Jornalismo

Operação Judas: Carla confirma informações do manuscrito, mas não apresenta provas contra desembargadores

Foram encerrados os depoimentos da audiência de instrução dos envolvidos no esquema de irregularidades no pagamento de precatório do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) e o mais revelador foi o da ex-chefe da Diviusão de Precatórios, Carla Ubarana.

Carla confirmou o nome de dois desembargadores no esquema diante de membros do Ministério Público, da defesa e do José Armando Ponte, titular da 7ª Vara Criminal. Esse conteúdo estava em um manuscrito que ela mesma tinha feito. Os desembargadores em questão são os ex-presidentes Rafael Godeiro e Oswaldo Cruz. Porém, em nenhum momento ela apresentou provas materiais contra os titulares de cadeira do TJRN.

No caso de Judite Nunes, Carla falou em juízo que a desembargadora realmente assinava as guias de autorização de pagamento de precatório em branco em confiança, que não tinha nada a dizer a respeito dela sobre desvios. Essas guias eram a base do esquema. Elas permitiam que um mesmo processo de precatório tivesse o pagamento liberado duas ou até três vezes. Ou seja, uma vez na conta do real credor e as outras nas contas de laranjas, que, por sua vez, recebiam os valores e os repassavam para os beneficiários.

Nos bastidores, já está se especulando que isso pode ser estratégia da defesa para fazer com que o processo seja remetido para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso pode transcorrer de forma mais lenta. Ou seja, com mais tempo para ela aproveitar a liberdade. Durante entrevista à imprensa, os advogados nada falaram sobre isso.

Mas não foi apenas Carla que depôs. Todos os envolvidos participaram da audiência. O marido George Leal, a secretária particular Cláudia Sueli, e os amigos empresários Carlos Alberto Fasanaro e Carlos Eduardo Palhares também foram ouvidos. Um de cada vez.

Fora o marido que era um dos principais beneficiários, todos são acusados de servirem como laranjas para o funcionamento do esquema, emprestando as contas pessoais para receber os pagamentos de precatórios ilegais.  Carlos Alberto e Carlos Eduardo, inclusive, saíram da audiência já em liberdade. Eles eram os únicos que continuavam atrás das grades. Claudia Sueli já estava solta sob força de um habeas corpus e o casal se encontrava em prisão domiciliar por ter colaborado com as investigações e por ter devolvido parte do dinheiro desviado.

Além dos réus,  também prestaram depoimento as testemunhas Elton John Marques de Oliveira, Lisiane Martins de Medeiros Bezerra de Melo, Roberta Veríssimo de O. Carlos, Jorge Quintanilha da SIlva Filho e Wilza Dantas Targino.

Os depoimentos desta sexta-feira começaram por volta das 9h, ouvindo testemunhas durante toda a manhã. À tarde, os cinco réus foram ouvidos, começando por Cláudia Sueli, Carlos Eduardo Palhares, Carlos Alberto Fasanaro e, em seguida, Carla Ubarana e George Leal. Os últimos depoimentos foram os que mais se prolongaram.

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Jornalismo

Carla Ubarana e George Leal devolvem parte dos desvios à Justiça

No dia em que prestam depoimentos à Justiça, Carla Ubarana e George Leal entregaram umm grande quantidade de dinheiro à Justiça. O valor total, no entanto, não foi confirmado pelo MP nem pela defesa do casal, que seguem sem prestar informações sobre o caso. Porém, há informações de que o montante seria de aproximadamente R$ 250 mil, havendo também certa quantidade de Euros, Dólares e outra moeda estrangeira.

O dinheiro foi levado ao Fórum Miguel Seabra Fagundes e a devolução faz parte do acordo firmado entre os réus e o Ministério Público para que o casal, além de contribuir com a investigação, também devolvesse bens e dinheiro frutos do esquema de fraudes na Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça.

Advogados e membros do Ministério Público não confirmaram a origem do dinheiro, que chegou em espécie ao fórum. Não há também a confirmação se os recursos foram extraídos de alguma conta do casal, de empresas ou de terceiros, ou se estava escondido.

Carla Ubarana e George Leal prestam os depoimentos mais aguardados durante a Operação Judas. Antes deles, prestaram esclarecimentos os também réus Cláudia Sueli, Carlos Alberto Fasanaro e Carlos Eduardo Palhares, além das testemunhas Elton John Marques de Oliveira, Lisiane Martins de Medeiros Bezerra de Melo, Roberta Veríssimo de O. Carlos, Jorge Quintanilha da SIlva Filho e Wilza Dantas Targino. Foram dispensados Francisco Alves Bezerra Dantas, Manoela Câmara da Silva e João Batista Pinheiro Cabral.

Fonte Tribuna do Norte

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Jornalismo

Operação Judas: Carla Ubarana começa a depor sobre fraudes nos precatórios

A ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Carla Ubarana começou o depoimento ao juiz José Armando Ponte, titular da 7ª Vara Criminal. A oitiva da servidora do TJ é a mais aguardada dentro da investigação da Operação Judas, que apura irregularidades no setor de precatórios do TJ. A expectativa é que ela confirme o que já disse ao Ministério Público, apontando os demais envolvidos no esquema fraudulento.

Logo após o depoimento de Carla Ubarana, que irá depor é George Leal, marido da servidora do TJ. Ele também colaborou com o Ministério Público e a expectativa é que o empresário informe como era operado o esquema, onde empresas que pertenciam a ele participavam ativamente do processo que desviava a verba dos precatórios.

Antes deles, já prestaram depoimento os também réus Cláudia Sueli, Carlos Alberto Fasanaro e Carlos Eduardo Palhares , além das testemunhas Elton John Marques de Oliveira, Lisiane Martins de Medeiros Bezerra de Melo, Roberta Veríssimo de O. Carlos, Jorge Quintanilha da SIlva Filho e Wilza Dantas Targino. Foram dispensados Francisco Alves Bezerra Dantas, Manoela Câmara da Silva e João Batista Pinheiro Cabral.

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Jornalismo

Operação judas: Claudia Sueli encerra depoimento. Agora é a vez de Carlos Eduardo Palhares

Claudia Sueli, ex-secretária particular de Carla Ubarana, suspeita de ser a mentora do esquema de desvios e fraudes nos pagamentos de precatórios, terminou seu depoimento na audiência de instrução na 7ª Vara Criminal. Foram quase 40 minutos, para perguntas dos membros do MP e advogados.

Carla é acusada de emprestar a conta pessoal para receber os pagamentos de precatórios, realizar os saques dos valores e entregá-los para Carla.

Quem está depondo agora é o empresário Carlos Eduardo Palhares, amigo do casal que funcionava como laranja emprestando a conta pessoal para fazer os saques dos pagamentos ilegais de precatórios.

Claudia e Carlos Eduardo, são réus no processo, que analisa os pagamentos feitos irregularmente pela Divisão de Precatórios do TJ, que tinha como diretora Carla Ubarana. Além dos dois, também irão depor o empresário Carlos Alberto Fasanaro, acusado de ser outro laranja; e o casal George Leal e Carla Ubarana, principais beneficiários do esquema.

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Jornalismo

Operação Judas: Carla Ubarana passa mal antes de depoimento

A ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Carla Ubarana passou mal no início da tarde desta sexta-feira (30), quando são colhidos os depoimentos referentes à Operação Judas, que investiga irregularidades no pagamento de precatórios no estado. Acometida por problemas de saúde, Carla Ubarana sentiu dores na região do baço durante o intervalo dos depoimentos, mas não houve a necessidade de atendimento médico. Os depoimentos foram retomados com a oitiva de Cláudia Sueli.

O advogado Marcos Braga, que faz a defesa da servidora do TJ, informou que Carla Ubarana, depois de fazer uma caminhada pelo corredor do fórum Miguel Seabra Fagundes, melhorou e já está pronta para depor na tarde desta sexta-feira.

Além Cláudia Sueli, Carla Ubarana, e do marido George Leal, os também investigados Carlos Alberto Fasanaro e Carlos Eduardo Palhares serão ouvidos pelo juiz José Armando Ponte nesta tarde.

Pela manhã, já prestaram depoimentos as testemunhas Elton John Marques de Oliveira, Lisiane Martins de Medeiros Bezerra de Melo, Roberta Veríssimo de O. Carlos, Jorge Quintanilha da SIlva Filho e Wilza Dantas Targino. Foram dispensados Francisco Alves Bezerra Dantas, Manoela Câmara da Silva e João Batista Pinheiro Cabral.

Fonte Tribuna do Norte

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Judiciário

AMARN repudia acusações feitas contra desembargadores do TJRN

A Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte (Amarn) enviou uma nota à imprensa a respeito do possível envolvimento de desembargadores do Tribunal de Justiça nos desvios de dinheiro no pagamento dos precatórios.

Magistrados foram citados como coniventes aos esquemas de fraudes nos “diários de prisão” de Carla Ubarana, ré do processo que investiga os desvios.

Confira a íntegra da nota:

Em primeiro lugar a AMARN é plenamente favorável à apuração dos fatos e à punição dos envolvidos, “doa em quem doer”, e acompanhará atentamente a evolução dos procedimentos, com as garantias do devido processo legal e da ampla defesa.

Contudo, repudia qualquer acusação sem provas, constante apenas de anotações, opiniões ou conclusões de pessoa sob suspeita, que venha a denegrir a imagem dos Magistrados ou imputar-lhes  levianamente prática delituosa, sem que estejam  indiciados ou processados, ressaltando que todos os envolvidos estarão sujeitos à investigação administrativa e criminal quando efetivamente hajam  provas e indícios de envolvimento.

Acrescenta a ASSOCIAÇÃO que os Juízes lotados ou que eventualmente atuem no interior no Estado não têm  poder de decisão sobre pagamento de precatórios, encaminhando apenas os pedidos de execução decorrentes de sentença com trânsito em julgado ao egrégio Tribunal de Justiça, onde se processam os pagamentos.

Tribuna do Norte

Opinião dos leitores

  1. não vejo porque este nervosismo da AMARN, em época de chuvas devemos deixar a água correr, para vermos o leito que fazem.
    Quando os jurisdicionados falam em fundado receio de dano irreparável ou de dificil reparação, somos obrigados a mostrarmos a verosemelhança da alegação, mas pelo relabuxo travado na impresa, é melhor ser freiras, esconder as ureias e esperar os acontecimentos, outro dia, fui chamado de leviano, mas olhe o resultado.

    júnior gurgel – oab/rn 4775 – Esperando que abram a caixa preta das licitações do Tribunal de Justiça, e expliquem como vão gastar 740 mil reais para aterrar o novo fórum de Parnamirim.

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Jornalismo

Operação Judas: Carla e George já estão no Fórum para prestar depoimentos

O casal Carla Ubarana e George Leal já está no Fórum Miguel Seabra Fernandes para prestar depoimentos a cerca das acusações de desvios de dinheiro destinado ao pagamento de precatórios.

Os dois chegaram ao prédio da Justiça no carro de um dos advogados escoltados por duas viaturas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

A expectativa é que os depoimentos de hoje, dados diretamente ao juiz Armando Ponte, titular da 7ª Vara Criminal, sejam tão reveladores quanto aos já realizados com o Ministério Público.

Todos os envolvidos irão depor. Desde Carla e George, acusados de serem os mentores do esquema, ela principalmente, até a secretária particular Claudia Sueli e os amigos empresários Carlos Alberto Fasanaro e Carlos Eduardo Palhares.

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Judiciário

Precatórios do TJ: Rádio Peão está tocando de tudo.

O Diário de Natal traz hoje na capa matéria intitulada “Precatórios: Carla Ubarana aponta envolvimento de desembargadores”.

O Blog tem acompanhado diariamente o caso dos Precatório. Inclusive, foi o primeiro a noticiar as possíveis irregularidades ainda no dia 16 de janeiro. Agora, tem muita zuada e a rádio peão está tocando como nunca. As mesmas fontes que deram, a esse blog, o furo de como foram os depoimentos de Carla ao Ministério Público e de como foi o relatório interno do TJ  não nos confirmam as informações de que três desembargadores estariam envolvidos nos desvios. No relatório do próprio TJ, teria o nome de dois desembargadores, mas ligados a erros de procedimentos, e não envolvidos diretamente em desvios. Até o momento, não conseguimos esta confirmação.

A rádio peão, sim. Essa sim está tocando que os desembargadores Oswaldo Cruz e Rafael Godeiro estariam para se licenciar (informação que também não conseguimos confirmar) e que o desembargador Amaury Sobrinho também teria sido citado na irregularidade de um precatório (informação essa que faz tempo que o advogado Júnior Gurgel tem dito, inclusive está sendo processado pelo próprio desembargador pelas afirmações,  mas o BG não conseguiu confirmação que isso está no depoimento de Carla).

O certo é que na próxima sexta-feira (30) será realizada uma audiência de instrução e julgamento do processo 0105143-26.2012.8.20.0001, na 7ª Vara Criminal da Comarca de Natal. Apesar de existirem cinco indiciados no processo, apenas dois foram intimados a comparecer (Carla e George). Normalmente, em audiências de instrução, todos os acusados são intimados a participar, podendo permanecer calados ou aproveitar o momento para se defender.

O fato concreto é que até o fim da semana que vem, aí sim, teremos grandes novidades e saberemos com certeza quem são os nomes ou não que estão nesse mar de lama que tem sido esses desvios dos Precatórios no TJ do RN.

Segue post do Diário de Natal

No depoimento prestado ao Ministério Público Estadual, após a assinatura de um termo de colaboração premiada, Carla Ubarana teria incluído o nome de três desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Entretanto, os detalhes fornecidos por Carla Ubarana se referiam diretamente a irregularidades em ordens de pagamento dos precatórios. Segundo fonte que acompanha o caso, ainda não há comprovação sobre o beneficiamento com o dinheiro desviado ou uma possível divisão entre os magistrados. Dois deles, ainda de acordo com informações internas, estariam prestes a se afastarem das funções na Justiça do RN, por iniciativa própria.

O Ministério Público Estadual (MP/RN) está agindo com cautela em relação às informações passadas por Carla Ubarana. O momento atual é de checar as denúncias da ex-chefe do setor de precatórios relacionadas em seu depoimento ao MP/RN, tentando associar as alegações aos possíveis futuros delatados. Depois, se comprovadas as denúncias, e se envolver, de fato, desembargadores,o MP/RN não poderá mais atuar e o processo seguirá para o Superior Tribunal de Justiça.

O especialista em Direito Penal Caio Graco Pereira de Paula explicou que a lei estabelece determinados parâmetros de colaboração, mas que os termos colaboração e delação premiada têm a mesma finalidade: obter dados de outros implicados no crime. “Na prática colaboração premiada e delação premiada é a mesma coisa”, disse. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do RN (OAB/RN), Paulo Eduardo Teixeira, explicou que, em tese, a delação premiada não depende apenas do acusado oferecer informações e nomes de possíveis envolvidos no crime, mas que as informações sejam provas que auxiliem na conclusão do processo. “A contribuição que essa pessoa vai prestar tem que ser comprovada e trazer subsídios concretos ao processo”, afirmou. No caso de envolvimento de desembargadores, o processo passa a ser investigado pelo Procurador Geral da República.

A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que a delação ou colaboração premiada de George Leal continua sendo negociada com os promotores do patrimônio público e , “caso ele tenha elementos que sustentem uma delação premiada, o acordo será firmado”.

Prisão domiciliar

Enquanto o MPRN apura as informações relatadas por Carla Ubarana, ela e o marido, George Leal, permanecem em prisão domiciliar sob escolta de uma guarnição do Batalhão de Operações Especiais (Bope) 24 horas. O comandante geral da Polícia Militar, Coronel Francisco Araújo, afirmou que até o momento não houve qualquer tipo de problema em relação à guarda. “Está tudo sob controle, transcorrendo na maior normalidade”, afirmou.

Ameaças desconhecidas

A diretora do presídio feminino do complexo penal João Chaves, Dinorah Lima, onde Carla Ubarana permaneceu presa durante 34 dias, afirmou em entrevista ao Diário de Natal que desconhece qualquer ameaça à Carla Ubarana feita dentro do presídio. “Eu não tenho conhecimento de nenhuma ameaça direcionada à Carla no período em que ela esteve aqui. Se houve alguma ameaça eu não soube, mas eu acho difícil porque ela mal tinha contato com as outras detentas, ela ficava mais no quarto deitada, lendo”, afirmou Dinorá Simas.

Em relação à uma suposta tentativa de suicídio a base de uma overdose de tranquilizantes a diretora do presídio afirmou que também não teve conhecimento. “Se isso tivesse acontecido ela teria que ter tido algum atendimento médico depois, e não teve”.

Fonte: Diário de Natal

 

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Judiciário

Carla Ubarana afirma: "era apenas uma das operadoras de um esquema liderado por outros envolvidos"

Carla Ubarana era “também um laranja” no esquema de desvios de recursos na Divisão de Precatórios no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Essa é a conclusão a que se chega após a leitura dos manuscritos – uma espécie de “Diário da Prisão” – produzidos pela ex-chefe da Divisão de Precatórios do TJRN durante o tempo em que esteve presa. Carla afirma que era apenas uma das operadoras de um esquema liderado por outros envolvidos e, em algumas passagens do manuscrito, também detalha o funcionamento das fraudes e como os recursos eram repassados “em espécie” para os “cabeças” do esquema.

Não existem, segundo as informações levantadas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE acerca do diário da acusada, rastros no sistema financeiro do repasse de parte do dinheiro desviado para os demais envolvidos. Operações bancárias como depósito em conta corrente, que ficariam registradas, não eram o modus operandi escolhido para a destinação final do produto do desvio. Segundo relato de Carla Ubarana, “o dinheiro era entregue em espécie”.

Carla Ubarana e George Leal estão colaborando com as investigações do Ministério Público

O diário de Carla Ubarana foi escrito durante todo o tempo em que a acusada esteve presa. Pessoas próximas e que conviveram com a acusada durante a prisão afirmam que os manuscritos permaneciam, na maior parte do tempo, com Carla e que detalhes acerca das fraudes perpetuadas dentro do Tribunal estão descritas nesses papéis. Trata-se de um caderno e também de páginas soltas.

O motivo para produzir essa espécie de “memórias do cárcere” era medo. Carla e George dizem ter recebido ameaças dentro da prisão. Por conta disso, passaram a deixar uma prova documental de seus testemunhos, no caso de sofrerem algum atentado.

Pessoas próximas à investigação consideram as ameaças como “difusas”, ou seja, ainda sem materialidade suficiente para indicar um suspeito. Contudo, o aparato de segurança colocado à disposição do casal, 24 horas, é característico de pessoas em perigo. Carla e George temem pela própria vida.

O nome de outros envolvidos e, possivelmente, a quantidade de dinheiro repassado a cada um deles ainda é algo a ser confirmado oficialmente pela ex-chefe da divisão de precatórios do TJRN. Uma das condições do termo de delação premiada de Carla Ubarana é apontar, com provas, os demais integrantes do esquema que ainda não tenham sido identificados nas investigações. George Leal, de acordo com fontes, se negou a assinar o termo de colaboração.

O conteúdo dos depoimentos prestados por Carla Ubarana sob delação premiada ainda é mantido em sigilo. Tanto o Ministério Público quanto a defesa, representada pelo advogado Marcos Braga, e a família dos acusados se negam a prestar quaisquer informações relativas ao depoimento de Carla Ubarana ou sobre os futuros encontros destinados à coleta de informações.

A expectativa é que na próxima sexta-feira, em audiência marcada na 7a. Vara Criminal, o casal confirmem em juízo tudo o que foi dito ao Ministério Público Estadual.

“Laranjão” entre as outras laranjas

Durante os 28 dias em que ficou efetivamente recolhida no sistema prisional, Carla Ubarana só saiu de sua cela para o banho de sol uma única vez, segundo a direção do Pavilhão Feminino do Complexo Penitenciário João Chaves. E por insistência da direção. Todo o tempo, Carla ficava recolhida à sua cela. No período, a ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça do RN teve duas internações hospitalares, a maior  delas de 17 dias.

Segundo fontes da intimidade de Carla Ubarana ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE, ela estava em estado depressivo. Não se conformava em “pagar sozinha, junto com o marido, pelas fraudes”, quando existiam outros envolvidos. No retorno à prisão, após sua última internação no Hospital do Coração, segundo essa mesma fonte, Carla ingeriu, de uma vez, várias cápsulas de um tranquilizante, numa tentativa de suicídio. A essa pessoa, ouvida pela TN, Carla chegou a dizer que ela e o marido prepararam um testamento, onde beneficiam os filhos.

“Ela dizia que, caso acontecesse alguma coisa, os filhos estariam protegidos”, afirmou a fonte.  O testamento teria sido feito, dada as ameaças recebidas. O casal já tinha relatado a vários interlocutores ter recebido ameaças de morte. Segundo a fonte do jornal, Carla afirmou, por várias vezes, que era apenas “um laranjão” a serviço “dos grandes”, junto com outros laranjas, e que “não era justo que estivesse presa e os mandantes livres”. Ela também disse que “os delitos foram encomendados e que ela tinha como provar tudo”.

Acusada de liderar o esquema de desvios no pagamento dos precatórios, Carla Ubarana foi presa no dia 31 de janeiro, em Recife. Em Natal, dividiu uma das celas do pavilhão feminino do Complexo Penitenciário DR João Chaves com a espanhola Lourdes Cañadas (acusada de tráfico) e com a empresária Noélia Araújo (acusada de fraudes). Somente nas últimas semanas é que se mostrou disposta a colaborar nas investigações, entregando documentos, que contém além de nomes, contas bancárias, que comprovam quais eram os favorecidos pelo esquema e como era ‘esquentado o dinheiro’.

Carla disse que “tinha esperança de recuperar tudo, mostrando a autoria dos fatos” aos promotores públicos, mas a possibilidade de manter os bens está afastada e é, inclusive, citada no termo de colaboração que ela assinou com o Ministério Público Estadual. George Leal, o marido de Carla, também foi beneficiado pelo acordo para a prisão domiciliar do casal, mas ainda não assinou o termo de colaboração.

No último sábado em que ficou no presídio, Carla recebeu a visita da mãe, a quem entregou uma sacola com a maior parte das roupas. Algumas peças, no entanto, ficaram no presídio para que fossem doadas às detentas.

Dois dos investigados pelo Ministério Público ainda continuam presos, Carlos Eduardo Palhares de Carvalho que dividia cela com George Leal, e Carlos Alberto Fasanaro Júnior. Na sexta-feira, 23, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou ouvir os dois, mas eles se recusaram a falar, alegando que tinham orientação dos advogados para não dar entrevistas.

Fonte: Tribuna do Norte

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Jornalismo

Precatórios do TJ: Contas de Carla Ubarana não batem

ENTRE OS INDÍCIOS de corrupção que levaram o Ministério Público a denunciar, em fevereiro passado, cinco pessoas por desvio de dinheiro público na divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça está o crescimento surpreendente do patrimônio material do casal George Leal e Carla Ubarana. Os dois são apontados como líderes da quadrilha que agia no TJ. A evolução financeira coincidiu com o período em que Carla Ubarana chefiou o setor de precatórios do Tribunal, de 2007 a 2011.

O NOVO JORNAL teve acesso com exclusividade esta semana ao relatório elaborado pelos auditores fiscais da Receita Federal mostrando as movimentações financeiras, nos últimos cinco anos, de cada um dos denunciados na Operação Judas. O documento foi feito com autorização da Justiça e revela, em todos os casos, diferença entre os rendimentos declarados no Imposto de Renda e as respectivas movimentações financeiras nas contas correntes.

O caso mais curioso é o do empresário George Luís de Araujo Leal. De 2007 até o primeiro semestre do ano passado, o marido de Carla declarou R$ 2,016 milhões ao Imposto de Renda, mas a movimentação financeira no mesmo período foi de R$ 6,063 milhões, ou seja, três maior que o rendimento declarado. Nesse tempo, George só não declarou valor algum no primeiro semestre de 2011. Em compensação, movimentou R$ 2,9 milhões nos primeiros seis meses do mesmo ano. Um dado que chamou a atenção dos promotores de Justiça do Patrimônio Público foi a relação entre rendimento e movimento de recursos em 2007, justamente quando Carla Ubarana passou a chefiar o setor de precatório do TJ. Durante todo o ano, o empresário declarou apenas R$ 15.870,00, mas movimentou na conta um montante de R$ 451.429,49, o equivalente a 28 vezes mais que o rendimento que consta na declaração de imposto de renda.

Outro detalhe estranho que não passou despercebido para os promotores foi a ausência de movimentação financeira com base na Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (DIMOF) em 2009 para rendimentos de R$ 163.153,00. “No ano-calendário 2010, verificou-se uma diferença de mais de R$ 800 mil dos rendimentos declarados, além de uma discrepância se comparada mês a mês com esses rendimentos”, analisaram os promotores na denúncia apresentada em fevereiro à Justiça.

No mesmo documento o Ministério Público fez uma relação da evolução financeira com o patrimônio material adquirido em 2011, quando George comprou da empresa Delta Veículos Ltda. um Mercedez Benz SLS63AMG, dando como entrada um veículo Mercedez Benz E350. “Também foi adquirido outro veículo MB GL500, dando como entrada um veículo SPORT 5.5 V8”, aponta a denúncia.

Carla movimentava duas vezes mais dinheiro que o declarado

Se George Leal chegou a triplicar a diferença entre o que declarava ao Imposto de Renda e o que movimentava na conta entre 2007 e 2011, Carla Ubarana duplicou seu patrimônio financeiro no mesmo período. A ex-chefe da divisão de precatórios do TJ declarou um rendimento total na época de R$ 632.091,00 mas movimentou, segundo o relatório dos auditores i scais da Receita Federal, R$ 1.559.792,00.

Tal qual o marido, Carla só não declarou valor algum no primeiro semestre de 2011. A maior diferença aconteceu em 2007, primeiro ano em que dirigiu o setor de precatórios. A conta não fecha. Somados os rendimentos declarados chega-se ao valor de R$ 139.852,45.Por outro lado, neste mesmo ano ela movimentou R$ 372.904,02. A diferença que não bate é de R$ 233,051 mil. “Da análise, concluiu a Receita Federal que, nos calendários de 2007, 2008 e 2010, a movimentação financeira da denunciada Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal foi de, aproximadamente, duas vezes os rendimentos consignados em Declaração de Impostos de Renda Pessoa Física (DIRPF)”, diz a denúncia. Os promotores do Patrimônio Público estão convictos de que com o rendimento declarado no DIRPF o casal não teria condições de adquirir, de forma lícita, o patrimônio material que possuem.

Carla Ubarana era servidora efetiva do Tribunal de Justiça e, a partir de 2007, acumulou a chefia da divisão de precatórios. Segundo a assessoria de comunicação do TJ, pelo cargo que ocupava ela recebia um salário bruto de R$ 8.500,00. Além do subsídio, Carla também ganhava R$ 120 de auxílio saúde e R$ 889 de auxílio alimentação.

A assessoria não soube informar há quanto tempo Ubarana trabalhava no TJ, mas explicou que o salário de um técnico inicial é de R$ 2.964,35. Quando um funcionário é alçado a um cargo de chei a ele pode optar por manter o salário de efetivo agregando-o aos vencimentos da função ou aceita um subsídio (espécie de verba de gabinete) que seria incorporada ao salário de chefe no lugar do salário de efetivo.

Fonte: Novo Jornal

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Jornalismo

Delação premiada pode ser a saída pra Carla Ubarana e George Leal

“Se o Ministério Público pedir a absolvição, eu absolvo”. A frase do juiz da 7ª Vara Criminal, José Armando Pontes, deixa expressa a possibilidade de perdão judicial para Carla Ubarana e George Leal após a delação premiada acordada com o Ministério Público Estadual. Armando Pontes falou em tese sobre qualquer ação penal onde o MP pede a absolvição dos acusados. O juiz, seguindo o mesmo raciocínio utilizado na concessão da prisão domiciliar, afirmou que, no seu entender, não há como o magistrado condenar por si só, sem o pedido de condenação por parte dos promotores.

Segundo José Armando Pontes, o magistrado pode até absolver quando o Ministério Público pede a condenação, mas nunca o contrário, ou seja condenar quando o MP requisita a absolvição. “Essa é uma tendência que vem sendo seguida pela magistratura. Há inclusive um livro publicado pelo juiz federal Walter Nunes, onde essa tese é explicitada e defendida”, diz José Armando Pontes. O mesmo raciocínio foi utilizado quando os promotores do Patrimônio Público pediram a substituição da prisão preventiva no sistema prisional para prisão preventiva domiciliar.

“Quando o MP pede absolvição, eu defiro sem pestanejar”, reitera o titular da 7ª Vara Criminal. E complementa: “O Ministério Público é o defensor dos interesses da sociedade, é como o “dono” da ação criminal, o propositor da ação criminal. Se ele, que por suposto deve defender o interesse da sociedade, defende a absolvição, o magistrado não deve decidir em contrário”. José Armando Pontes se refere à ação penal já existente na 7ª Vara Criminal, que trata dos crimes identificados na primeira parte da investigação. Novos nomes ou novos crimes que porventura surjam serão tratados em processos autônomos.

A instrução da ação penal deve ser finalizada na próxima sexta-feira, com os depoimentos tomados em audiência. “A minha expectativa é terminar a instrução desse processo ainda na próxima sexta-feira. Até porque são poucas testemunhas”, avalia José Armando Pontes.

O titular da 7ª Vara Criminal esclareceu que não pediu nenhum tipo de escolta especial para o casal Ubarana. “O ofício que eu expedi não continha nenhuma especificação para escolta especial. A escolta, nos termos que eu deferi, funciona unicamente para impedir a fuga dos presos”, relata.

O Ministério Público Estadual tem poderes para requisitar à Polícia Militar uma escolta diferenciada, segundo explicação do próprio magistrado. “A própria Polícia Militar pode, caso entenda necessário, oferecer um tipo de policiamento diferente. Mas não foi uma determinação minha”, aponta.

As informações acerca dos detalhes da “delação premiada” acertada entre Carla Ubarana e o Ministério Público Estadual ainda estão mantidas sob sigilo. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou, sem sucesso, contato com o Ministério Público Estadual e a defesa de Carla Ubarana

Memória

A Operação Judas foi gerada a partir de fortes indícios de desvio de recursos no setor de precatórios, começou ainda em janeiro, com a exoneração de Carla Ubarana. Carla era a chefe do setor e a principal suspeita de ter desviado dinheiro repassado por prefeituras e o Governo do Estado, além da União. Uma comissão para averiguar o que de fato havia acontecido foi instalada no dia 10 de janeiro. Treze dias depois a presidente do TJ, Judite Nunes, entregou ao Ministério Público Estadual um relatório que serviria de base para uma investigação mais aprofundada. Além do MPE e do próprio TJ, o Tribunal de Contas do Estado realiza uma inspeção extraordinária para quantificar o montante final dos desvios.

O Ministério Público Estadual, com auxílio dos agentes da Polícia Civil, cumpriu seis mandados de prisão, busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Armando Pontes, em substituição na 5ª Vara Criminal, contra a servidora do TJ, Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal; George Luís de Araújo Leal, esposo de Carla; Cláudia Suely  Silva de Oliveira Costa, funcionária particular de Carla e George; Carlos Eduardo Cabral Palhares de Carvalho, amigo do casal; Pedro Luís Silva Neto, servidor do Banco do Brasil e Carlos Alberto Fasanaro Júnior, amigo do casal. Pedro Luís Neto não foi incluído na denúncia. Foi considerado inocente, portanto.

Na última segunda-feira, Carla Ubarana acertou com o Ministério Público Estadual um termo de colaboração premiada, ou delação premiada, como é popularmente conhecido. Ubarana irá colaborar com as investigações e apontar novos participantes.

Fonte: Tribuna do Norte

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Judiciário

Liberação de precatório rendia 50% de propina no TJ de Tocantins

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre desvios cometidos pela cúpula do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) revelaram uma série de irregularidades na distribuição, liberação e pagamento de precatórios. O esquema, segundo a apuração, quebrou ilegalmente a ordem de quitação das dívidas judiciais e cobrou de beneficiários um pedágio que alcançava quase 50% do valor do precatório para ser rateado entre servidores, advogados e dois desembargadores. Até o companheiro de uma magistrada teria recebido parte desses recursos.

A denúncia de 152 páginas do Ministério Público, encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), narra nove casos de desvios com precatórios. Diante das fortes suspeitas, a Corregedoria Nacional de Justiça realizou uma espécie de “intervenção branca” no setor de precatórios do tribunal. Enviou uma juíza da corregedoria para o TJ tocantinense e ainda pôs à disposição dos servidores o Tribunal de Justiça do Distrito Federal para auxiliar nos trabalhos.

Acordo ou nada. “Aos clientes, pressionados pelos advogados e pela demora no recebimento dos valores, restavam duas opções: entravam em acordo com o grupo e recebiam uma parte a que teriam direito, ou não concordavam e viam seus precatórios serem preteridos, enquanto aguardavam, impotentes”, afirmou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, na denúncia.

A servidora pública Marciley Leal de Araújo Barreto, da Divisão de Precatórios do TJ-TO, disse em depoimento que no tribunal não havia uma ordem média de duração para o pagamento das dívidas judiciais. Mas ela disse saber que havia precatórios com até 13 anos de existência sem ainda terem sido quitados. O esquema, segundo as investigações, conseguiu a liberação dos precatórios em menos de um ano.

Segundo o MP, a desembargadora Willamara Leila de Almeida é acusada de liderar um esquema de liberação indevida de precatórios após assumir a presidência do tribunal. A magistrada estaria envolvida em irregularidades em sete dívidas judiciais. Ela atuava, segundo a denúncia, com a ajuda do seu companheiro, João Batista de Moura Macedo, oferecendo a advogados o rápido pagamento das dívidas judiciais mediante divisão da verba.

Patrimônio. Logo após o rateio do dinheiro do esquema, os investigadores descobriram que Willamara e João Batista compraram imóveis, terrenos, gados e um automóvel de luxo.

O advogado de Willamara, Alberto Toron, negou que ela faça parte de uma quadrilha. A defesa disse que, dos sete precatórios em que ela é acusada de irregularidades, em apenas um, de 2009, a ordem de sequestro partiu da magistrada. E nele, frisou, não houve quebra ilegal de ordem dos pagamentos.

Para buscar a rejeição da denúncia contra ela no STJ, a defesa ainda argumentou que não há uma única ligação telefônica ou depósito bancário feito na conta dela. O advogado recusou a afirmação de que os recursos dos precatórios desviados por ela e pelo companheiro serviram para comprar bens. Ela disse que o salário dela e negócios e empréstimos feitos por João Batista serviram para bancar as aquisições.

Defesa. Toron, que chama a acusação contra sua cliente de “fantasiosa”, culpa os advogados por terem indevidamente usado o nome de Willamara. “O fato de advogados terem, em tese, conseguido a contratação de clientes afirmando que conseguiriam, também em tese, ‘tornar mais ágil’ ilegalmente o pagamento de precatórios não pode arrastar automaticamente a defendente ao polo passivo da Ação!”, criticou o advogado.

Outro caso envolve o desembargador Carlos Luiz de Souza, então vice-presidente do tribunal. Em uma decisão datada de 25 de novembro de 2010, Souza decidiu alterar a ordem da liberação dos precatórios com base no Estatuto do Idoso. Os investigadores, contudo, descobriram que a beneficiária com o pagamento da dívida judicial tinha apenas 42 anos.

À Justiça, Carlos Luiz de Souza disse que as decisões de dar preferência a processos se deram em razão de despachos da então presidente, Willamara de Almeida. “Então nenhum deles foi pago fora da ordem”, afirmou o desembargador.

Fonte: Estadão

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Judiciário

Precatórios do TJ: Ameaças e certeza de condenação teriam levado casal à delação

Ameaças e a certeza da condenação pesaram na escolha de Carla Ubarana em acordar a delação premiada com o Ministério Público Estadual. Segundo fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE, o casal sabia desde o início que as possibilidades de absolvição eram quase nulas. Além disso, os dois principais envolvidos, até então, nos desvios de recursos do setor de precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, relataram a vários interlocutores ter recebido sucessivas ameaças. Essas ameaças justificam o aparato especial de segurança dispensado para o casal.

Júnior SantosCarla Ubarana assina acordo de delação sem o marido

As ameaças a Carla Ubarana e George Leal ocorreram por mais de uma vez e por interlocutores diferentes, segundo fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE, mas sempre em horário de pouco movimento e de forma indireta. Durante o tempo em que passaram presos (49 dias), o casal não chegou a sofrer qualquer tipo de agressão física dentro dos presídios, mas viu aumentar a possibilidade de serem alvo de um atentado. Segundo a fonte do jornal, o marido de Carla Ubarana disse, textualmente, ter sido avisado para que “tomasse cuidado para não morrer”.

George Leal recebeu o “recado” para tomar cuidado em duas ocasiões, por pessoas que não eram detentos. Ele estava preso no Presídio Provisório “Professor Raimundo Nonato”, em uma cela com Carlos Alberto Palhares, também investigado no esquema de fraudes no setor de precatórios. Segundo a direção da unidade, George e Carlos Alberto não tinham contato com outros presidiários. Eles não participavam do banho-de-sol e as refeições eram feitas nas celas.

Já a ex-chefe do setor de precatório do TJRN, Carla Ubarana, estava presa na ala feminina do Complexo Penal “Dr. João Chaves” e tinha como companheira de cela a espanhola Lourdes Cañada, presa por tráfico de drogas. Carla teria ouvido “ameaças durante a noite, depois que as luzes das celas eram apagadas”. Outras detentas, segundo ela, teriam dito que “a hora de Carla está perto de chegar”. Isso teria vencido a resistência dela, segundo fontes ouvidas pelo jornal, em negociar a delação premiada com o Ministério Público.

O casal de acusados não adiantou para os promotores, ao relatar as ameaças ouvidas, nomes de quem fez os comentários sobre a segurança física dos dois nem a quem pensam atribuir a origem dos “recados”. A comprovação da veracidade das ameaças e a identificação dos possíveis autores podem vir a constituir uma linha dentro da ampliação das investigações sobre as fraudes no TJRN e novos beneficiados pelo esquema de desvios de dinheiro.

O Ministério Público e os advogados de defesa de Carla Ubarana e George Leal evitam falar sobre o assunto, mas outros aspectos da prisão domiciliar oferecida ao casal comprovam que as ameaças ocorreram e que os promotores temem pela segurança física dos acusados.

No pedido enviado ao comando da Polícia Militar, para “proteção especial” dos dois, foi ressaltado a necessidade de ser empregada “tropas bem preparadas e de inteira confiança”. A guarda na residência de Petrópolis é de 24 horas e feita por homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a “tropa de elite” da PM, que fazem o revezamento constante na guarda da residência. Os policiais do Bope também foram os responsáveis por levar Carla Ubarana e George Leal das unidades prisionais até a residência.

Outro fato que não é discutido abertamente, mas vem sendo cogitado, é a inclusão de Carla Ubarana e George Leal no Programa de Proteção à Testemunha. O advogado Marcos Braga, que acompanhou o casal ao Ministério Público no dia em que a delação premiada foi fechada e permanece trabalhando na defesa, disse que não prestaria informações à imprensa e sequer chegou a responder se cogitava o pedido de inclusão dos clientes no programa de proteção especial. Legalmente, o pedido pode ser feito também pelo Ministério Público, caso entenda que é necessária, além da proteção às testemunhas, a defesa dos familiares e pessoas ligadas às pessoas que podem colaborar com as investigações.

Certeza de condenação leva Carla a aceitar acordo

Outro fator decisivo para a escolha de Carla Ubarana – que assinou a delação premiada sozinha, sem o marido George Leal – foi a “certeza” da condenação. Desde a prisão e a apresentação das provas por parte do Ministério Público e da Polícia Civil, o casal foi alertado das poucas chances de absolvição. O máximo a esperar seria conseguir uma pena menor. A partir disso, a estabilidade emocional de Carla Ubarana foi definhando. O momento de maior tranqüilidade da acusada, de acordo com pessoas que a acompanharam de perto na prisão, foi segunda-feira, na noite anterior ao depoimento prestado aos promotores.

A condenação, garantida em tese, implicava necessariamente na perda da maior parte dos bens acumulados nos últimos anos. Essa informação também chegou a Carla Ubarana logo no início do processo. “Os depoimentos dos laranjas trouxeram dados que corroboravam diretamente as informações documentais coletadas pelos promotores. Isso tornou as provas existentes na peça de acusação muito contundentes”, explicou uma fonte que teve acesso aos termos da defesa do casal Ubarana.

A delação foi a maneira encontrada pelos réus para tentar atenuar a própria culpa. Em primeiro lugar, significa uma confissão, tanto que Carla Ubarana deu pela primeira vez, durante a primeira audiência, detalhes sobre o funcionamento do esquema. Essa “confissão” implica necessariamente na perda de todos os bens acumulados durante os anos que foi chefe do setor de precatórios. “O acordo entre o Ministério Público e Carla inclui necessariamente abdicar de todos os bens. Carros, imóveis – com exceção do bem de família – contas bancárias ainda não identificadas, entre outras coisas, serão usados para repor o dinheiro desviado”, explicou outra fonte.

Apesar de ser considerada por Carla a única forma de atenuar sua pena, a delação premiada não contava com o apoio do advogado Felipe Cortez, que requisitou na última quarta-feira o desligamento da causa. Cortez avaliou que houve quebra de confiança no processo. Carla e George negociaram com o Ministério Público sem o conhecimento do advogado. “Houve quebra de confiança. Não posso continuar num processo onde o cliente não confia inteiramente no advogado”, explicou Felipe Cortez à reportagem, ainda na última quarta-feira, antes do anúncio da delação premiada. O advogado, após renunciar à causa, disse não ter mais nada a comentar acerca do caso.

Fonte: Tribuna do Norte

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Judiciário

Precatórios TJ: Auditoria interna foi entregue ao CNJ

A auditoria interna feita pelo Tribunal de Justiça para apurar as irregularidades no pagamento de precatórios e coordenada pelo desembargador Caio Alencar, elaborou dois relatórios que já foram entregues ao Conselho Nacional de Justiça.

Ambos entregues em Brasília pessoalmente pela Desembargadora Judith Nunes, presidente do TJ-RN nas duas viagens que fez a capital federal nas últimas semanas.

O primeiro relatório deu a dimensão e valores do rombo provocado pelos desvios. O segundo relatório nominou os responsáveis pelos desmandos e irregularidades. Neste segundo relatório constam nomes de desembargadores.

As investigações a respeito do desvio de precatórios e a decisão da presidente de convocar o Ministério Público a acompanhar a apuração do caso ajudaram a azedar as relações entre desembargadores. A insatisfação de alguns com a presidente é indisfarçável.

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Jornalismo

Precatórios: Até agora, ninguém conseguiu tirar grandes informações de Carla Ubarana

Nem Polícia Civil, nem Ministério Público, nem ninguém. Até agora, ninguém conseguiu tirar grandes informações de Carla Ubarana acerca do esquema de fraudes nos pagamentos dos precatórios feitos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN).

Apenas pequenas informações foram tiradas no depoimento de terça-feira, que durou mais de quatro horas, com um detalhe, Carla, que ocupava o cargo em comissão de chefe da Divisão de Precatórios, confirmou que tudo o que foi encontrado é de responsabilidade dela, eximindo o marido George Leal e terceiros como a ex-secretária particular Claudia Sueli e os amigos-empresários Carlos Eduardo Palhares e Carlos Alberto Fasanaro.

De acordo com fontes bastantes seguras, ligadas diretamente ao processo, até agora nada de relevante foi tirado dela. Ainda bem que alguns documentos, por si só, já causam provas, porque se depender do que foi dito até agora, muitas coisas ainda vão ficar obscuras e inexplicáveis.

Muito chegou a se especular que Carla já teria dito muita coisa para conseguir delação premiada, mas até agora não se confirmou. Novos encontros dos promotores com Carla serão realizados para novos depoimentos, os promotores tem certeza que a ex-chefe do setor de precatórios tem bem mais coisa para falar.

Poderá até aparecer novos nomes e elementos, mas será nas próximas conversas. Por enquanto nada!!!

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Judiciário

Precatórios do TJ: Bomba de efeito retardado

Embora corra em segredo de justiça, o processo que envolve desvios de verbas no setor de precatórios do Tribunal de Justiça transforma-se cada vez mais numa bomba relógio.

O episódio mais recente foi o depoimento do casal apontado como principal beneficiário dos desvios.

Carla Ubarana e George Leal prestaram depoimento anteontem por meio de delação premiada.

Ampliaram-se, após o depoimento de Carla e George, as suspeitas de que tenham envolvido os nomes de outras personagens do TJ no escândalo do precatórios, inclusive juízes e desembargadores.

A informação não é confirmada pelos advogados nem pelos representantes do judiciário e do MP que tomaram o depoimento dos dois.

Pelo acerto que fizeram com as autoridades, Carla e George puderam ser transferidos do presídio em que estavam, na Zona Norte (Ele, no Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes; ela, no Presídio Feminino João Chaves) para a residência deles.

A conversão da prisão em domiciliar foi o primeiro benefício que ganharam após os depoimento que prestaram à Justiça e ao Ministério Público.

Nos interrogatórios anteriores, o casal optou pelo silêncio. O NOVO JORNAL apurou que o ambiente dentro do Tribunal de Justiça ficou mais tenso após a revelação de que Carla e George haviam aceitado a delação premiada.

Há informações também não confirmadas indicando que os novos depoimentos já resultaram em medidas práticas.

O Ministério Público teria pedido a quebra de sigilo bancário de alguns desembargadores. Existe rumores que juízes também estejam envolvidos. A radio pião tem tocado de tudo.

Ninguém diretamente envolvido com a apuração do caso aceitou falar ontem sobre esse novo capítulo do caso dos precatórios no Tribunal de Justiça.

Fonte: Novo Jornal

Do Blog: Durante o processo se ficar comprovado à participação de desembargadores, esse processo dos precatórios obrigatoriamente terá que subir para a Procuradoria Geral da Republica, que nesse caso é quem tem autonomia para pedir quebra de sigilo bancário de desembargador. Nos próximos dias não deveremos ter novidades a respeito dessa caso, mas que ainda vai ter fortes emoções, isso vai.

 

Opinião dos leitores

  1. Acho que o pior castigo pro casal é conviver no mesmo espaço 24 horas por dia. Esse Ministério Público é mesmo do balacobaco, rsrsrs. 

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