Saúde

Queiroga diz em CPI que Brasil não está na terceira onda da pandemia

Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em depoimento nesta terça-feira (8) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o Brasil não vive uma terceira onda da pandemia. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o país entrar em uma nova onda de contaminação, o ministro disse que o clima e a falta de isolamento social contribuem para a circulação do vírus e a alta de mortes em alguns estados.

“Ainda não está caracterizada uma terceira onda”, disse Queiroga. “Estamos na segunda onda em um platô elevado de casos”, acrescentou.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o país registra 16.984.218 casos acumulados de covid-19 e 474.414 óbitos.

Durante o depoimento na CPI, o ministro disse ainda que não há um médico infectologista em atividade no Ministério da Saúde. Ao ser questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o uso do chamado tratamento precoce, Queiroga disse considerá-lo ineficaz.

Renan Calheiros perguntou, então, por que o ministro não tirou do ar uma portaria do Ministério da Saúde, de agosto do ano passado, sobre o uso da cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina no tratamento de pacientes com sintomas leves de covid-19. Ao colegiado, o ministro respondeu que não vai retirar a nota do ar porque ela perdeu o efeito legal e que é um documento para a “história”.

“Ela está no site, porque faz parte da história do enfrentamento à pandemia. Então, não vou retirar do site do Ministério da Saúde”, disse. “Não é um ato administrativo, por isso não cabe revogação”, acrescentou Queiroga.

O ministro também foi questionado sobre a demora em contratar a compra de mais 30 milhões de doses da vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, para o último trimestre deste ano, além das doses já encomendadas. Queiroga disse que dispensou a compra do imunizante por já ter a previsão de muitas doses de outras vacinas, como as da Pfizer e da AstraZeneca, no último trimestre do ano. O ministro também disse que prefere a ButanVac, ainda em fase inicial de estudos em seres humanos.

“Acho que a gente deve apostar numa vacina nacional. Vai sair por um custo menor, é uma promessa na tecnologia brasileira, de desenvolvimento do complexo industrial da saúde. Apesar de entendermos que a CoronaVac é uma boa vacina, já surgem questionamentos acerca de sua efetividade, mas não quero adentrar em conhecimento mais definitivo, porque falta evidência. Mas, por uma estratégia, o Ministério da Saúde pensa que investir na ButanVac seria a melhor opção, sem prejuízo de podermos adquirir essas 30 milhões de doses da CoronaVac também”, disse.

O ministro também foi perguntado sobre o chamado “gabinete paralelo”. O relator mostrou um vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto, no qual o virologista Paolo Zanotto sugeriu a criação de um “gabinete das sombras” para tratar da resposta do governo à pandemia da covid-19.

Calheiros perguntou ao ministro se conhecia algumas das pessoas que comporiam o suposto gabinete e citou, entre os nomes, o próprio Zanotto, a médica Nise Yamaguchi, o empresário Carlos Wizard, o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS).

“Desconheço essa atuação em paralelo”, disse Queiroga, que informou ainda ter encontrado apenas uma vez com a médica Nise Yamaguchi e que já recebeu Terra em seu gabinete. “Foi uma vez ao meu gabinete tratar sobre estudos sorológicos e, eventualmente, eu converso com ele. Mas nunca tratou comigo sobre tratamento precoce”, afirmou.

Durante o depoimento, Queiroga foi questionado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico, se havia lido as bulas das vacinas contra o coronavírus que tiveram uso autorizado em território nacional. O ministro disse não ter lido a documentação. O senador afirmou que a bula da vacina da Pfizer não recomenda a aplicação do imunizante em gestantes, autorizada pelo ministério.

“Lamento o senhor não ter lido a bula de todas as vacinas. O senhor é autoridade sanitária do Brasil, é exatamente o senhor que determina como devem ser aplicadas as vacinas”, disse Alencar.

Após a pergunta, houve troca de acusações entre o ministro e o senador, que disse que o ministério está promovendo uma “pseudovacinação” no Brasil. Queiroga rebateu a afirmação e disse que a aplicação do imunizante não ocorre fora do bulário.

“A sociedade brasileira reconhece os esforços que estamos fazendo aqui e não aceito que isso seja desqualificado, um patrimônio da sociedade brasileira. Eu aplico 70 milhões de vacinas de Norte a Sul”, disse Queiroga

Na sequência, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a reunião por alguns minutos para acalmar os ânimos.

Agência Brasil

Opinião dos leitores

  1. Ainda não estamos, mas o Capetão está trabalhando todos os dias para acontecer logo

  2. Com muita satisfação prazer e bom profissionalismo a Globo lixo desmente o Sr. Ministro., estamos 178 onda e pronto.

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Saúde

OMS: coronavírus não está sob controle na maior parte do mundo, diz diretor-geral

Foto: JOSÉ CRUZ/ Agência Brasil

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou na manhã desta quinta-feira (9) que o novo coronavírus não está sob controle na maior parte do mundo. “Está piorando. A pandemia ainda está acelerando”, alertou, em coletiva de imprensa.

“O número total de casos dobrou nas últimas seis semanas”, completou.Segundo dados da OMS divulgados hoje, já são 11,8 milhões de casos em todo o mundo, com mais de 544 mil vidas perdidas. Mesmo assim, Tedros reforçou que alguns países conseguiram conter a escalada da doença tomando medidas de saúde pública “abrangentes”, baseadas em testagem em massa e isolamento.

“Não há resposta fácil, Mas alguns países controlaram o vírus. Devemos aprender com suas experiências e seguir seu legado”, afirmou a jornalistas em Genebra, Suíça. A OMS ainda reiterou que fará uma avaliação independente de seu trabalho frente à pandemia.

Época

Opinião dos leitores

  1. Eu quero e o mundo tb, saber qual a posição a ser adotada pela OMS junto a China?
    Ou os comedores de cachorro vão sair impune pela carnificina que aconteceu e acontece no mundo.

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Diversos

Asteroide QV89 não está em rota de colisão com a Terra, garante a ESA

Foto: via hypescience

No mês passado, a ESA tinha o asteroide 2006 QV89 em sua lista de objetos com risco potencial de se chocar contra a Terra, com uma chance de uma em 7 mil de isso acontecer em setembro de 2019. Contudo, após análises mais aprofundadas, a agência espacial europeia agora disse que o objeto de cerca de 50 metros de diâmetro não representa nenhum risco, já que ele não está em rota de colisão com a Terra neste ano.

Ainda, a chance de qualquer impacto futuro deste objeto com o nosso planeta é extremamente remota. A ESA explica que “em geral, quando um asteroide tem uma pequena chance de impactar a Terra, outras observações e medições são feitas, e esses dados ‘astrométricos’ refinam nossa compreensão do caminho do asteroide, melhorando nossa compreensão do risco que ele representa e, muitas vezes, excluindo qualquer chance de colisão”. E foi exatamente isto o que aconteceu agora com a previsão de colisão do QV89.

O objeto foi descoberto em agosto de 2006 e depois observado por apenas dez dias, com tais observações da época sugerindo que ele tinha essa possibilidade de uma em 7 mil de impactar a Terra precisamente no dia 9 de setembro de 2019. Depois desses dez dias, o asteroide não foi mais visto, e depois de mais de uma década ficou muito difícil prever sua posição com precisão para uma nova observação — então a ESA não teria como apontar um telescópio para confirmar a previsão de 2006.

No entanto, os cientistas da agência deram um “jeitinho” para obter as informações necessárias para verificar o potencial perigo que o QV89 representaria. Ainda que não se saiba exatamente a trajetória do asteroide, os cientistas sabiam onde o objeto apareceria no céu caso estivesse em rota de colisão; portanto, a ideia foi vasculhar essa área exata do céu, com telescópios, para tentar encontrá-lo.

Isso foi feito pela ESA com o Observatório Europeu do Sul (ESO) nos dias 4 e 5 de julho usando o Very Large Telescope (VLT). As equipes então obtiveram imagens bastante profundas daquela área do céu, onde o asteroide estaria caso estivesse em vias de impactar nosso planeta em setembro. E, bem, absolutamente nada foi visto ali.

(Imagem: ESA)

Na imagem acima, vemos a região do céu onde o QV89 teria sido visto caso estivesse mesmo chegando pertinho da Terra. As três cruzes vermelhas mostram as localizações específicas onde o asteroide poderia ter aparecido, mas não há nenhum objeto aparecendo ali. E mesmo se ele fosse menor do que o estimado, com poucos metros de diâmetro, ele teria sido visto na imagem ao menos como um ponto brilhante de um jeito singular, e se ele fosse muito menor do que isso, o VLT não seria capaz de fotografá-lo — contudo, se fosse este o caso, o objeto seria totalmente queimado em nossa atmosfera num ato de colisão, sem representar risco algum.

Canal Tech, via ESA

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