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Humanos jamais vão migrar para outros planetas, diz Nobel de Física

(gremlin/Getty Images)

Michel Mayor acaba de ser reconhecido com um Nobel graças aos trabalhos realizados em 1995 que culminaram na descoberta do primeiro planeta em outro sistema solar (um exoplaneta). Utilizando instrumentos feitos sob medida em seu observatório no sul da França, ele e seu aluno de doutorado Didier Queloz deram início a um campo de estudos que já revelou mais de 4 mil exoplanetas — que provavelmente ficarão para sempre fora de nosso alcance migratório.

Foi o que Mayor declarou esta semana, logo após aceitar as láureas. Ele disse que os humanos precisam abandonar a perspectiva de se mudar para outro planeta no caso de a vida se tornar impossível na Terra. “É completamente louco”, afirmou a AFP o astrônomo suíço de 77 anos, então professor da Universidade de Genebra. De lá para cá, os milhares de exoplanetas descobertos marcaram uma revolução na astronomia moderna.

Junto de seu colega Queloz, Mayor trouxe para o universo da astrofísica um estudo antes restrito às discussões dos filósofos: a possível existência de outros mundos no universo. Mas o cientista faz questão de deixar claro que pesquisa teórica é uma coisa, já o sonho de colonização, é outra. “Se estamos falando sobre exoplanetas, sejamos claros: não vamos migrar para lá.”

Na entrevista, o laureado frisou a importância de repensar o discurso de que podemos conviver com a alternativa de juntar as tralhas e partir de vez para outro sistema planetário, no caso de as coisas derem errado aqui na Terra. “Estamos falando de uma viagem centenas de milhões de dias usando os meios disponíveis hoje. Devemos cuidar de nosso planeta, que é bonito e continua absolutamente vivível”, disse. Vai ao contrário de certas visões bem atuais.

Tem ganhado popularidade o argumento de que devemos nos tornar uma civilização multiplanetária se quisermos sobreviver no longo prazo. Antes de morrer, em 2017, Stephen Hawking ressaltou a urgência de colonizarmos a Lua ou Marte em um período de 100 anos para evitar potenciais ameaças fatais para a civilização, como as mudanças climáticas, os asteroides, possíveis epidemias e o excesso de população. Elon Musk também reforça isso.

Sua empresa SpaceX atua com o objetivo maior de viabilizar a colonização humana em Marte, com o intuito maior de tornar a vida multiplanetária e evitar a extinção. Mas o fato é que não dispomos hoje da tecnologia necessária para desenvolver uma grande civilização em outros mundos quiçá no Sistema Solar, que dirá em estrelas distantes. E os métodos de propulsão disponíveis atualmente são muito lerdos para percorrer distâncias interestelares.

Há propostas teóricas para contornar o problema, como as naves geracionais: grandes “cruzeiros” em que só os descendentes distantes dos ancestrais que partiram alcançam o destino final. Mas são projetos ainda muito abstratos e mais restritos ao domínio da ficção científica. Vale salientar que Mayor não se refere aos planetas do Sistema Solar.

Em tese, o que ele rechaçou foram as ambições de habitar um eventual planeta habitável localizado nas redondezas da nossa galáxia, a algumas dezenas de anos-luz da Terra. Não especificamente sobre os planos de instituir colônias ou terraformar planetas menos amigáveis na vizinhança. Mais do que diminuir a importância de ir além da Terra, a intenção de Mayor era enaltecer a urgência de cuidar melhor do nosso planeta — o único no Universo que podemos chamar de casa.

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Cientistas não descartam: é bem provável que o ser humano já tenha passado batido por sinais óbvios de vida inteligente em outros planetas

(NASA, ESA, the Hubble Heritage Team/Reprodução)

Vamos começar com um experimento científico. No vídeo abaixo, há seis pessoas, três de camisa preta, três de camisa branca. Elas estão fazendo passes com bolas de basquete. Sua missão, leitor, é simples: contar quantos passes foram feitos pelas que estão de camisa branca. Não pode confundir.

Terminou? Legal. Contou quantos? 15? 16?

E o cara fantasiado de gorila que se enfiou no meio do vídeo, o que achou dele?

Como assim? Você não viu ninguém fantasiado de gorila? Então assista de novo, porque ele está lá.

Esse experimento, feito em Harvard em 1999, é um dos mais famosos da história da psicologia. Mais da metade das cobaias simplesmente não nota quando o homem primata surge no take, por mais óbvia que seja sua presença. É a prova de que nosso cérebro, quando está concentrado em uma coisa, ignora solenemente todo o resto.

Falando assim, é engraçado. Mas e quando não há ninguém por perto para avisar que há um gorila passando? Ou pior: e quando ninguém sabe que há alguma coisa passando? Uma dupla de astrobiólogos da Universidade de Cádiz, na Espanha, publicou um artigo científico em que essa possibilidade é aplicada à escala cósmica: talvez o ser humano já tenha encontrado sinais de vida inteligente em outros planetas – mas não se deu conta disso porque esses sinais apareceram em estudos científicos que tinham outros objetivos, ou porque a maneira como nosso cérebro é estruturado não ajuda.

Gabriel de la Torre e Manuel Garcia explicam usando o exemplo de uma cratera de formato atípico no planeta-anão Ceres, na periferia do Sistema Solar. “Nossa mente nos diz que essa estrutura se parece com um triângulo com um quadrado no meio”, afirmam em comunicado. “Nós estamos vendo coisa onde não tem, algo chamado pelos psicólogos de pareidolia [a capacidade de enxergar rostos em imagens de objetos inanimados]. O oposto também pode ser verdade. Talvez os sinais de vida inteligente estejam debaixo do nosso nariz e nós não sejamos capazes de percebê-los. É o efeito do gorila na versão cósmica.”

Para reforçar, eles criaram uma alternativa ao experimento célebre, em que primata aparecia escondido em fotos aéreas de paisagens naturais e urbanas (como as que você vê quando aciona a função “satélite” no Google Maps). Dos 137 voluntários que observaram as imagens sem saber da existência do animal, 91 não perceberam que ele estava lá. É fácil transpor essa ideia para a rotina de um astrônomo, que se debruça diariamente sobre enormes regiões do céu, e inevitavelmente ignora o que está em volta para se concentrar no astro ou fenômeno que é seu objeto de estudo.

Partindo desse ponto, as especulações foram longe: para os dois cientistas, é bem provável que existam formas de vida tão avançadas tecnologicamente que já sejam capazes de manipular segredinhos do espaço-tempo que estão além da nossa imaginação – como dimensões espaciais além das três conhecidas e a matéria escura (que é absolutamente indetectável com as tecnologias de observação atuais, mas que, ao que tudo indica, corresponde a 85% de tudo que existe no Universo). Essas estariam fora do alcance de métodos comuns de busca por vida inteligente.

Hoje, nós estamos acostumados a classificar civilizações alienígenas hipotéticas pelas tecnologias de comunicação e produção de energia que seriam aplicadas por elas. Mas quem garante que os ETs por aí usem ondas de rádio como nós? Quem garante, inclusive, que eles tenham órgãos de visão que funcionem transformando radiação eletromagnética de um certo espectro em imagens? Nosso cérebro constrói a realidade de uma maneira muito peculiar, e nós damos essa maneira por certa porque as alternativas estão além da nossa capacidade cognitiva. Não conseguimos nem imaginar que cor teriam as radiações infravermelha e ultravioleta se pudéssemos observá-las.

Tudo isso, claro, está na fronteira entre ciência e filosofia. A busca por vida inteligente é uma empreitada recente. A lição de De la Torre e Garcia é que talvez a gente esteja apostando muito alto em algo improvável: que os alienígenas inteligentes que com certeza estão espalhados por aí sejam parecidos demais conosco.

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“VIAGEM”: Rússia cria laboratório para simular desembarque em outros planetas

Um laboratório especial, o Centro de Treinamento de Cosmonautas (CTC) está sendo construído em Zvyozdny Gorodok, na Rússia.

A maioria dos trabalhos já foi concluída e o equipamento está montado, devendo tudo ficar pronto até a fim do ano, disse à imprensa o chefe do CTC, Yury Lonchakov.

“Quanto ao hidrolaboratório, hoje nós começamos a instalar a plataforma. Os sistemas de ar condicionado, de ventilação, as cúpulas e os vidros já foram instalados”, acrescentou Lonchakov.

Ele informou que, durante um ano e meio, se reuniu constantemente com os empreiteiros. “Tínhamos certas exigências a fazer, em alguns pontos a interação foi completa, em outros foi um pouco mais difícil. Mas já encontramos um terreno comum e todos os problemas estão resolvidos”. Lonchakov lembrou que o hidrolaboratório é um dos projetos mais ambiciosos do CTC.

“Inicialmente, o hidrolaboratório, desenvolvido nos anos 80, era um projeto único. Naquele tempo foi criado um instituto especial para a sua projeção, que desenvolveu todos os sistemas, incluindo a plataforma móvel”, disse o chefe do CTC, destacando que o trabalho em um projeto de tão grande escala não tolera pressa e negligência.

“Tudo deve ser feito de forma eficiente e segura, porque no novo hidrolaboratório os astronautas vão treinar e apurar a entrada para o espaço aberto nas próximas décadas”, afirmou Lonchakov.

Além disso, a administração do CTC está negociando com as autoridades de vários locais a criação de campos de treinamento para imitar a superfície de outros planetas. Um deles pode ser criado na região de Murmansk.

“Estamos trabalhando estreitamente no desenvolvimento das bases de treinamento, da infraestrutura do CTC. Chegamos a um acordo sobre a cooperação com o governador da região de Murmansk. A região tem um relevo único, que pode simular a superfície lunar. Portanto, estamos considerando a possibilidade de criar um campo de treinamento no norte da área, para aperfeiçoar os últimos detalhes do desembarque na superfície de outro planeta”, comentou Lonchakov.

Agência Brasil

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