A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouviu nesta quinta-feira (23) o empresário Danilo Trento, convocado para prestar esclarecimentos sobre suas relações com a Precisa Medicamentos e demais personagens envolvidos no contrato da vacina Covaxin. O depoente, no entanto, respondeu poucas perguntas, mantendo silêncio durante boa parte da sessão.
No depoimento, marcado também por uma discussão entre os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jorginho Mello (PL-SC), Trento negou ter participado de negociações envolvendo a vacina indiana porque seu cargo, de diretor institucional da Precisa, não previa tal função.
O depoente também negou que a empresa tenha contatado o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, para discutir detalhes de uma medida provisória que autorizava a compra de imunizantes caso a agência indiana tivesse aprovado a vacina em questão. A emenda foi de autoria de Barros.
Danilo Trento foi apontado pelo suposto lobista Marconny Faria como o verdadeiro “dono” da Precisa, aquele com quem as conversas sobre as intenções da Precisa em contratos com o Ministério da Saúde eram tratadas.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da Comissão, foram recebidas informações de que “Danilo e Maximiano viajaram juntos à Índia para as negociações em torno dos testes de Covid e da vacina Covaxin”.
Trento manteve-se em silêncio ao ser questionado sobre empresas em seu nome que estariam associadas a Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos. Os senadores chegaram a aprovar, então, quebras de sigilo de Danilo e do irmão, Gustavo Trento, para entenderem melhor a dinâmica entre os dois empresários.
Alguns senadores acreditam também que Trento possui relações com Marcos Tolentino, suposto dono da FIB Bank. A empresa ofereceu garantias no contrato de compra da vacina indiana e também é alvo da CPI.
Na quarta-feira (22), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso concedeu a Trento o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar e de poder se recusar a assinar qualquer termo na condição de testemunha.
O habeas corpus foi visto como mais “rígido” em relação aos demais já concedidos porque Barroso considerou que a CPI convocou Trento como um possível investigado, e não apenas como uma testemunha.
CNN Brasil
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