Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Em um documento de 77 páginas entregue ao juiz Sérgio Moro, o Ministério Público Federal afirma que há fatos e provas que confirmam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema criminoso montado dentro da Petrobras. O documento, base do pedido de condução coercitiva realizado contra o petista nesta sexta-feira, diz que Lula sabia que empresas investigadas no esquema de corrupção da Petrobras realizavam doações eleitorais “por fora” e que havia um “ávido loteamento de cargos públicos” na sua gestão.
Os investigadores informaram que Lula recebeu “direta e indiretamente” vantagens indevidas decorrentes de desvios da estatal. Para os procuradores da força tarefa da Lava-Jato “ou o direito considera a realidade, ou a realidade continuará a desconsiderar o direito”.
“Lula sabia que empresas realizavam doações eleitorais ‘por fora’ e que havia um ávido loteamento de cargos públicos. Não é crível, assim, que Lula desconhecesse a motivação dos pagamentos de caixa dois nas campanhas eleitorais”, afirma os investigadores no documento completando: “ou o Direito considera a realidade, ou a realidade continuará a desconsiderar o Direito”.
Parte dos documentos foram apreendidos em construtoras em outras fase da Lava-Jato mostram que Lula esteve ao lados de empreiteiras “eventos, viagens, jantares e reuniões” onde se discutia e negociava importantes obras públicas no Brasil e no exterior.
A PF encontrou uma troca de mensagem no celular do ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho – o Léo Pinheiro – com executivos da empreiteira. Nela, eles afirmam que o empresário “tinha uma ligação muito próxima com Lula, que, por sua vez, estava bastante a par das negociações e das obras realizadas pela empresa em diversos setores e em vários países”.
Os investigadores anexaram ainda um jantar organizado pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso desde julho do ano passado pela Lava-Jato. Nela, ele organiza um jantar em sua casa a pedido do petista. Entre os convidados está Juvandia Moreira Leite, dona da gráfica Atitude, usada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para lavar dinheiro desviado da Petrobras.
Os investigadores anexaram também as quebras dos sigilos fiscais e bancários do Instituto Lula que mostram pagamentos feitos a empresas de filhos do ex-presidente.
O Globo
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