Finanças

IBGE: Rendimento médio mensal do 1% mais rico no país é 33,7 vezes o que recebe metade dos pobres

Foto: © WILSON DIAS-ABR

Em 2019, o rendimento médio mensal do 1% mais rico da população, que recebia R$ 28.659, correspondia a 33,7 vezes o rendimento da metade da população mais pobre do Brasil, que ganhava R$ 850. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – Rendimento de Todas as Fontes 2019, divulgada nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita alcançou R$ 294,4 bilhões em 2019. A parcela dos 10% da população com os menores rendimentos detinha 0,8% dessa massa, enquanto que os 10% com os maiores rendimentos concentravam 42,9% em 2019.

A desigualdade fica evidente também no índice de Gini de rendimento médio mensal de todos os trabalhos, que mede a concentração de uma distribuição e que varia de zero (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima). O Índice de Gini é um instrumento matemático utilizado para medir a desigualdade social.

O índice de Gini do rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos foi de 0,509 em 2019. Entre 2012 e 2015, houve uma tendência de redução deste indicador, passando de 0,508 para 0,494. Segundo o IBGE, a partir de 2016, entretanto, o indicador voltou a aumentar para 0,501, valor no qual se manteve em 2017, chegando a 0,509 nos dois últimos anos da série.

“O Brasil é historicamente conhecido como um país de grande desigualdade social e econômica. A desigualdade continua elevada e o movimento de redução é um processo que leva tempo”, disse a analista do IBGE responsável pela pesquisa, Alessandra Brito.

Rendimentos

Do total de pessoas residentes no Brasil em 2019, 131,2 milhões (62,6%) tinham algum tipo de rendimento. O rendimento médio real de todas as fontes, após subir 2,8% em 2018 (para R$ 2.247), manteve-se praticamente inalterado em 2019 (R$ 2.244). O Sudeste registrou o maior valor (R$ 2.645), seguido pelo Sul (R$ 2.499) e pelo Centro-Oeste (R$ 2.498), enquanto os menores valores estavam no Nordeste (R$ 1.510) e no Norte (R$ 1.601).

O número de pessoas com rendimento de todos os trabalhos subiu de 43,4% da população (90,1 milhões) em 2018 para 44,1% (92,5 milhões) em 2019. Já a aposentadoria ou pensão era recebida por 14,7% da população no ano passado, mantendo estabilidade em relação a 2018 (14,6%) e subindo 1,6 ponto percentual em relação a 2012 (13,1%).

O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos foi de R$ 2.308 no ano passado. O valor manteve-se praticamente estável em relação a 2018, quando ficou em R$ 2.317. O maior valor da série ocorreu em 2014, quando alcançou R$ 2.364. Após queda de 4,1% em 2015 frente a 2014, o rendimento de todos os trabalhos ficou praticamente estável nos anos de 2016 e 2017 e registrou expansão de 2,3% em 2018.

Alessandra destaca que três quartos da renda do domicílio vêm da renda do mercado de trabalho. “A gente vem observando que, a partir de 2015, 2016, o mercado de trabalho começou a ter uma mudança de característica, de redução do trabalho com carteira assinada, do aumento da informalidade, de inserções mais precárias e isso reflete no rendimento das famílias”, acentuou.

Desigualdade

Segundo o IBGE, em 2019, permanecem as grandes discrepâncias entre o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2.999), pardas (R$ 1.719) e pretas (R$ 1.673). Também continuam as diferenças de gênero: o rendimento de todos os trabalhos dos homens (R$ 2.555) é 28,7% mais alto que o das mulheres (R$ 1.985).

A analista do IBGE destacou que a desigualdade entre homens, mulheres, pessoas brancas, pardas e negras é um fenômeno estrutural do país. “O mercado de trabalho ainda precifica de forma diferente de acordo com as características das pessoas”, afirmou.

De acordo com a pesquisa, o rendimento médio dos trabalhadores com ensino superior completo (R$ 5.108) era, aproximadamente, três vezes maior que o daqueles com somente o ensino médio completo (R$ 1.788) e cerca de seis vezes o daqueles sem instrução (R$ 918).

“Em 2019, o rendimento de todos os trabalhos compunha 72,5% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita. Os 27,5% provenientes de outras fontes se dividiam em rendimentos de aposentadoria ou pensão (20,5%) em sua maioria, mas também em aluguel e arrendamento (2,5%), pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (1,1%) e outros rendimentos (3,4%)”, informou o IBGE.

O percentual de domicílios atendidos pelo Bolsa Família caiu de 13,7% em 2018 para 13,5% em 2019. Em 2012, 15,9% dos domicílios do país recebiam o Bolsa Família. Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) era recebido em 3,7% dos domicílios do país em 2019, percentual praticamente igual ao de 2018 (3,6%) e 1,1 ponto percentual acima do de 2012 (2,6%).

Agência Brasil

Opinião dos leitores

    1. Pra você ver o estrago que um ano de governo Temer e um e meio de Bolsonaro pode fazer!

  1. Esse mesmo estudo pode ser aplicado ao estado do RN, onde a elite do funcionalismo recebe 35.000 reais enquanto a maioria dos trabalhadores do estado recebe um salário mínimo de 1.045 reais

    1. Só a do RN?! É bom lembrar em que poder essa elite está mais presente não é: O Judiciário!

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Economia

Caderneda de poupança capta R$ 5,1 bilhões somente em junho

Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 5,115 bilhões, em junho, segundo informou hoje (5) o Banco Central (BC). Esse foi o segundo melhor resultado para os meses de junho da série do BC iniciada em 1995. A captação líquida (mais depósitos que retiradas) só é inferior à de junho de 2002, quando ficou em R$ 5,293 bilhões.

O desempenho ocorre apesar das mudanças nas regras de remuneração do investimento, que causaram redução de rendimento desde o dia 31 de maio. Em 4 de maio deste ano, o governo editou a Medida Provisória (MP) 567, que estabeleceu nova regra para a remuneração de poupança, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano. Nesse caso, a forma de remuneração passa a ser 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), calculada todos os dias pelo BC.

No dia 30 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano. Assim, a regra de remuneração, que era TR mais 0,5% ao mês, mudou para os novos depósitos. A expectativa de analistas do mercado financeiro, conforme sondagem do Banco Central divulgada na segunda-feira (2), é que a taxa Selic caia ainda mais e encerre 2012 em 7,5% ao ano.

Apesar dessa expectativa, os depósitos somaram , em junho, R$ 98,845 bilhões, e as retiradas R$ 93,729 bilhões. Os rendimentos creditados somaram R$ 2,203 bilhões e o saldo total ficou em R$ 449,040 bilhões. Em maio deste ano, a captação líquida foi de R$ 6,262 bilhões. Essa, por sua vez, foi a maior captação líquida positiva registrada pelo BC em meses de maio.

O relatório do BC se baseia em dados do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – que destina 65% dos recursos para o financiamento imobiliário – e da poupança rural. No caso do SBPE, houve captação líquida de R$ 4,095 bilhões em junho. A poupança rural registrou R$ 1,020 bilhão.

Ontem, a Câmara aprovou a MP 567. Durante o dia, os partidos de oposição obstruíram a votação, em protesto pela forma diferenciada de liberação de recursos das emendas parlamentares ao Orçamento da União. Na votação das emendas ao texto apresentado pelo relator da MP, deputado Henrique Fontana (PT-RS), o plenário aprovou uma que manteve no texto o dia 4 de maio como prazo final para que os depósitos sejam remunerados pelas regras antigas da poupança.

Ao definir a nova regra de remuneração, o objetivo do governo foi evitar a migração de investidores dos fundos de renda fixa para a poupança. Esses fundos são formados por títulos públicos utilizados pelo governo na rolagem da dívida.

Com a queda da Selic, um fundo de investimento pode pagar menos que a poupança, dependendo da taxa de administração cobrada pela instituição financeira. Para que o BC tivesse mais espaço para cortar a Selic, sem afetar a demanda por títulos públicos, foi necessário fazer mudanças na remuneração da poupança. A poupança não cobra Imposto de Renda, nem taxa de administração, diferentemente dos fundos de investimento.

Fonte: Agência Brasil

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