Polícia

Fundador da Qualicorp é preso em operação da PF que investiga suposto caixa 2 de Serra na campanha de 2014

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (21) uma operação que investiga suposto caixa 2 na campanha de José Serra (PSDB) ao Senado em 2014. O empresário José Serpieri Júnior, sócio e fundador da Qualicorp, foi preso após as investigações apontarem que ele fez doações não contabilizadas de R$ 5 milhões ao tucano.

Em nota, o senador José Serra disse que lamenta a espetacularização da investigação e que desconhece as acusações. Ele disse que “foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa”. (Leia a íntegra abaixo). O G1 aguarda um posicionamento da Qualicorp.

A operação, que foi denominada Paralelo 23, é uma nova fase da Lava Jato que apura crimes eleitorais e é feita em conjunto com o Ministério Público Eleitoral (MPE). As apurações se restringem a fatos de 2014, quando Serra ainda não tinha o mandato de senador. Por volta das 8h50, três dos quatro mandados de busca e apreensão já tinham sido cumpridos.

Resumo:

Serra, que havia sido denunciado por lavagem de dinheiro no início do mês (leia mais abaixo), é um dos alvos de mandados de busca e apreensão.

Foram expedidos mandados para serem cumpridos no gabinete de Serra no Senado, no apartamento funcional dele em Brasília e em dois imóveis do senador em São Paulo.

Investigações apontam doações por meio de operações financeiras e societárias simuladas, que ocultavam a origem ilícita dos R$ 5 milhões recebidos.

Segundo investigações, o empresário José Seripieri Júnior, fundador e acionista da Qualicorp, grupo que comercializa e administra planos de saúde coletivos, determinou doações não contabilizadas a Serra em duas parcelas no valor de R$ 1 milhão e uma de R$ 3 milhões.

Ao todo, são cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Itatiba e Itu.

O empresário José Serpieri Júnior, sócio e fundador da Qualicorp, foi preso.

Até por volta de 8h45, três pessoas haviam sido presas; entre elas Artur Azevedo. Ele teria pedido a prisão domiciliar por motivos de saúde, segundo o MP.

Também foi determinado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados.

Os outros alvos de mandados de prisão são:

Arthur Azevedo Filho
Mino Mattos Mazzamati
Rosa Maria Garcia

Segundo a operação, os investigados responderão por pelos crimes descritos abaixo, com penas de 3 a 10 anos de prisão:

associação criminosa (artigo 288 do Código Penal)
falsidade ideológica eleitoral (artigo 350 do Código Eleitoral)
lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei nº 9.613/1998)

Serra denunciado por lavagem de dinheiro

O senador José Serra já tinha sido alvo de outra operação no início deste mês, quando foi denunciado pela força-tarefa da Lava Jato em São Paulo por lavagem de dinheiro. Na ocasião, a filha dele, Verônica Allende Serra, também foi denunciada pelo mesmo crime.

Segundo o Ministério Público Federal, a Odebrecht pagou a Serra cerca de R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007, supostamente para usar na sua campanha ao governo do estado de São Paulo. Outros cerca de R$ 23 milhões foram pagos entre 2009 e 2010, para a liberação de créditos com a Dersa, estatal paulista extinta no ano passado, ainda segundo a denúncia.

Os procuradores concluíram que houve lavagem de dinheiro usando a técnica “follow the money” (“siga o dinheiro”, em tradução livre). A denúncia diz que Serra e Verônica praticaram lavagem de dinheiro de obras do Rodoanel Sul no exterior de 2006 a 2014.

Operações ocultavam origem ilícita de dinheiro

Em relação à operação desta terça-feira, o caso de suposto caixa 2 foi remetido para a primeira instância da Justiça Eleitoral de São Paulo após a colaboração espontânea de pessoas que teriam sido contratadas em 2014 para estruturar e operacionalizar os pagamentos de doações eleitorais não contabilizadas.

Por meio da quebra do sigilo bancário e da troca de informações com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foram identificados indícios do recebimento das doações eleitorais não contabilizadas a Serra.

As investigações apontam que as doações foram repassadas por meio de operações financeiras e societárias simuladas, de modo que ocultavam a origem ilícita dos R$ 5 milhões recebidos.

As investigações também identificaram outros pagamentos de valores elevados feitos por grandes empresas, sendo uma do setor de nutrição e outra da construção civil, perto das eleições de 2014. Essas doações, segundo foi investigado, eram feitas a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação do recebimento das doações. Esses fatos ainda serão objeto de mais apurações.

Nota Serra

“O senador José Serra foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa, na qual, ressalte-se, José Serra jamais foi ouvido.

José Serra lamenta a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país, reforça que jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos. Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Serra mantém sua confiança no Poder Judiciário e espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível, para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra.”

G1

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Judiciário

Em delação, Palocci revela repasses da Qualicorp ao filho de Lula

Foto: Alan Marques/ Folhapress

O ex-ministro petista Antonio Palocci revelou, em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o repasse de recursos do grupo Qualicorp ao PT, ao Instituto Lula e à empresa Touchdown, de Luis Cláudio Lula da Silva, 30 anos, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações foram publicadas nesta quarta-feira (14) pela coluna Radar, da revista Veja.

Os pagamentos, de acordo com a revista, teriam sido feitos em troca de “benefícios concedidos pelo governo” à empresa na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em março, a Polícia Federal indiciou Lula e o filho Luís Cláudio pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência. A Touchdown passou a ser investigada em 2017, com as delações da empreiteira Odebrecht na Operação Lava Jato. A empresa teria recebido mais de R$ 10 milhões de patrocinadores.

De acordo com a revista, o acordo firmado pelo ex-ministro no Supremo, ao qual Veja teve acesso, tem 23 anexos, que tratam de 12 políticos, entre ex-ministros de Estado, parlamentares e ex-parlamentares – além de grandes empresas.

Campanhas eleitorais

Segundo a reportagem, baseada nas declarações de Palocci, o PT recebeu R$ 270,5 milhões para suas campanhas eleitorais de 2002 a 2014. As doações (parte delas não declarada) partiam de grandes grupos e empresas em troca de favores do partido.

O ex-ministro narra o esforço petista para sepultar a Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por esse empenho, a legenda aceitou R$ 50 milhões em propinas pagas pela Camargo Corrêa na forma de doação eleitoral para Dilma em 2010 e para outros políticos petistas, como Gleisi Hoffmann, atual presidente do PT.

Palocci afirmou que Gleisi recebeu de três empreiteiras (Camargo Correa, Odebrecht e OAS) a quantia de R$ 3,8 milhões na campanha de 2010, quando se elegeu senadora pelo Paraná.

De acordo com a reportagem, diversos empresários apoiaram financeiramente as campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em troca de benefícios, que variavam desde a “menor tributação para um setor específico, obtenção de alguma linha de crédito no BNDES para essas empresas a auxílio em fusão de grupos de um mesmo setor a apoio da base governistas a medidas que tramitavam no Congresso”.

As negociações com os doadores, diz a revista, eram fechadas por Palocci e pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

A delação premiada de Palocci foi fechada com a Polícia Federal e homologada pelo ministro Edson Fachin, chefe da Lava Jato no STF.

R7

 

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