Política

‘Isso aqui é Brasil, não vai funcionar!’, diz Mourão sobre passaporte da imunidade

Foto: Jorge William/ Agência O Globo

Na conversa, que terá a íntegra publicada nas plataformas de streaming na sexta-feira ao meio-dia, Mourão falou ainda dos desafios da próxima operaçao de Garantia da Lei de da Ordem que deve começar nos próximos dias na Amazônia e comentou o afastamento do presidente Jair Bolsonaro. Abaixo, os principais trechos.

Os índices de desmatamento bateram recordes históricos neste ano, apesar da compra do satélite Amazonia 1 e programas de mapeamento da floresta. Por que o desmatamento está aumentando?

O que eu tenho acompanhado é o avanço dos desmatadores em cima das terras públicas, e obviamente a União é responsável por fiscaliza. Hoje, é em torno de 25 municípios da Amazônia onde se concentram quase 90% do desmatamento ilegal. Solicitamos ao presidente da República autorização para uma nova operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) de modo que a gente consiga deter esse avanço da ilegalidade.

O relatório do Conselho da Amazônia diz que na última GLO diz que houve dificuldades de relacionamento entre as Forças Armadas e os órgãos de controle ambiental, que fiscalizam o desmatamento. Como o senhor resolverá esse problema?

Se não há cooperação de todos os organismos, a gente termina por não conseguir cumprir a tarefa. As Forças Armadas não são agências fiscalizadoras. Hoje (ontem) à tarde tenho uma reunião com a turma e vou procurar naquela conquista de corações e mentes trazer todo mundo junto e dizer: “Vamos superar as vaidades de cada grupo e vamos lembrar qual o nosso estado final desejado”.

O ministro Salles vai a essa reunião?

Olha, essa reunião é dos executivos. É de quem realmente mete a mão na massa.

Mas o senhor vai.

Porque é minha obrigação. Acho que o ministro está se preparando para a defesa dele em relação aos problemas que está enfrentando. Então, ele não tem comparecido às últimas reuniões.

Ele não tem recebido os avisos? Está sem celular, será?

É, parece que o celular a Polícia Federal levou.

Segundo a PF, o Ministério do Meio Ambiente não só vem diminuindo a fiscalização, como também mandou parar a cobrança de multas. Salles e a sua equipe estão sendo investigados por crimes que vão da formação de quadrilha à facilitação de contrabando. Colocar uma GLO na Amazônia por dois meses nesse cenário não é enxugar gelo?

As agências de fiscalização têm de comparecer. Já herdamos nossas agências com problemas de falta de pessoal. Esse é um assunto que tem de ser enfrentado. Não podemos continuar com metade do efetivo de dez anos atrás. Além disso, dessa metade, 70% está sentada no ar-condicionado. É preciso que haja uma recuperação da capacidade operacional dessas agências. Senão, vamos ter de continuar a empregar as Forças Armadas numa atividade que não é a missão principal delas e, consequentemente, sem ter maior eficácia.

O senhor falou com o presidente sobre isso?

Isso já foi mostrado ao presidente. Agora, é um assunto que tem de ser debatido com o Ministério da Economia. Acho que mil fiscais não vão nos deixar nem mais ricos nem mais pobres em termos orçamentários.

Quando o general Pazuello subiu no palanque de um ato a favor do presidente, o senhor defendeu que ele fosse punido pois, caso contrário, havia o risco de se estimular a anarquia nas Forças. O comandante do Exército, depois desse episódio, terá autoridade para coibir manifestações políticas de outros militares da ativa?

As Forças Armadas, em particular o Exército, não estão envolvidas na política. Apesar de nós termos alguns companheiros que ocupam cargos políticos no governo, na imensa maioria, são todos da reserva. Acho que Pazuello é o único da ativa hoje, e ele ocupa um cargo comissionado, não político. Todas as unidades estão na mão e na perna de seus comandantes e trabalhando de acordo com suas tarefas. Não vejo nenhum problema para o comandante Paulo Sérgio.

O senhor defendeu publicamente que Pazuello passasse para a reserva e disse em uma entrevista que sugeriu isso a ele. Outros oficiais fizeram a mesma sugestão e ele não foi. Por quê?

O Pazuello completa o prazo de permanência no generalato em julho de 2022. Eu acredito que no momento em que terminar a CPI (ele irá para a reserva). Ainda existe a possibilidade dele voltar a depor. Acredito que essa seja a preocupação dele. Em mais um ou dois meses, talvez ele vá para a reserva. Pazuello perdeu o lugar dele dentro do Exército. Não há mais função pra ele.

Não há mais função por conta desse episódio?

Não é nem por conta do episódio. Ele é o oficial de intendência mais antigo dentro do Exército. Então, ele deveria ocupar o cargo de sub-secretário de Economia e Finanças, que já está ocupado por outro general. Então, não tem lugar para ele.

Há uma preocupação disseminada de que as polícias militares, que têm muitos PMs bolsonaristas, se rebelem contra governadores de oposição, como aconteceu recentemente em Pernambuco e na Bahia. A lei diz que o Exército tem que fazer o controle e a supervisão desses agentes. A instituição vai contê-los em caso de insubordinação?

A questão das polícias militares vem desde a Constituição de 1988. A partir daí, os próprios governadores — não falo dos atuais, mas daqueles que exerceram a função — politizaram as PMs. Muitas vezes, escolheram como comandante não o mais antigo ou capacitado, mas alguém simpático politicamente àquele governo. Essa politização levou a policiais eleitos dentro do Congresso, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais. Quando a PM entra em greve é um negócio muito grave, quase um motim. (Nesses casos) O Exército foi acionado e cumpriu sua missão. Já aconteceu no Espírito Santo, duas vezes na Bahia e no Ceará, em Pernambuco.

Mas não há esse risco na eleição, com a polarização política?

Existe uma análise que vem sendo feita na qual se procura dizer “o (então presidente Donald) Trump fez aquilo (invasão ao Congresso) nos Estados Unidos, vai ter uma milícia aqui que vai (fazer o mesmo)”. Você não pode comparar a sociedade americana com a brasileira. É óbvio que você encontra um número significativo de policiais simpáticos ao nosso governo e, em particular, ao presidente Bolsonaro, mas você também tem policiais que são simpáticos à esquerda, ao PT, seja lá quem for.

O senhor não está preocupado com o levante bolsonarista?

Em absoluto! Não tem espaço. Quando a gente procura um modelo histórico e quer transpor para o presente, tem de olhar quais são as causas profundas, as causas imediatas e aquilo que pode ser o pavio que incendeia e deflagra o processo. E o processo brasileiro é outro, totalmente diferente. Então, eu não temo nada disso daí.

O combate à pandemia também opõe o presidente aos governadores. O Congresso está discutindo um passaporte de imunidade a ser cobrado em locais públicos. O senhor concorda com a proposta?

Eu acho que não vai dar certo. Cada um terá de andar com um cartãozinho na carteira dizendo que foi vacinado. O cara na entrada do restaurante vai me cobrar isso? E no parque? Esse troço não vai funcionar. Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você. Agora, para viajar de um país para outro, acho que será necessário, como na questão da vacina da febre amarela e outras. No deslocamento dentro do país, é uma discussão inócua.

O senhor disse nesta semana que sente falta de ser convidado para as reuniões ministeriais, o que não tem acontecido. Por que o presidente não o tem convidado para as reuniões?

Eu já deixei muito claro ao presidente que ele tem a minha lealdade. Eu jamais vou maquinar contra ele, como já aconteceu no passado recente no nosso país. Ele sabe disso muito bem. Por outro lado, ele sabe que a minha visão de mundo em muitos assuntos é totalmente distinta da dele, assim como o meu modo de agir. Eu não entendo por que o presidente me exclui dessas reuniões. E eu lamento porque deixo de tomar conhecimento de assuntos que o governo está debatendo. Lembrando que eu, eventualmente, posso substituí-lo e ter de decidir sobre algum assunto desses, que eu não sei nada. Então, eu não vou tomar decisão nenhuma se eu for substituí-lo numa situação dessas.

O presidente disse ao senhor que seu nome não estará na chapa em 2022 por conta desse afastamento?

Até o momento, ele jamais falou pra mim de forma direta, ou seja, naquele papo reto, que não serei o companheiro de chapa dele. Agora, os indícios, as próprias declarações dele, são de que ele não deseja a minha companhia no seu projeto de reeleição. Ele também pode necessitar de um outro político ou partido em termos de composição político-partidária, um troço perfeitamente normal. Não tem nada demais isso pra mim.

O senhor tem dito que a sua opção preferencial para 2022 é ser candidato ao Senado. Essa candidatura, se ocorrer, seria pelo PRTB?

Fala-se que o PTB do Roberto Jefferson o sondou. Tem alguns partidos, até mesmo o PTB, que já me procuraram. Mas eu virei político sem ter uma trajetória política. Essa história de trocar de partido é a mesma coisa que deixar de torcer pelo Flamengo e passar a torcer pelo Fluminense, Vasco. Estou me acostumando com essas coisas. E também (falta) definir se serei realmente candidato.

Malu Gaspar – O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. Já não funcionava antes e agora com o MINTOmaníaco das rachadinhas fazendo uma gestão pífia e se juntando a corruptos de carteirinha do centrão, piorou muito!

  2. Faltou altivez a Mourão, não sei se por lealdade aos dogmas militantes, ou mera acomodação ao cargo, vai terminar seu mandato como a (viúva Porcina). Foi vice Presidente da República do Brasil, sem nunca ter sido.
    costumou as restrições

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Geral

“Eu não acredito que passe pelo Parlamento. Se passar, eu veto”, diz Bolsonaro, sobre ‘passaporte imunidade’

Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/10-06-2021

O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta terça-feira um projeto em tramitação no Congresso que cria uma espécie de “passaporte de imunidade” para pessoas que já foram vacinadas contra a Covid-19. O texto foi aprovado pelo Senado e será analisado agora pela Câmara. Bolsonaro disse que, caso a proposta seja aprovada, ele irá vetá-la.

— O que tu acha do passaporte da Covid? Aquela onda aí, estou nas mídias sociais — questionou o presidente a apoiadores, no Palácio da Alvorada. — Sem comentários. A vacina vai ser obrigatória no Brasil? Não tem cabimento.

Bolsonaro refutou comparações com a exigência de vacinas feitas por alguns países, dizendo que cada país faz as suas regras:

— Alguns falam: “Para você viajar, tem que ter um cartão de vacinação”. Cada país faça as sua regras. Se para ir para tal país tem que ter tomado tal vacina, se você não tomar, você não entra.

O projeto cria o chamado Certificado de Imunização e Segurança Sanitária (CSS), documento que liberaria acesso a eventos culturais e esportivos, reservas naturais e cruzeiros, entre outros locais que tenham empregado restrições.

Bolsonaro afirmou que não acredita que o projeto será aprovado, mas já adiantou que ele seria vetado. O Congresso pode derrubar um veto presidencial.

— Eu não acredito que passe pelo Parlamento. Se passar, eu veto e o Parlamento tem o direito…Tem o direito, não. Vai analisar o veto. Se derrubar, aí é lei.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Vacinas emergenciais, com eficácia e segurança duvidosas, que já ocasionaram inúmeras mortes em países diversos. E alguém ainda defende a obrigatoriedade de sua aplicação. É muita vontade de ser submisso, de não ter direito a suas próprias escolhas. A escravidão está na índole ou mesmo na hipocrisia de muitos. Faz assim, imbecil, toma a tal Sputnik e fica tranquilo na tua. Tua “imunidade” vai estar garantida, deixa os outros em paz e cuida da tua vida miserável.

  2. O presidente Bolsonaro é o ÚNICO defensor dos direitos das pessoas, o ÚNICO realmente democrata e preocupado com o povo. Seus opositores são os verdadeiros ditadores, autoritários defensores de ditaduras de esquerda, censores daquilo que não lhes agrada, repressores da liberdade e dos direitos previstos na Constituição, defensores de um Estado controlador e repressor. O povo está vendo quem é quem.

    1. Deixa de repetir mentiras seu retardado bovino! O MINTO defende direito das pessoas quando? Quando achou normal a tortura na ditadura? Quando fazia rachadinha no gabinete dele? Quando vai para manifestações que promovem aglomeração na pandemia? Quando sabotava o uso de máscaras e compra de vacinas ano passado? Seu idólatra de político das rachadinhas: A lei 13.979/2019 sancionada pelo MINTO permite aos prefeitos e governadores promover medidas para mitigar a pandemia! Vc sabe ler seu analfabeto funcional?

    2. Vc decorou essa lei, papagaio de esquerda? Os direitos e garantias constitucionais não podem ser suprimidos nem por Emenda. Cláusulas petreas. Pergunte a seu “dono”. Decore alguns artigos da Constituição.

  3. Esse maluco, além de estar matando o povo, está cavando a própria cova. É só negacionismo, só truculência, ignorância e politicagem rastaquera com tudo!!!

  4. É o do contra em pessoa,a negação cristalina dos fatos e momentos,se peder a eleição tambem vai querer vetar,este trailer já está ensaiado…

    1. Quem já andou numa cela, não por aniversário, por ser bonzinho, não pagar pensão, foi um marginal que tu adora, e que ainda responde a vários processos e vai voltar.

  5. Tem que ser muito GADO para ainda acreditar no MINTO!!! Esse idiota já sancionou , desde fevereiro de 2020, a Lei nº 13.979 que, na alínea ‘d’, inciso III do Art. 3º prevê que a vacinação poderá ser compulsória (o mesmo que obrigatória)! Ele é idiota ou só se faz?! No mais, o presidente inepto não falou semana passada em desobrigar o uso de máscara para os vacinados e os que já contraíram a covid ? Então, na cabeça dele como poderia haver um controle disso senão através de um passaporte da imunidade? Com a palavra, o GADO para justificar as idiotices reiteradas do MINTO…

    1. Mais um apoiador de segregação sanitária. Estarei ao lado do presidente, em favor da liberdade !

    2. Só mesmo asininos ainda teimam em atacar um governante honesto, trabalhador, competente, bem intencionado, defensor da família, religioso, patriota e defensor dos direitos e liberdades do seu povo. Nenhuma lei pode suprimir os direitos previstos na Constituição. Não existe meia cidadania.

    3. Pense num GADO idólatra de gente que fez muita RACHADINHA! Bolsonaro lá defende direito de ninguém! Ele mesmo sancionou a lei que permite vacinação compulsória seus bovinos analfabetos funcionais! Direita Retardada, vá estudar direito constitucional e sai desse grupin de ZAP do MINTO abestado!

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