxima do vencimento de importantes obrigações com investidores. Em 23 de setembro, tem que pagar US$ 83,5 milhões em juros e, em 29 de setembro, US$ 47,5 milhões.

Além disso, Natali destaca que, no limite, o governo chinês deve intervir para aliviar o cenário. “Os bancos chineses são unidos umbilicalmente com o governo chinês. Se ele quiser ajudar, compra a dívida, inclusive consegue terminar as obras das casas, o que é o grande problema local”, diz.

Vale lembrar também que 2022 é um ano importante para o calendário político local, ressalta Paolo di Sora, sócio-fundador e estrategista-chefe da RPS Capital, já que o atual presidente da China, Xi Jinping vai tentar o terceiro mandato.

“É a primeira vez que um líder chinês tenta um terceiro mandato, portanto, ele vai querer uma economia pujante, forte num ano importante para o partido comunista”, diz.

“Portanto, não achamos que o PIB chinês vai entrar em colapso ou que veremos uma crise sistêmica no mercado chines ou no global”.

E o Brasil com isso?

Isso não significa, no entanto, que todos sairão ilesos. Além dos investidores que podem amargar prejuízos, devem sentir mais forte o baque países mais expostos ao ritmo da economia chinesa, como é o caso do Brasil, um dos seus mais importantes parceiros comerciais.

“Um cenário mais desafiador para a China significa um cenário mais desafiador para o mercado de emergentes e, consequentemente, para o Brasil”, diz Paolo di Sora.

“Junto a isso, no Brasil, se adiciona a crise econômica local, a crise politica, inflação, juros, PIB, cena fiscal, o que não ajuda o país”, diz.

CNN Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. Junte ao Brasil também a GRANDE MÍDIA, não ajuda em nada ao Brasil.
    É uma vergonha!
    O bom disso é que já estão ladeira abaixo.
    Pesquisas e notícias sem credibilidade.
    A essas alturas, muita gente com o pé atrás, coisa que no passado, não era assim.

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Diversos

Lojas e mercados da Ceasa-RN não abrirão na sexta-feira da Paixão, feriado nacional da Paixão de Cristo

FOTO: ASSECOM/CEASA

As lojas e mercados das Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Norte (Ceasa-RN) não abrirão na sexta-feira (02), feriado nacional da Paixão de Cristo. As atividades comerciais retornarão no sábado (03), a partir das 3h.

A sede administrativa da Ceasa-RN também estará fechada, retomando suas atividades na segunda-feira (05), das 7h às 13h, apenas para expediente interno e atendimentos por meios eletrônicos.

“Pedimos que nossos clientes antecipem suas compras no decorrer da semana para evitar aglomerações na véspera do feriado. É importante frisar que estamos funcionando em horário normal, das 3h às 13h, seguindo todas as medidas sanitárias de prevenção e combate à Covid-19”, ressalta o diretor-presidente, Flávio Morais.

A Ceasa-RN é o principal polo de comercialização de hortifrutigranjeiros do Estado. São mais de 300 lojas que comercializam frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, derivados do leite, grãos, entre outros gêneros alimentícios. A Central funciona de segunda a sábado, na Av. Capitão-Mor Gouveia, 3005, Lagoa Nova, Natal, nos seguintes horários: 00h às 03h para acesso de caminhões e carretas para carga e descarga; 03h às 13h: entrada do público externo; 18h: fechamento total.

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Economia

Mercados da Ceasa-RN funcionarão em horário normal no feriado nesta segunda

A Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte (Ceasa-RN) informa que os seus mercados e lojas irão funcionar em horário normal, das 03 às 13h, nesta segunda-feira (12), feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida — Padroeira do Brasil. Apenas a sede da Administração estará fechada, voltando a funcionar na terça-feira (13), a partir das 7h.

A Ceasa-RN é o principal polo de comercialização de hortifrutigranjeiros do Estado. São mais de 300 lojas que comercializam frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, derivados do leite, grãos, entre outros gêneros alimentícios. A Central funciona de segunda a sábado, na Av. Capitão-Mor Gouveia, 3005, Lagoa Nova, Natal, nos seguintes horários: 00h às 03h para acesso de caminhões e carretas para carga e descarga; 03h às 13h: entrada do público externo; 18h: fechamento total.

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Saúde

Ceasa-RN intensifica desinfecção das áreas externas de lojas e mercados

FOTO: ASSECOM/CEASA-RN

Buscando garantir a segurança sanitária de permissionários, colaboradores e clientes, a Administração da Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte (Ceasa-RN) intensificou a desinfecção das áreas externas das lojas, das vias e dos mercados. A ação faz parte das diversas medidas sanitárias que estão sendo tomadas para prevenção e combate ao novo coronavírus.

A ação de desinfecção está sendo realizada de segunda a sábado, das 00h às 6h. Nas terças, quintas e sábado o serviço também é executado no período da tarde, das 14h às 18h. Segundo o diretor técnico, Manoel Batista, o principal objetivo é reduzir a contaminação pelo vírus e seguir as recomendações sanitárias dos órgãos fiscalizadores.

“A Ceasa possui mais de 300 lojas e uma grande circulação de pessoas de vários municípios. Precisamos garantir que os ambientes estejam desinfetados. Todas as lojas estão seguindo as recomendações sanitárias e essa medida é mais um complemento para evitar a propagação do vírus e seguir as recomendações sanitárias de prevenção”, explica Manoel Batista.

O controle sanitário na Ceasa-RN é executado, diariamente, iniciando-se pelo uso obrigatório de máscara de proteção em todos os ambientes externos e interno e pela desinfecção dos caminhões e carretas na portaria e segue com outras medidas como a higienização das mãos com álcool 70% de todos que entram no órgão, fechamento de bares, lanchonetes e restaurantes, instalação de pias nos mercados e intensificação da limpeza dos banheiros.

O diretor-presidente da Ceasa-RN, Flávio Morais, reforça que as medidas visam prevenir a disseminação do coronavírus e garantir um ambiente seguro para todos que utilizam a Ceasa. “A administração não está medindo esforços no combate ao coronavírus e estamos cumprindo todas as medidas sanitárias estabelecidas pelos decretos estaduais e municipais. Nosso compromisso é manter o funcionamento da Ceasa-RN e garantir o abastecimento de hortifrutigranjeiros para todo o Estado.”, ressalta.

A Ceasa-RN é o principal polo de comercialização de hortifrutigranjeiros do Estado. São mais de 300 lojas que comercializam frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, derivados do leite, entre outros. A Ceasa-RN funciona de segunda a sábado, na Av Capitão-Mor Gouveia, 3005, Lagoa Nova, Natal, nos seguintes horários: Acesso de caminhões e carretas para carga e descarga: 00h às 03h; Entrada do público externo: das 03h às 13h; Fechamento total: às 20h.

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Finanças

Criptomoedas: entenda o que são e como elas têm mudado o mundo e ainda devem revolucionar a economia e os mercados

Até o século VII antes de Cristo, não havia dinheiro e a sociedade vivia a base de trocas. Foi aí que surgiu, por exemplo, a palavra salário: um pagamento feito com sal. De lá para cá, entretanto, as moedas evoluíram. Há algumas décadas, elas passaram a ser usadas em formato de plástico, após a criação e a popularização de cartões de crédito e débito.

Com o avanço da tecnologia, a ideia de armazenar dinheiro em formato virtual ganhou consistência. Diferentes soluções foram desenvolvidas, até que se chegou às criptomoedas — moedas digitais que não são reguladas por nenhuma entidade (bancos ou governos).

Isso significa que quem as usa pode fazer transações com total liberdade e privacidade: ou seja, sem a intervenção de mecanismos reguladores, já não há cédulas e as transações são feitas sem intermediários. O que garante o sigilo é a criptografia. Aliás, é daí que vem o nome desse dinheiro digital.

A valorização das criptomoedas começou em 2013. Isso porque as poupanças dos contribuintes da República do Chipre foram confiscadas e os bancos locais caíram em descrédito. Com isso, a população passou a buscar alternativas e chegou às moedas digitais.

O sucesso veio, justamente, porque elas não são controladas por bancos ou governos — o que as livra do risco de serem confiscadas. Por outro lado, suas oscilações constantes fizeram muitos a encararem como uma bolha.

Isso durou até 2016, quando a crise institucional e econômica global fez as atenções se voltarem novamente para elas. Desde então, sua valorização tem sido constante. Em 2016, uma bitcoin, por exemplo, valia US$ 443,57 e, em 2017, seu preço chegou a US$ 17.549,67.

O que é, de fato, uma criptomoeda?

De forma simples, as criptomoedas são dinheiro virtual — ou seja, códigos extremamente protegidos que podem ser convertidos em valores reais e usados em pagamentos. Em relação ao dinheiro físico, como o real ou o dólar, três características as diferenciam: a descentralização (já que independem de regulação), o anonimato e o custo zero da transação.

A primeira tentativa de criptomoeda chamava-se “b-money”. Criada pelo engenheiro de software Wei Dai, já tinha, entre suas características, a descentralização e o anonimato. Ela nunca foi amplamente utilizada, mas inspirou o surgimento do “bitgold”.

Ele também não teve muito sucesso, mas levou ao desenvolvimento da bitcoin. E foi aí que entrou em cena a tecnologia blockchain. Ela é o elemento central do processo: uma comunidade de usuários espalhados pelo mundo registra as transações. Assim, o banco de dados pode ser verificado pública e rapidamente, e a ação de hackers é dificultada.

Assim como o dinheiro físico, que tem número de série, marca d’água e outros itens de certificação, as criptomoedas usam criptografia para se manterem seguras. Em outras palavras, cada criptomoeda é única e tem seu próprio número de identificação. Por isso, somente quem tem essa informação consegue transferi-la.

Transações com criptomoedas garantem privacidade ao usuário, pois, em geral, não requerem informações pessoais. Há que argumente, entretanto, que, por essa característica, seu uso facilita atividades ilegais, como tráfico de drogas e armas.

Outro diferencial importante das criptomoedas é o custo zero de transação. Como não há interferência de órgãos reguladores, não há adição de taxas — diferentemente do que ocorre com o dinheiro convencional, que está vinculado a encargos definidos pelas instituições que o controlam.

Isso faz das moedas digitais uma ótima alternativa para transações internacionais, que normalmente são acrescidas de tarifas altas. Além disso, como elas não são reguladas, suas oscilações de preço são influenciadas apenas pela economia que as envolve. A visão dos desenvolvedores das criptomoedas é anarcocapitalista: ou seja, a economia é suficiente para organizar a sociedade.

O fato de não haver controle institucional sobre elas fez muitos as verem como um investimento arriscado. No início, eram tidas como investimento pouco atraente, mas sua alta eficiência fez que elas se destacassem em pouco tempo: a preservação dos dados e os registros criptografados fez até os bancos de interessarem por elas.

Como elas funcionam?

Tanto a cotação quanto a compra e a venda de moedas digitais acontecem anonimamente pela internet. Isso porque, como são digitais, elas são guardadas de forma diferente do dinheiro comum.

Para começar, elas são protegidas por uma chave de criptografia privada — o código necessário para efetuar as transações. Então, essas moedas são armazenadas em uma carteira virtual e administradas a partir de um computador pessoal ou de um dispositivo móvel.

Em outras palavras, não é possível ir ao banco e fazer uma retirada de criptomoedas. Todos os trâmites são totalmente digitais. E é a blockchain que garante sua segurança. De tão confiáveis, as criptomoedas passaram a chamar a atenção de grandes empresas, bancos e governos.

(mais…)

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Segurança

Mercados de Petrópolis e do Peixe ganham circuito interno de TV

Como parte do planejamento de revitalização dos mercados públicos de Natal, a Prefeitura Municipal de Natal, por intermédio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) , realiza a instalação de circuito fechado de TV e monitoramento nos mercados de Petrópolis e do Peixe. Ao todo, foram instaladas 18 câmeras de segurança, sendo nove em cada um.

De acordo com o secretário da Semsur, Raniere Barbosa, “casos de vandalismo e de depredação do patrimônio público acontecem com frequência e isso afeta o fluxo de clientes por provocar medo”, esclareceu.

O secretário afirmou ainda que a medida atende a uma demanda dos permissionários em relação à segurança, e a ideia é estender o serviço para outros mercados da cidade. “Na medida em que revitalizarmos os mercados, faremos a instalação do circuito interno de TV nos demais equipamentos públicos, pois assim poderemos inibir as ações de malfeitores”, assegurou.

As imagens captadas pelo circuito interno serão, em breve, interligadas ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) e ficarão à disposição da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal.

Outra novidade é que, no Mercado de Petrópolis, a Semsur instalará uma rede wi-fi para possibilitar aos permissionários a comercialização dos produtos com o uso de cartão de crédito e também oferecer mais um serviço para os frequentadores.

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