Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
No Dia Mundial de Alerta para os Riscos da Hepatite, nesta segunda-feira, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, especialistas atentam para os perigos da cirrose e do câncer de fígado, órgão responsável pela desintoxicação do organismo. O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Dr. Edison Parise, afirmou que os casos dessas doenças estão aumentando no mundo todo.
– Esse problema assume proporções alarmantes quando sabemos que 90% dos pacientes com hepatite C ainda não foram diagnosticados no país – afirmou o médico.
A Sociedade Brasileira de Hepatologia, a SB Infectologia e a Associação Médica Brasileira estão lançando a campanha 45+ advertindo a população e os médicos sobre essa realidade. A ideia da iniciativa é alertar os indivíduos com mais de 45 anos para que façam o teste da hepatite. Já os médicos devem solicitar o exame específico da hepatite C aos pacientes nascidos após 1945.
– Sabe-se que o maior percentual de pacientes com hepatite C foi infectado no passado – disse e complementa que 70% das pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C no Brasil nasceram entre 1945-1970.
Ele adverte ainda que a doença leva de 20 a 30 anos para chegar a cirrose e apresentar câncer de fígado. Isso é, quanto mais o tempo passa, maior será o número de pacientes que irá apresentar essas complicações.
O especialista ressalta a extrema importância do diagnóstico para que seja realizado o tratamento a tempo. Assim, haverá uma redução de maneira significativa da necessidade de transplantes no Brasil e no mundo. De acordo com informações da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, desde 2007 o número de transplante de fígado está em ascendência. No ano passado, foram 1.723 no Brasil todo.
Além da prevenção, é necessário que haja um incentivo à doação de órgãos por parte da população.
– Ainda temos muitos pacientes morrendo nas filas de transplante à espera de um fígado – lamentou.
A fila de espera de março de 2014 no Brasil é de 1411 pessoas, como apontam os registros da associação. No Rio, são 141 na fila, a terceira maior do Brasil, somente atrás de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
MÉDICA ADVERTE PARA INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
A médica Maria Luisa Yataco, especialista do Departamento de Transplantes da Divisão de Gastrenterologia e Hepatologia da Clínica Mayo de Jacksonville, na Flórida, reforça a gravidade da insuficiência hepática aguda. Embora seja uma patologia de ocorrência muito rara, Yataco afirma que deve ser prontamente detectada, já que deteriora muito rapidamente a saúde, apresenta altas taxas de mortalidade e afeta, principalmente, os mais jovens.
A patologia pode se manifestar como icterícia, amarelamento da pele e das mucosas, pelo aumento da bilirrubina (substância encontrada na bile) no organismo. Dentre os fatores que causam a insuficiência hepática aguda estão hepatite viral aguda, dose excessiva de paracetamol e reação idiossincrásica a algum medicamento.
Como principal alternativa para o paciente está o transplante.
– É um caso de urgência, portanto o paciente com insuficiência hepática aguda deve ter a primeira prioridade na fila – atestou.
Depois do primeiro ano da cirurgia, acima de 65% dos transplantados sobrevivem, sendo o período crítico os três meses iniciais.
O Globo
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