Educação

MPF recorre buscando condenação de professores da UFRN por improbidade

Os dois receberam gratificação extra por regime de “dedicação exclusiva” e, ainda assim, trabalharam fora da universidade durante vários anos

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da absolvição dos professores da UFRN Manoel Gadelha de Freitas Júnior e Antônio Sérgio Macedo Fonseca, acusados de violar as restrições ao regime de dedicação exclusiva da universidade, gerando prejuízo de R$ 456.840,13 aos cofres públicos. Os dois receberam salário superior para se dedicar apenas à universidade, porém atendiam – como médicos – em clínicas privadas, o segundo, e em uma prefeitura do interior, o primeiro.

O Tribunal de Contas da União (TCU) já apontou que a UFRN é o caso mais grave, dentre as universidades e institutos federais, “em relação a servidores em situação irregular, por possuir outros empregos incompatíveis com o cargo ocupado.” Ainda assim, a sentença de primeira instância absolveu ambos, mesmo a juíza admitindo que, “de fato, houve descumprimento do regime de dedicação exclusiva por parte dos professores”.

Em relação a Manoel Gadelha a sentença foi no sentido de que a conduta “não se enquadraria como ímproba”, se resumindo a mera “irregularidade administrativa” e, no tocante a Antônio Sérgio Macedo, não teria havido dolo, ou má-fé, em sua ação. Em decorrência disso, e de uma alegada prescrição, também foi negado o pedido de ressarcimento do prejuízo.

No recurso, de autoria do procurador da República Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes, é demonstrado que ambos tinham plena consciência da improbidade que cometiam, desde que assumiram seus cargos na universidade. No regime de dedicação exclusiva (DE), de acordo com o Decreto 94.664/87, o servidor tem a obrigação de “prestar 40 horas semanais de trabalho em dois turnos diários completos e impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada”. Em contrapartida, esse profissional recebe salário maior que o oferecido a quem mantém mesma carga horária, porém sem dedicação exclusiva.

“Aquele que opta pelo regime de Dedicação Exclusiva sabe perfeitamente que está recebendo uma remuneração maior para não exercer outra atividade remunerada, pública ou privada, de modo que o seu dolo resta evidente quando burla esse comando, inclusive podendo rir e fazer troça daquele professor que optou pelo regime simples de 40h”, enfatiza o MPF. Ao deixar de punir essas ilegalidades, a Justiça abre brecha para que todos os professores que optaram pelo regime de 40h venham a buscar o regime de DE, mesmo sem se dedicar exclusivamente à UFRN.

Fatos – Manoel Gadelha exerceu, de março de 2000 até sua aposentadoria da universidade, em de abril de 2009, o cargo efetivo de médico pediatra da Prefeitura de Extremoz, ao mesmo tempo em que era docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRN, com “dedicação exclusiva”. Ele só veio a deixar o cargo de médico em 2011. “O próprio demandado, ao prestar depoimento em juízo, confirmou que exerceu o cargo de médico pediatra (…) e, indagado pelo juiz se tinha ciência sobre a ilegalidade de sua conduta, concordou que não seria legal.”

Já Antônio Sérgio Macedo é docente do Departamento de Pediatria da UFRN, submetido à jornada de dedicação exclusiva, desde maio de 1993 até os dias atuais, porém nunca deixou de realizar consultas em clínicas. Foi constatado seu vínculo – “até pelo menos o ano de 2005” – com a Clínica AMI; e ainda até pelo menos fevereiro de 2014, com o Instituto de Onco-Hematologia de Natal – IOHN; bem como, até o momento, com a rede do plano de saúde Amil.

Na AMI, em consultório alugado, ele fazia até 2005 consultas dois dias na semana, totalizando oito horas, fato que o próprio Antônio Sérgio confirmou em depoimento. Os vínculos com a Amil e o IOHN também foram comprovados durante as investigações e pelo acusado. “Ao contrário do entendimento exposto na sentença (…), o dolo na conduta do referido demandado também resta inquestionavelmente demonstrado nos autos”, entende o MPF.

O procurador lembra que, se desejassem exercer atividade remunerada fora da instituição, eles poderiam simplesmente abrir mão do regime de DE e optar pelo cargo de 20 ou 40 horas semanais. “Chegou a hora de pôr um basta nessa prática costumeira e nefasta”, destaca.

Ressarcimento – O MPF também alega falha na sentença de primeira instância, que considerou ter havido uma suposta prescrição quanto ao ressarcimento dos danos. “O Plenário do Supremo Tribunal Federal (…) firmou a tese de que são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário, fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.” O mesmo entendimento foi consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça.

O recurso do MPF (dentro do processo 0800312-25.2016.4.05.8400) deverá ser encaminhado à apreciação do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

 

Opinião dos leitores

  1. O interessante é que magistrado, promotor, procurador, advogado público podem ser professor da ufrn.

    1. Eles não são dedicação exclusiva, recebem remuneração menor que aquele professor dedicação exclusiva.

  2. O MPF tem que fazer uma varredura nessas universidades federais,virou uma quadrilha PTralha…aonde só querem direitos e NADA DE deveres

  3. O nome é dedicação exclusiva e o cara ainda me vem com essa pelezança de querer comer por fora, pqp que ganância. Era só pedir pra reduzir a carga-horário e perder o DE, que eles poderiam atender até na Guatemala.

  4. Então quer dizer que virou Jurisprudência, todo mundo pode cometer o mesmo crime e não haverá punição, é isso?!

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Diversos

Professores da UFRN aprovam paralisação para o dia 22

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ADURN) aprovou nessa segunda-feira (19) paralisação das atividades para o dia 22. A votação marcou a adesão dos docentes da UFRN ao Dia Nacional de Paralisações, marcado para 22 de setembro. A 14° Assembleia Geral Extraordinária aconteceu no auditório da Escola de Música da UFRN.

Na pauta da Adurn também estava em debate a PEC241, #LeidaMordaça,#PLP257 #reformadaprevidência, cobrança de mensalidades nas Universidades Públicas e defesa do pré-sal.

Opinião dos leitores

  1. Privatize ja.. ta cheio de marajas la. Sobra assim recursos para transferir para o ensino publico fundamental e basico.

    1. Concordo. Quem tem dinheiro deveria contribuir.
      Não adianta "democratizar" o ensino superior dessa maneira, sem o alunado ter uma base boa.
      Democratização verdadeira do ensino é no 1. e 2. graus. "Democratização" na UFRN é só pra fazer lavagem cerebral comunista.

  2. Veja quanta coincidência, o dia da paralisação (22) é justamente a data escolhida pela campanha de Mineiro para trazer a Natal, O "Big capo" Luiz Inácio…..
    Aí ficam com raiva, qdo o povo se revolta e reclama q os "bolivarianos" não são tão chegados ao trabalho….Tenha santa paciência !!!

  3. Só uma desculpa para irem todos lamber o saco de LULADRÃO que vem apoiar a campanha derrotada do PT em Natal.

    Vão trabalhar e fazer jus aos salários que recebem, PTralhas iludidos!!!!!!!!!!!!!!!

  4. PARASITAS E VAGABUNDOS VERMELHOS!!! O NÍVEL DOS ALUNOS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS NOS ÚLTIMOS 14 ANOS É DE DAR DÓ E PIEDADE. O PT LADRÃO DAS VERGONHOSAS QUOTAS, DA CORRUPÇÃO, DO ROUBO AINDA QUER ESPERNIAR,. VÃO TRABALHAR VAGABUNDOS PETISTAS (PROFESSORES UFRN, IFRN) BANCÁRIOS(CAIXA E BB) E, PASMEM, OS ANALFABETOS PETROLEIROS.

    1. Quais os dados que o senhor tem Ricardo?
      a Universidade Federal, UFRN, que eu estudo vem aumentando seus índices vertiginosamente nos últimos 10 anos. Tem profissionais atuando no exterior através do "ciência sem fronteira", vem ajudando o seridó do nosso estado com a questão da falta d'água, fomentando a produção agrícola e a pecuária através da Escola de Jundiaí. Você sabia que as melhores startups de tecnologia estão aqui em Natal? superando até mesmo as de São Paulo, sabe onde essas startups são encubadas? no Instituto Metrópole Digital – UFRN.

    2. Concordo!!!
      É mesmo.
      Os professores ficam loucos com os alunos quase semi-analfabetos. Uma tristeza!

    3. Antônio, investir no Ciências sem Fronteiras para os alunos irem atuar no mercado de trabalho do exterior?
      E o Brasil? Como fica?
      Governo tem a obrigação de investir na Educação Nacional e para os Brasileiros darem um retorno ao seu país.

  5. A cegueira da população chega a ser dantesca, ou as pessoas que aqui comentam fazem parte da classe social "UNP". Após anos de investimento pesado por parte do governo federal a UFRN está prestes a perder todas as conquistas. A UFRN hoje está pronta para fornecer não só mão-de-obra qualificada mas também tecnologia para desenvolver a indústria e o comércio nacional, a entrega desta instituição para iniciativa privada, mesmo que em parte, provocará além do impacto social (seu filho não poderá mais ter educação de qualidade acessível) um impacto para o futuro do Brasil, a comercialização da educação do Brasil será um espelho das "faculdades" da nossas cidade, formando profissionais fúteis, com índices deploráveis e nenhuma visão além.

    1. O mote, pano de fundo para tentar justificar a paralisação é esse. Qual o real? Fora Temer?
      Vão fazer uma paralisação por uma "perspectiva" de privatização de alguns serviços?
      Esquecem propositalmente que o corte no orçamento é geral, com reflexo direto do desmonte, sendo fruto da desastrosa política do PT que afundou o Brasil em uma recessão tenebrosa.
      Só se faz investimentos com recursos e o PT ESVAZIOU OS COFRES PÚBLICOS.
      Hora de cada um assumir seus erros, pois a HERANÇA MALDITA DEIXADA PELO PT ainda vai dar muita dor de cabeça.
      Professor universitário tem que ter o compromisso MORAL de falar de FATOS e não especulações e arranjos tenebrosos.

    2. A partir do momento que as pessoas ou o próprio governo acha o investimento em educação um gasto é necessário se preocupar, o nosso país sempre teve essa tendencia, isso reflete nosso empresariado e indústria míopes com perspectivas mesquinhas e lutando contra as "injustiças" governo, quando na verdade tem jazidas de ouro do seu lado como a universidade e quando faz uso desta instituição na forma de contratar profissionais lá formados o sufocam com as práticas "clássicas e conservadoras". Medidas a qualquer custo colocando a conta na chamada "herança maldita do PT" devem ser vistas com cuidado, é necessário ser criterioso com essa tendencia minimalista, é óbvio que nem tudo que o governo petista tocou é mal.

  6. Dia Nacional de Paralisações. Todos juntos e unidos!
    Nenhum direito a menos!

    #ForaTemer #Golpista

    PS* O IFRN também irá ter paralisação.

    1. Agora um que falou a verdade. PARALISAÇÃO POLITIQUEIRA E IRRESPONSÁVEL
      Vá cobrar a manutenção, impossível, dos investimentos a quem faliu o serviço público. Vá cobrar ao PT

  7. São apenas as viúvas do PT com mais uma capítulo de seu choro interminável. Não fazem greve, se dão umas férias porque não basta ganhar bem, trabalhar pouco e fazer menos ainda. É preciso dar uma parada para ir a casa da praia, ir mais os escritório/empresa particular, etc.
    Bando de parasita vermelho. Tá achando ruim? Tenta uma universidade privada. DUVIDO!
    Querem apenas boa vida.

  8. Isso é uma turma de Comunistas e esquerdistas. Os ladrões estão agindo como NUNCA ANTES NA HISTÓTIA DESSE PAÍS. Sinal dos tempos depois de 13 anos de destruição do Brasil pelo PT.

  9. Os caricimos professores universitários brasileiros, que ganham ( pasmem) mais de 50% a maus do que professores de países de primeiro mundo, esses mesmos que defendem a ideologia das esquerdas. Vem agora fazer greve, ora bando de parasitas vão trabalhar que vcs ganham muito bem e obrigado.

    1. Exato Paulo, GREVE POLÍTICA, NADA MAIS!
      MAIS UMA VERGONHOSA atitude dos esquerdopatas.
      Inicialmente tem que CORTAR O PONTO desde o primeiro dia. Em seguida as demais medidas cabíveis contra esses professores politiqueiros oportunistas.

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Educação

Professores da UFRN: TST aprova precatórios por unanimidade; advogado diz que vitória não deve ser questionada no STF

48c4cf8474a0d0dda7907493e9c1f75e“Vitória histórica dos professores da UFRN”, declara Fátima

 A frase acima foi proferida pela deputada e senadora eleita do Rio Grande do Norte, após acompanhar o resultado da ação Rescisória dos Precatórios, encaminhada pela ADURN, que foi aprovada, nesta terça-feira (16), por unanimidade, pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). A ação foi relatada pelos ministros Claudio Brandão ( relator) e Emmanuel Pereira ( revisor da ação).

Essa ação tem como objeto a incorporação e o pagamento de direitos sonegados pelo poder público, especificamente relativos ao cumprimento do que preconizava os Planos Econômicos Bresser e Verão.

“Essa é um vitória de 23 anos de luta, que corrigiu uma injustiça. Parabenizo a direção da ADURN, a assessoria jurídica e todos os professores por não desistirem da luta e terem apresentado essa nova ação rescisória”, afirmou Fátima. “Nosso mandato nasceu da luta social, com uma trajetória voltada prioritariamente para a defesa da educação e da cidadania, sempre somos parceiro dos servidores e dos trabalhadores”, ressaltou.

Segundo o presidente da Comissão dos Precatórios e vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-ADURN, Wellington Duarte, na história recente do sindicalismo potiguar, essa pode ser considerada, principalmente no movimento docente, uma das maiores vitorias. “Agora, vamos continuar nossa batalha, porque vencemos uma parte, falta receber os loiros”, disse. “Devemos também ressaltar o apoio do movimento politico. A senadora Fátima foi fundamental neste processo. Fátima, em momento algum, desistiu da nossa luta”, completou Wellington.

Após a votação, Fátima e os representantes da ADURN foram recebidos pelo ministro Emmanuel Pereira, que ressaltou a importância da deputada na aprovação da ação e declarou que essa foi a maior vitória concedida ao magistério brasileiro.


Advogado diz que vitória dos professores no TST não deve ser questionada no STF

O advogado Eduardo Nobre, responsável pela defesa dos professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte na  ação que resultou na  incorporação e pagamento de direitos a precatórios relativos aos Planos Econômicos Bresser e Verão, disse agora a pouco, em Brasília, que a decisão dificilmente será passível de recurso. “O posicionamento  de hoje dos ministros do TST é praticamente de última  instância. Em tese caberia questionamento ao Supremo Tribunal Federal, mas dificilmente isso ocorrerá porque não se trata de matéria constitucional e sim, exclusivamente processual” disse Eduardo Nobre.

O advogado comemorou a decisão ressaltando que os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte eram os únicos do país que ainda não haviam recebido a diferença dos planos econômicos.  “ Tivemos que correr contra o tempo para não perdermos o prazo para a entrada da Ação Rescisória. Quando assumimos a defesa estávamos há menos de 30 dias do término do prazo”, declarou Eduardo Nobre.

O  julgamento da ação, que  ocorreu em Brasília, foi julgada procedente pela unanimidade dos ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) .

Opinião dos leitores

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