Foto: Reuters
O Baile de Favela ecoou no pódio das Olimpíadas de Tóquio. A música ainda estava na cabeça de todos quando Rebeca Andrade colocou no peito a medalha de prata do individual geral nesta quinta-feira. A ginasta de 22 anos se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística dos Jogos Olímpicos.
Com 57,298 pontos, Rebeca só ficou atrás da americana Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos e manteve o domínio do país na prova. O bronze foi para a russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.
E o ouro não veio por muito pouco, por um passo para fora no solo do Baile de Favela. Nada que diminua a conquista de Rebeca, que ainda vai disputar mais duas finais em Tóquio: domingo no salto, e segunda-feira no solo. Mais duas chances de continuar escrevendo seu nome na história do esporte brasileiro.
Prova a prova
Voo alto no salto
Rebeca foi a segunda a se apresentar no salto, seu aparelho mais forte. Ele executou um Cheng muito cravado, um salto de dificuldade muito alta. Sé teve um desvio de trajetória e pisou um pouco fora da área. Ainda tirou um notão para abrir na liderança: 15,300 pontos. A americana Jade Carey, outra especialista do salto, também faz um Cheng muito bom e tirou 15,200 para ficar na cola de Rebeca. A russa Angelina Melnikova conseguiu 14,633 pontos e a americana Sunisa Lee 14,600 para continuar na briga.
Barra firme
Rebeca foi a primeira a se apresentar nas barras assimétricas. Ela cravou sua série, inclusive acertando ligações de movimentos que não tinha feito na classificatória. Assim, a brasileira conseguiu aumentar a nota de dificuldade em três décimos e conseguiu 14,666 pontos. Rebeca manteve a liderança, mas viu Sunisa Lee se aproximar bastante. Especialista nas barras, a americana conseguiu 15,300 pontos. Angelina Melnikova também cravou as barras, um ponto forte da russa, tirou 14,900 e ficou na terceira posição.
Equilíbrio na trave
O equilíbrio na trave seria a chave para o pódio. Jade Carey caiu e deixou a briga pelo pódio. As russas Urazova e Melnikova cravaram e esquentaram a briga. Sunisa Lee teve alguns desequilíbrios, mas se manteve à frente das rivais. Rebeca Andrade foi a última a se apresentar. Muito firme, ela passou pela aparelho que é seu ponto menos forte (fraco não é) com 13,666 pontos – a arbitragem havia dado um décimo a menos de dificuldade, mas o recurso da equipe brasileira subiu a nota de Rebeca. Ela caiu para a segunda posição, apenas um décimo atrás de Sunisa Lee.
Baile de Favela no solo
Das candidatas ao pódio, a jovem Urazova foi a primeira a se apresentar, fez uma série bem executada, mas com menor grau de dificuldade e tirou 13,400. Acabou ultrapassada pela compatriota Melnikova, que ficou com 13,966 no solo. Sunisa Lee passou bem, conseguiu 13,700 pontos e passou as russas.
Globo Esporte
Uma guerreira que vem treinando forte, se dedicando diariamente e mostrando seu valor. Mostra que pode ocupar seu lugar com muita resiliência, determinação e mérito, independente da cor e da origem. Se tivesse precisado de cotas ou favorecimento para ter uma vaga no esporte e na seleção, não teria sequer se classificado.
Se ela não for cristã, não tiver família bem constituída e tiver sofrido preconceito, forma todos os requisitos que a mídia atualmente tanto enaltece e faz questão de mostrar. Vai se tornar celebridade em algumas emissoras.
Ao contrário de Rayssa do skate, outra vitoriosa, com apenas 13 anos ganhou sua medalha de prata olímpica. Mas como não sofreu preconceito para andar de skate, tem família bem formada, são cristãos, a mídia lhe deu o minuto de glória e não fala mais na façanha que a pequena heroína conquistou. Não? Rayssa já foi esquecida pela mídia, desapareceu dos noticiários.