Diversos

Nós, brasileiros, somos as pessoas que mais se atrasam no mundo

“No Rio de Janeiro, é considerado sem educação chegar no horário em uma festa. Todos esperam que a gente chegue atrasado, já que a dona da festa também vai se atrasar.” Essas observações verdadeiras estão em um texto publicado essa semana na “BBC”, escrito pela jornalista inglesa Bianca Bryson, uma inglesa (um dos países com o povo mais pontual do mundo) que mora há nove anos no Rio.

Em “Porque o brasileiro está sempre atrasado”, ela explica, por exemplo, que a expressão “estou chegando” significa que em alguma hora a pessoa pretende chegar. E, acrescento aqui, pior mesmo é o “estou indo”.

Quando nós, cariocas, falamos que estamos indo, isso não significa uma ação, mas um desejo. É tipo: “Gostaria de ir, mas posso mudar de ideia a qualquer momento.”

Fiquei fascinada pelo texto dessa inglesa por viver a situação inversa: sou brasileira (e, digo, carioca) e moro na Alemanha.

Pesquisando sobre o tema, vi que, aqui na terra do Goethe, o normal é chegar 10 minutos ANTES do compromisso. Isso se deve ao fato desse ser um país que logo foi industrializado. E o apito da fábrica, você sabe, não atrasa. Isso faz com que a Alemanha seja considerada a nata da pontualidade.

Eles estão no topo, junto com o Japão. O Brasil está na turma do fundão, junto com a Índia. Somos categorizados no espaço dos países onde horário não importa.

Correr para não correr

E é verdade que os alemães têm tanto medo de se atrasar que chegam antes, viu? Meu marido, alemão, chega sempre antes para “poder chegar com calma.” A explicação dele costuma ser: Eu corro para chegar antes e não ter que correr na última hora.” Bem, sinceramente, isso também não faz sentido e também parece meio maluco. Então, cada povo com suas loucuras.

Já nós, brasileiros, somos definidos internacionalmente como “pessoas que chegam na hora que querem.” “Lugar onde não se cumpre hora”.

Nunca fui uma pessoa de atrasar muito, não. Eu atrasava 15 minutos, meia hora, o que é considerado educado no meu país (sim, somos muito esquisitos).

Aqui, no começo, corria feito maluca para chegar nos compromissos na hora e aquilo era muito estressante. Eu corria pela casa me arrumando gritando: “Os alemães estão me esperando! Os alemães!”

Hoje, me percebo planejando sair com antecedência e, apesar de achar que a pontualidade é uma qualidade e que eu mudei para melhor, me sinto um pouco traidora da minha pátria.

Mas tudo muda, claro, quando marco de sair na Alemanha com amigos brasileiros. Exemplo: combinei de ver um dos jogos da Copa com várias amigas. Eu me dirigi meio atrasada (e levando um alemão junto, tenso) para o local.

Enquanto isso, meu WhatsApp bombava: “Cadê vocês?”, perguntava uma.” “To chegando”, respondia outra.” “Não chegou ninguém ainda, então vou dar um pulinho ali na esquina”, disse a terceira.

Conclusão: cheguei e encontrei uma das amigas esperando sozinha. As que tinham ido dar um pulinho no boteco da esquina fizeram amizade com umas pessoas e ficaram por lá e nunca mais voltaram. Porque ainda tem essa. A gente, além de se atrasar, muda de ideia, de planos, e sempre pode acontecer um fenômeno que te faça mudar tudo completamente, como fazer novos amigos (o que é uma qualidade nossa maravilhosa, claro!).

Mas isso, para um alemão, é impensável. As pessoas aqui planejam encontros com um mês de antecedência, e não esquecem e chegam na hora — ou melhor, 10 minutos antes (juro).

Hoje, quando estou no Brasil, me irrito quando amigos me deixam esperando pronta duas horas porque “já estão chamando o Uber” (hoje eu acredito neles! E elas ainda riem de mim e falam que virei alemã!). Mas também não gosto quando tenho que confirmar presença em uma festa com um mês de antecedência (não sei nem se vou estar viva! Eu, heim!).

Melhor aceitar as diferenças, rir muito disso tudo. E tentar pegar o melhor lado de cada cultura.

Ah, sim, estou generalizando (baseada em pesquisas). Deve existir brasileiro (e até carioca) pontual, assim como deve existir alemão que atrasa duas horas (se conhecerem algum, me avise, quero fazer uma entrevista com ele!).

Por Nina Lemos – Blog – UOL

 

Opinião dos leitores

  1. Porque quando o carioca fala algo que tem hábito, sempre que for ruim é pq é Brasileiro mas o que for bom diz: sou do Rio de Janeiro

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Diversos

“NÓS, DO RN” circula encartado no DOE nesta terça-feira

A terceira edição do “Nós, do RN”, suplemento cultural do Diário Oficial do Estado, circula nesta terça-feira (12) e tem como tema principal o otimismo. Por meio de textos dos jornalistas Dinarte Assunção, Geórgia Nery, Juliska Azevedo, Rosilene Pereira e Sheyla Azevedo, o leitor vai encontrar ensaios, memórias, poesias e ficção, além de uma conversa com o Governador Robinson Faria sobre o tema. Para ilustrar os textos e produzir um ensaio fotográfico especial foi convidado o fotógrafo Ney Douglas Marques, ganhador de diversos prêmios importantes na área nos últimos anos.

O “Nós” também traz uma entrevista com a escritora Clotilde Tavares, uma pequena biografia do jornalista Eloy de Souza (patrono do Museu da Imprensa Oficial que funciona no DEI) escrita por Vicente Serejo, ilustrações dos artistas gráficos Henrique Araújo e Jonh Kleyton, uma poesia de Zanzo e um texto escrito nos anos 1970 pelo jornalista Berilo Wanderley na seção “Tesouros da República”.

“Os assinantes do Diário Oficial do Estado receberão o suplemento logo cedo e a partir da tarde de quarta-feira ele estará disponível em diversos pontos da cidade”, informa Paulo Araújo, diretor do DEI.

O “Nós, do RN” também pode ser lido no site www.nos.rn.gov.br.

Opinião dos leitores

  1. Excelente título o do periódico, pois haja 'nós' para desatar neste Rio Grande de arco, flecha e tacape.

  2. O Ney Douglas é um excelente profissional, com certeza deve estar ótimo o trabalho, iniciativa massa!!!!

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