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Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, descobriram que a extinção em massa que ocorreu 360 milhões de anos atrás, no fim do período Devoniano, foi causada por um rompimento na camada de ozônio. O estudo foi compartilhado nessa quarta-feira (27), na revista Science Advances.
A equipe coletou amostras de rochas durante expedições feitas em regiões polares e montanhosas do leste da Groenlândia, que, há milhões de anos, formavam um imenso lago quando a Europa e a América do Norte ainda eram póximas. Este lago estava situado no hemisfério sul da Terra e teria sido semelhante ao Lago Chade, localicalizado na beira do deserto do Saara.
Outras amostras foram coletadas das montanhas andinas acima do lago Titicaca, na Bolívia, que, também há milhões de anos, ficava mais próximo ao polo sul. Segundo os especialistas, analisar rochas de diferentes lugares permitiu comparar o evento de extinção próximo ao polo com o próximo à linha do Equador.
Para isso, os cientistas dissolveram as amostras em ácido fluorídrico, o que liberou esporos microscópicos de plantas que permaneceram preservadas por milhões de anos. No exame, os pesquisadores descobriram que muitos desses esporos, que são unidades de reprodução das plantas, tinham espinhos peculiares em sua superfície, além de paredes celulares mais escuras.
Estas alterações são uma resposta aos danos no DNA causados pela radiação dos raios ultravioletas (UV) — e é exatamente por isso que os cientistas acreditam que a camada de ozônio da Terra sofreu danos naquela época.
A equipe acredita que há 360 milhões de anos existiu um rápido aquecimento global cuja causa ainda é desconhecida. Esse clima mais quente resultou no derretimento das calotas polares, que, por sua vez, levou à liberação de substâncias químicas danosas que abriram um buraco na camada de ozônio. “Nosso escudo de ozônio desapareceu por um curto período nesta época antiga, coincidindo com um breve e rápido aquecimento da Terra”, disse John Marshall, líder da pesquisa, em comunicado.
De acordo com os cientistas, durante a extinção, as plantas sobreviveram seletivamente, mas foram muito prejudicadas quando o ecossistema florestal entrou em colapso. O grupo dominante de peixes daquele período foi extinto — e aqueles que sobreviveram (tubarões e peixes ósseos) permanecem dominantes em nossos ecossistemas até hoje.
Essas extinções ocorreram em um momento fundamental para a evolução de nossos próprios ancestrais, os tetrápodes, explicam os pesquisadores. Esses primeiros animais eram peixes que evoluíram para ter membros em vez de barbatanas, mas ainda viviam principalmente na água. A extinção redefiniu o sentido de sua evolução: os sobreviventes eram, em sua maioria, terrestres e tinha o número de dedos das mãos e dos pés reduzido a cinco.
O professor Marshall acredita que as descobertas de sua equipe têm implicações para a vida na Terra hoje, pois evidencia a importância de frear as mudanças climáticas que prejudicam o nosso planeta. “As estimativas atuais sugerem que atingiremos temperaturas globais semelhantes as de 360 milhões de anos atrás”, afirmou o especialista. “[Isso aumenta] a possibilidade de que um colapso semelhante da camada de ozônio possa ocorrer novamente, expondo a superfície e a vida marinha rasa à radiação mortal. Isso nos levaria do atual estado das mudanças climáticas para uma emergência climática.”
Galileu
Não dá. O carbono 14 só presta até 50.000 anos.
Que maravilha de pesquisa. Será que o método de "Carbono 14" foi utilizado nessa pesquisa?