Saúde

H5N8, variação da gripe aviária, tem potencial para se tornar nova pandemia, alertam cientistas

FOTO: MADS CLAUS RASMUSSEN/EFE/EPA

O mundo ainda não se recuperou da pandemia do novo coronavírus, que há um ano e meio causa a morte de milhares de pessoas, e já existe a possibilidade de uma nova crise na saúde global. Uma variação do vírus da gripe aviária chamada de H5N8 foi apresentada por pesquisadores chineses com potencial de se disseminar entre humanos.

Os virologistas Weifeng Shi e George F. Gao publicaram um artigo na conceituada revista científica Science e alertaram que as mutações da gripe aviária podem ser desastrosas. “Vários tipos do vírus da gripe aviária têm potencial zoonótico porque foi demonstrado que eles cruzam a barreira das espécies, transmitindo para mamíferos, incluindo humanos. O monitoramento contínuo e vigilante para evitar mais transbordamentos, que podem resultar em pandemias desastrosas”, alertam no artigo publicado na última semana.

Os pesquisadores explicaram que o H5N8 pode se propagar rapidamente entre aves do mundo e consequentemente atingir as pessoas, já que o vírus tem alta capacidade de ligação ao receptor do tipo humano.

Os primeiros casos de infecção aconteceram na Rússia, em dezembro de 2020, mas só foram confirmados em fevereiro deste ano. Sete trabalhadores de uma fazenda avícola, que cuidavam de aves contaminadas, tiveram os exames analisados e detectaram a presença do H5N8.

De acordo com informações da agência de saúde russa, os pacientes não apresentaram sintomas relevantes e a doença não apresentou transmissão entre humanos.

Os cientistas chineses são os mesmos que, em dezembro de 2019, alertaram sobre o perigo do SARS-CoV-2 e ambos não se mostraram otimistas sobre os efeitos na população da nova mutação do vírus da gripe aviária.

“A análise filogenética revelou a disseminação global do H5N8 tornou-se uma grande preocupação para a avicultura e a segurança da vida selvagem, mas, criticamente, para a saúde pública global”, publicaram no artigo.

E, complementaram: “A grande migração de longas distâncias de aves selvagens, a capacidade de rearranjo e mutação do vírus da gripe aviária e o aumento da capacidade de ligação ao receptor do tipo humano é imperativo que não sejam ignoradas as chances de disseminação global e o risco potencial do H5N8 para avicultura, avifauna e saúde pública global”, ressaltaram.

O epidemiologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Eliseu Waldman explica que o contato intenso entre homens e animais ao longo dos anos aumentou a tendência de novas epidemias.

“A forma como o homem tem contato com os animais cria o que chamamos de saltos. O que significa que um vírus que circula em um animal, se adapta e atinge a população humana, que se escapar pega outras pessoas sem nenhuma resistência”, alerta.

O presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Juarez Cunha explica que todas as infecções do influenza surgem a partir de animais e as transmissões tendem a aumentar com o passar do tempo.

“Todos os vírus influenza tem reservatórios em animais. Se imagina que mais cedo ou mais tarde, temos de estar preparados para acompanhar as transmissões e conseguir controlar. A transmissão primeiro é de animal para animal; depois de animal para humano e em seguida de humano para humano. Para que isso não acontece é importante combate rápido com medidas drásticas, como a de dizimar os animais contaminados”, disse o médico.

Nos animais, o H5N8 foi detectado pela primeira vez na China, no ano de 2010. Em 2014, aconteceu um segundo surto em aves que se espalhou por Japão e Coreia do Sul. A doença atingiu aves pela terceira vez em países da Europa e nos Estados Unidos, em 2016. No ano passado, cerca de 46 países registraram surtos da doença e milhões de animais precisaram ser sacrificados.

O que fazer para não virar uma epidemia?

A dupla chinesa lembrou que durante a pandemia da covid-19 houve um aumento da preocupação com os cuidados pessoais e os surtos de gripe diminuíram entre as pessoas, mas caiu a vigilância e o controle para o surgimento de novas doenças.

“Devido à pandemia, as medidas de prevenção e controle – incluindo mobilidade reduzida, maior uso de máscaras e maior distanciamento social e desinfecção – reduziram drasticamente a incidência global dos vírus sazonais da influenza humana A e B. No entanto, os dados podem ser subestimados e devem ser interpretados com um grau de cautela porque a covid-19 influenciou os comportamentos de busca por saúde. Porém, o vírus da gripe aviária causou surto frequente em animais de vários países dos continentes, especialmente durante o inverno”, ressaltaram no artigo.

Mesmo com o alerta de perigo feito por Shi e Gao, eles afirmaram que medidas como vigilância de granjas, atualização da vacina da gripe para os animais, a partir da descoberta da nova mutação, podem controlar a propagação do vírus nas fazendas e, consequentemente, segurar o salto em humanos.

Os pesquisadores ressaltam: “Educação e divulgação também são importantes, incluindo medidas de proteção pessoal reforçadas durante a temporada de influenza, mantendo-se longe de pássaros selvagens e evitando caçar e comer pássaros selvagens”, finalizam eles.

Cunha reafirma que a vigilância é a melhor forma de evitar que a doença evolua. “Não tem como dizer se a transmissão vai ou não acontecer. Por isso, a vigilância deve ser frequente e o uso de medidas preventivas não farmacológicas deve ser mais forte nos trabalhadores rurais, que trabalham diretamente com o animal. Nos casos que o causador é um animal silvestre é mais difícil de controlar, mas é importante verificar se existe mortalidade de aves fora do normal”, finalizou Cunha.

R7

Opinião dos leitores

  1. Hoooooomi, vai arranjar uma lavagem de roupa e deixem de ficar tocando o terror na população, magote de corno.

    1. Neto e Adolfo T. é por essas atitudes de vocês, de não acreditar e ainda ficar com raiva, que o corno é o último a saber.

      Pensem nisso, a dica tá aí, só basta vcs abrirem os olhos, mas abram com moderação.

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Geral

Invenção na UFRN tem potencial para beneficiar indústria têxtil

Foto: Reprodução/UFRN

Dois cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) finalizaram, em 2020, o desenvolvimento de um novo material para a indústria têxtil, cujo pedido de patente foi realizado no mês de abril. A nova tecnologia é um tecido de pontos quânticos com propriedades autolimpantes. Mas não somente: ele possui capacidade de proteção à irradiação ultravioleta, com o benefício sendo alcançado a partir do revestimento de pontos quânticos de Óxido de Zinco.

Pontos quânticos são partículas de semicondutores extremamente pequenas, cujas dimensões não ultrapassam alguns nanômetros de diâmetro e aplicação em áreas como computação e medicina, televisores e estamparia. “Devido ao confinamento quântico presente no óxido de zinco, materiais acabados com o semicondutor permitem uma atividade fotocatalítica segura, duradoura e reusável, além de adicionar o benefício do uso para o vestuário ou têxtil técnico em prol da saúde humana, protegendo a pele da agressão da irradiação UVA/UVB”, explicou o professor José Heriberto Oliveira do Nascimento.

Falando sobre diferenciais, o pesquisador pontua o baixo custo e a possibilidade de reutilização como aspectos relevantes. “Além de eliminar as sujidades, degradando os compostos orgânicos, pode ser usado para tratamento de efluentes com até dez vezes seu ciclo de uso”, acrescenta o docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Têxtil (PPGET). O depósito de pedido de patente da nova tecnologia foi depositado sob a denominação Acabamento quântico multifuncional com propriedades fotocatalítica e bloqueador uv para aplicação em materiais têxteis e plásticos.

Frascos exemplificam o processo: à direita, o tecido funcionalizado após fotodegradar todo o efluente do frasco da direita, onde há um tecido contendo as nanopartículas. No meio, nanopartículas sem imobilização – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Além de Heriberto, é também autor do registro de propriedade intelectual Rivaldo Leonn Bezerra Cabral, então mestrando no PPGET. Ele contextualiza a pesquisa a uma situação mais ampla, o advento da 4ª revolução industrial, com as singularidades das ferramentas da nanotecnologia na indústria têxtil. Segundo ele, essas ferramentas são essenciais na obtenção de materiais com maior funcionalidade e desempenho. Rivaldo destaca inclusive que a situação fica evidente quando diversos trabalhos utilizaram nanopartículas de óxido de zinco como principal agente fotocatalisador em processos de degradação de compostos orgânicos em efluentes industriais.

“No entanto, a disposição dessas partículas em suspensão no efluente, atrelado ao seu tamanho e forma, eleva o custo da aplicação e, principalmente, traz consigo um risco aos seres vivos e ao meio ambiente. A nossa invenção mostra-se, assim, uma alternativa, sem perder eficiência e propriedade, pois os resultados mostraram um alto grau de efetividade”, afirma Rivaldo Leonn.

Os efluentes de que fala Rivaldo são os despejos líquidos proveniente de um estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto sanitário. Ele complementa que a utilização de técnicas de revestimento de substratos têxteis com nanoestruturas demonstra que a nanociência é fundamental para a síntese, caracterização e aplicação de materiais com propriedades multifuncionais. José Heriberto acrescenta, por fim, que as etapas seguintes incluem a construção de um protótipo com aplicação no meio ambiente.

Em vídeo, cientistas explicam aspectos adicionais da nova tecnologia. Foto: Reprodução/UFRN

O pedido de patenteamento da invenção foi feito através da Agência de Inovação da Reitoria (AGIR), unidade dentro da UFRN responsável pela avaliação dos requisitos de patenteabilidade, como a novidade, capacidade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva. As notificações de invenção são feitas por meio do Sigaa, através da aba pesquisa. Após o registro por parte do cientista, a equipe da AGIR entra em contato com o inventor para dar prosseguimento aos trâmites.

O diretor da AGIR, Daniel de Lima Pontes, elenca que a importância do patenteamento reflete-se em quatro aspectos principais. “O primeiro deles é propiciar a propriedade moral e financeira da tecnologia desenvolvida na Universidade, pois a patente é o título de propriedade de um dado invento, assim como a escritura é para o instrumento que reconhece a propriedade de um bem tangível. Um segundo aspecto é que a propriedade torna possível que apenas o titular, ou pessoas com a sua permissão, possam explorar economicamente o invento. O terceiro ponto é a importância que as patentes possuem na divulgação do conhecimento e auxílio na inovação. Por fim, o reconhecimento da capacidade inventiva de um grupo de pesquisadores ou de laboratórios no desenvolvimento de tecnologias, em uma dada área do conhecimento, atrai investimento de empresas interessadas em novos desenvolvimentos”, raciocina o gestor.

Ele destaca ainda que o produto patenteado é mais atrativo para empresas, uma vez que, mediante um processo de licenciamento com a Universidade, a empresa interessada pode ser a única a ter permissão para ofertar um dado produto inovador no mercado. Nesse primeiro momento do depósito, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) “guarda” o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica o mesmo período aberto a contestações. Após os três anos, o Instituto parte para a análise em si e, se não encontrar nada parecido, faz a concessão. Por causa disso, o processo em si de expedição da carta-patente acontece costumeiramente após cinco anos do depósito.

Próximos passos da pesquisa acontecem no âmbito também do Grupo de Pesquisa Inovação em Micro e Nanotecnologias (GPIMN) – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

UFRN

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Saúde

Brasileiros identificam quatro drogas com potencial para tratar Covid-19

Foto: ThisisEngineering RAEng/Unsplash

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriram quatro drogas com o potencial para inibir a infecção pelo novo coronavírus. A primeira versão do artigo produzido pela equipe foi publicada no periódico de pré-impressões bioRxiv.

Os cientistas realizaram testes in vitro (em culturas de células vivas) e in silico (por simulação de computador) em 65 compostos químicos já conhecidos e geralmente utilizados com outras finalidades. Segundo os especialistas, as análises indicaram que o brequinar, o acetato de abiraterona, o extrato de Hedera helix e a neomicina poderiam ser mais explorados no tratamento da Covid-19.

“O mapeamento das intrincadas interações das drogas com os sistemas biológicos do corpo humano e do vírus indica como as substâncias cuja eficácia foi demonstrada nos testes in vitro poderiam atuar no sistema biológico”, disse Ludmila Ferreira, coordenadora do Laboratório de Biologia de Sistemas de RNA da UFMG, em declaração à imprensa.

Como explicam os pesquisadores no artigo, tanto o brequinar quanto o acetato de abiraterona demonstraram ter “atividade antiviral potente e seletiva” contra o Sars-CoV-2. Já o extrato de Hedera helix e a neomicina foram avaliados como “com atividade antiviral moderada”. Estas observações, segundo a equipe, são animadoras e indicam a importância de se continuar estudando estas substâncias.

Com Galileu

Opinião dos leitores

  1. E a Clroquina mais o remédio contra piolho?
    Vai ficar por isso mesmo? Me fizeram tomar isso enganado?

  2. Brasileiro não tem moral para fazer 1 vacina, imagine 4. Brasileiro só faz o que não presta. Fica espalhando por aí que tem o pai da aviação. Mentira para enganar as crianças. O pior é que quando elas crescem descobrem que foram enganadas, e que o pai da criança foram os irmãos Wright.

  3. Vamos deixar fe discussão besta mane.
    O que deve ser feito, tem que ser urgente.
    Outra coisa!
    Primeiro o gado.
    Os petralhas igual a vc, fica na lista de espera do seu guru Maduro.
    É com essa vacina que o maior ladrão do mundo, Lula da Silva, vai se vacinar, depois os petralhas todos.
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Se afobe não, é brincadeira.
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Xau corruptos!!
    Até nunca mais.

  4. Só faz 4 meses de pandemia. À medida que as pesquisas avançam, novos fármacos e novos tratamentos mais eficazes aparecem. Do mesmo modo, antigos remédios deixam de ser utilizados, por terem eficiência reduzida após testes clínicos e depois de pesquisas mais apuradas. Tudo isso é natural. Porém, não se pode politizar nem praticar ideologias com o uso de medicamentos

    1. Pelo alto investimento e custo elevadíssimo de funcionamento, bancado com nossos impostos, sao obrigados a pelo menos produzirem o que se chama de ciencia aplicada… e nao fazerem politica ou baderna.

    2. O que é baderna para você, Mane? Já frequentou alguma faculdade na vida? Se sim, o que aprendeu de útil?

    3. mane, então da próxima vez que alguém abrir a boca pra vomitar bobagens sobre as universidades, diga que pagamos caro, mas eles produzem e produzem coisas importantes.

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Saúde

Covid-19: Potencial vacina do Brasil será testada em animais

Foto: Athit Perawongmetha / Reuters

Pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) começaram a testar em camundongos formulações de uma potencial vacina contra a covid-19.

O objetivo dos ensaios pré-clínicos é identificar um imunizante, em uma determinada formulação e concentração, capaz de induzir uma resposta rápida e duradoura do sistema imunológico dos animais. Tal feito possibilitará avançar para as próximas etapas da pesquisa, que é apoiada pela Fapesp.

“Já conseguimos desenvolver três formulações de vacinas que estão sendo testadas em animais. Em paralelo, estamos formulando diversas outras para identificar a melhor candidata”, diz à Agência Fapesp Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto. A estratégia utilizada para desenvolver a vacina é baseada no uso de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês de virus like particles).

Essas partículas possuem características semelhantes às de peptídeos e proteínas de vírus, como a de superfície do SARS-CoV-2 – chamada spike -, usada pelo novo coronavírus para se conectar a um receptor nas células humanas – a proteína ACE2 – e infectá-las. Por isso, são facilmente reconhecidas pelas células do sistema imune. Porém, não têm material genético do patógeno, o que as torna seguras para o desenvolvimento de vacinas.

A fim de permitir que sejam reconhecidas pelo sistema imunológico e gerem uma resposta contra o coronavírus, as VLPs são inoculadas juntamente com antígenos – substâncias que estimulam o sistema imune a produzir anticorpos. Dessa forma, é possível unir as características de adjuvante das VLPs com a especificidade do antígeno. Além disso, as VLPs, por serem componentes biológicos naturais e seguros, são facilmente degradadas, explica Cabral.

“Com essa estratégia é possível direcionar o sistema imunológico para reconhecer as VLPs conjugadas a antígenos como uma ameaça e desencadear a resposta imune de forma eficaz e segura”, afirma o pesquisador.

Acompanhamento de longo prazo

As três primeiras formulações de vacinas testadas em camundongos são compostas por peptídeos semelhantes aos que compõem a proteína spike do SARS-CoV-2 e que induzem especificamente células B – linfócitos que estimulam a produção de anticorpos capazes de neutralizar a entrada do vírus nas células.

Além desses peptídeos, também estão sendo formuladas vacinas com peptídeos que induzem especificamente células de defesa do tipo T – linfócitos que induzem a autodestruição (apoptose) de células invadidas pelo vírus, com o objetivo de interromper a replicação do microrganismo.

Os pesquisadores também pretendem elaborar outras formulações com proteínas inteiras semelhantes à spike do novo coronavírus que, ao contrário dos peptídeos, que induzem especificamente células B ou T, estimulam vários tipos de células de defesa.

“Tivemos de importar essas proteínas e nossa expectativa é que cheguem esta semana. Mas a ideia é sintetizá-las e produzi-las no nosso laboratório, assim como já fazemos com os peptídeos”, conta Cabral.

Nos ensaios iniciais, as vacinas são injetadas nos camundongos em diferentes concentrações. A cada semana serão colhidas amostras do plasma sanguíneo dos animais para avaliar a produção de anticorpos induzidos pela vacina.

Ao acompanhar a evolução da resposta imunológica ao longo de meses, será possível identificar qual formulação de vacina, e em que concentração, é capaz de induzir a imunidade do animal ao longo do tempo e neutralizar o vírus.

“Esse acompanhamento contínuo também permitirá sabermos quantas doses da vacina serão necessárias para conferir imunidade”, explica Cabral.

A formulação de vacina que apresentar o melhor desempenho em termos de indução de resposta imunológica será injetada em camundongos transgênicos, que carregam o receptor ACE2 das células humanas, com o qual a proteína spike do SARS-CoV-2 se liga. O objetivo é avaliar por quanto tempo a vacina confere imunidade e se é segura para a realização de testes em humanos.

A expectativa dos pesquisadores é que os testes pré-clínicos sejam concluídos no final deste ano. “Estamos sendo muito cuidadosos com a realização dos testes e tentando responder ao máximo de questões possíveis para conseguirmos avançar com o rigor necessário no desenvolvimento de uma vacina realmente eficaz contra a COVID-19”, afirma Cabral.

“Além da vacina, também estamos produzindo conhecimento e uma plataforma tecnológica que poderá ser útil para o desenvolvimento de vacinas para outras doenças, como a causada pelos vírus zika e chikungunya”, ressalta o pesquisador.

Estadão

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