Para o psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957) as enfermidades psíquicas são a consequência do caos sexual da sociedade, já que a saúde mental depende da potência orgástica, isto é, do ponto até o qual o indivíduo pode se entregar e experimentar o clímax de excitação no ato sexual.
Ele tinha total convicção da importância do orgasmo para a saúde física e mental, bem como para evitar as neuroses. A partir da observação de seus pacientes, concluiu que aqueles que passavam a estabelecer relações sexuais mais prazerosas apresentavam melhoria do quadro clínico.
Baseado nisso, Reich desenvolve a teoria do orgasmo, na qual somente a satisfação sexual intensa consegue descarregar a quantidade de libido necessária para evitar a formação de acúmulo de energia, gerador da neurose.
Argumentou que era a total inaptidão dos neuróticos para descarregar a energia sexual, completamente e com satisfação, durante o orgasmo, que criava a obstrução de energia que mantinha viva a neurose.
Ele acreditava que se as sociedades civilizadas permitissem que a vida fosse mais livre, e o ser humano vivesse com mais prazer, muitos problemas emocionais e até mesmo muitas doenças físicas jamais ocorreriam.
O sofrimento para ele é, em princípio, desnecessário, só sendo produzido pelas limitações sociais impostas à vida e à sabedoria do corpo. Até Reich, muitos psicanalistas acreditavam que se um homem tivesse ereção e realizasse o ato sexual era potente. Um distúrbio sexual seria facilmente identificável no homem que sofresse de disfunção erétil, ou na mulher com ausência de orgasmo.
Não era difícil concluir então que os neuróticos poderiam ter uma vida sexual normal. Reich pôs em questão a normalidade e a autenticidade de grande parte daquilo que passa por sexo normal, porque não haveria total descarga da libido durante o ato sexual.
Regina Navarro Lins – Universa UOL
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