A equipe de Fiscalização do Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, representado pelas fiscais ambientais, Lissandra Cavalcante e Maria Silveira Câmara, realizou vistoria na última segunda-feira (10), na Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, localizada na cidade de Itajá. O órgão ambiental estadual atendeu a solicitação da Prefeitura do município para investigar a morte de vários peixes no maior reservatório hídrico do Estado.
Na ocasião, a equipe foi recepcionada pela secretária Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente, Umbelina Lopes. A secretária também solicitou apoio do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS/Assú, representado pelo engenheiro Rafael Mendonça de Souza.
O engenheiro do DNOCS informou que enviará uma amostra para Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN, para analisar a água. A medida visa esclarecer o que pode ter provocado a mortandade dos peixes. Após a avaliação da CAERN, o Idema fará uma análise ambiental do incidente.
Na manhã desta quarta-feira (22) mais peixes foram encontrados mortos às margens da Lagoa que deu origem ao município de Lagoa Nova. No início de fevereiro, em um desastre ambiental sem precedentes, milhares de peixes morreram. O acontecimento mobilizou imediatamente a Secretaria Estadual de Saúde, o Idema e até uma comissão de políticos liderada pelo senador Paulo Davim (PV) visitou o local.
Passados três meses, a única intervenção feita foi uma análise da água, prometida à época pelo secretário José Luiz Neto que serviria para investigar as causas da mortandade dos peixes e tomar as devidas providências.
Estudantes do curso técnico em Alimentos do IFRN de Currais Novos coletaram amostras da água e levaram ao Instituto para análise. O resultado e o parecer técnico sobre a situação da Lagoa foram entregues no dia 26 de abril à vice prefeita Vitória Mendes e ao secretário José Luiz Neto. Entretanto, os laudos não foram apresentados publicamente.
Tentamos entrar em contado com o secretário, mas não obtivemos nenhuma resposta. O Lagoa iNova teve acesso ao resultado, mas a prefeitura não divulgou o parecer técnico que explica os níveis de poluição encontrados.
Dessa vez, a mortandade foi em escala menor, mas antes, toneladas de peixes mortos apodreceram às margens da Lagoa. O cenário catastrófico impressionou pelas proporções e foi destaque nos principais veículos de comunicação do estado, com repercussão até na mídia nacional. Com o passar do tempo, o caso caiu no esquecimento e nenhuma providência efetiva foi tomada até hoje.
De acordo com os técnicos que visitaram a Lagoa, a Caern seria notificada e multada pelo desastre ambiental já que se atribuiu preliminarmente a mortandade aos dejetos lançados pela piscina de estabilização, construída praticamente dentro do reservatório nos anos 90. De acordo com o secretário municipal de Agricultura Paulo Vandi da Costa desde 2009 foi elaborado um projeto orçado em R$ 6 milhões para a retirada da piscina de dentro da Lagoa e o órgão não tomou nenhuma providência.
A seca também foi cogitada como responsável pelo desastre, mas ninguém se pronunciou sobre o fato da poluição da Lagoa ocorrer mesmo antes da construção da piscina de estabilização e nada nunca ter sido feito para solucionar o problema.
Além do mau cheiro, os peixes em decomposição podem ocasionar a transmissão de doenças e representam um risco eminente à saúde pública.
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