Em depoimento à polícia, uma psicóloga, que atendeu o casal Matsunaga, disse que Elize tem indícios de “psicopatia, uma perversão e uma fantasia persecutória”. A profissional atendeu aos dois nos meses que antecederam o crime.
A bacharel em direito está presa desde o dia 5 de junho, por matar e esquartejar o marido, com quem teve uma filha. Ela transportou os pedaços do corpo em malas e os desovou em diferentes pontos da região de Cotia, na Grande São Paulo.
No depoimento à polícia, obtido pela revista Época, a psicóloga revela como Elize estava nos dias que antecederam o crime e dificulta a sua defesa. O advogado dela, Luciano Santoro, ainda tentou retirar o testemunho dos autos do processo, mas a Justiça negou o pedido. Ele disse que o inquérito sobre o caso já havia sido encerrado quando a psicóloga foi ouvida.
Segundo a psicóloga, o casal Matsunaga a procurou no dia 14 de março deste ano. Elize disse à profissional que os problemas do casal começaram após o nascimento da filha deles, em abril de 2011. Elize disse que não conseguia dormir direito e ficava irritada. Nessa época, começou a tomar remédios para dormir. O sono melhorou, mas a irritação permaneceu. A psicóloga contou que o casal brigava com frequência, por vários motivos. Sempre muito nervosa e irritada, Elize teria agredido o marido, Marcos Matsunaga, fisicamente e com palavras.
Segundo a reportagem da revista Época, a terapeuta contou ainda como Elize reagiu a duas supostas traições do marido. A primeira ela teria perdoado. Essa teria sido com uma funcionária do grupo Yoki, que ela teria descoberto ao entrar no e-mail de Marcos, em 2010 (as investigações não comprovam se essa traição realmente existiu).
Nas sessões de terapia, não foi mencionada a relação de Marcos com a garota de programa Nathália Lima. A psicóloga só ficou sabendo do episódio quando Elize ligou para ela, no dia 21 de maio, dois dias depois de matar Marcos. Ela contou que havia aproveitado uma viagem ao Paraná para contratar um detetive e seguir o marido. Na volta, o homem mostrou fotos de Marcos com “uma morena”.
Durante esse telefonema, Elize mentiu para a terapeuta. Disse que Marcos havia “saído de casa, levando uma muda de roupa e uma grande quantidade de dinheiro”. A terapeuta pediu que Elize fosse ao consultório devido ao seu estado emocional. Elize recusou a sugestão e desmarcou a consulta do dia seguinte porque “o casamento havia acabado”.
A psicóloga descobriu pela imprensa que a ex-paciente havia matado o marido. Com o assassinato, a terapeuta confirmou o que já havia notado nas consultas que realizara: “O psicodiagnóstico de uma personalidade que apresenta indícios de psicopatia, uma perversão, e uma fantasia persecutória [mania de perseguição]”.
Bloqueio de contas
O Ministério Público de São Paulo vai pedir o bloqueio das contas bancárias de Elize Matsunaga no Brasil e no Exterior — individuais e conjuntas. Uma reportagem da revista Isto É revela que a Justiça já autorizou a quebra de seu sigilo. Segundo o promotor de Justiça José Carlos Cosenzo, o MP quer investigar a coautoria do crime.
—Queremos saber de quem ela recebeu ajuda intelectual para os atos posteriores ao assassinato. Tenho a percepção de que é possível a coautoria na desova do corpo e no envio de e-mails falsos em nome do marido morto.
Fonte: R7
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