Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A CPI da Pandemia ouviu nesta terça-feira (10) o presidente do Instituto Força Brasil, coronel da reserva Helcio Bruno. Em sua fala inicial, Helcio Bruno afirmou que esteve em uma reunião com a Davati Medical Supply no Ministério da Saúde, na qual participaram cerca de dez pessoas, e que o intuito inicial era intermediar, por meio de seu Instituto, a negociação de vacinas contra a Covid-19 com o setor privado.
Segundo ele, em 9 de março, quando a reunião do 12 de março já estava agendada com a pasta, o “reverendo Amilton [Gomes de Paula] apareceu no IFB [Instituto Força Brasil] e informou que a empresa Davati Medical Supply poderia disponibilizar doses de vacinas contra a Covid-19”.
A reunião ocorreu, de fato, no dia 12 de março. Helcio Bruno nega que tenha presenciado qualquer pedido de propina envolvendo as doses da vacina da AstraZeneca oferecidas pela intermediadora. O pedido de propina de US$ 1 por dose teria ocorrido em 25 de fevereiro durante jantar em Brasília.
O requerimento para ouvir o militar foi apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que indicou que, em depoimentos à comissão, representantes da Davati Medical Supply no Brasil relataram que o presidente do Instituto Força Brasil intermediou um encontro entre a empresa e o então secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco.
O militar comparece ao Senado amparado por um habeas corpus concedido pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) – ele terá o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. Helcio Bruno afirmou que usará desta prerrogativa para não responder questões envolvendo a Davati e o Ministério da Saúde.
Este deverá ser o último depoimento relacionado à empresa Davati Medical Supply. A Davati é alvo de investigação da CPI por estar supostamente envolvida em um esquema de compra e venda de vacinas da AstraZeneca superfaturadas. O contrato bilionário com o Ministério da Saúde previa a compra de 400 milhões de doses de vacina.
Tenente-coronel diz que conhece Jair Bolsonaro da época de academia militar
O depoente Helcio Bruno afirmou durante seu depoimento que conhece o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo ele, o contato com Bolsonaro se deu na época da academia militar – depois disso, ele voltou a se encontrar com Bolsonaro após sua posse.
“Ele [Bolsonaro] é meu contemporâneo na academia militar. Ele era atleta e eu também, não tínhamos nenhum contato naquela época e em 2016 quando ele manifestou que estaria concorrendo ao cargo de presidente eu aproveitei e fiz uma visita e declarei que poderíamos ajuda-lo e eu criei um grupo pra colaborar com ele, o JB 18”, disse.
A turma da academia militar de 1976, segundo Helcio Bruno, se organizou após a posse de Bolsonaro para uma visita e ele foi incluído no encontro – esta foi a última vez que Helcio diz ter se encontrado com Bolsonaro. “Quando o presidente foi empossado um grupo da turma de 76 foi fazer uma visita de cortesia e eu pedi pra ser incluído pra acompanhar. Foi a ultima vez que estive com ele, mas não é da minha relação próxima”, disse.
Helcio Bruno esteve em almoço com Dominghetti na casa do reverendo Amilton
Durante a oitiva, Helcio Bruno revelou que esteve em um almoço com o revendedor de vacinas e cabo da Polícia Militar (PM), Luiz Paulo Dominghetti, na casa do reverendo Amilton Gomes de Paula no dia 12 de março – mesma data da reunião compartilhada no Ministério da Saúde.
“Foi um almoço na residência do representante da Senah. Quando terminou a reunião na secretaria-executiva, estávamos em lockdown, tudo fechado (…) E o Amilton nos convidou pra almoçar na casa dele. O reverendo nos convidou pra participar de um almoço, fomos ao almoço e acabou”, disse.
O coronel da reserva se recusou a responder qual é a sua relação com o reverendo Amilton e com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello – ele também manteve o silêncio diante de pergunta sobre contatos com Herman Cardenas, apontado como CEO da Davati.
Helcio Franco, no entanto, só revelou o encontro na residência do reverendo após o relator Renan Calheiros mostrar uma foto do tenente-coronel durante o almoço. Após a revelação, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmaram que o Helcio mentiu à CPI. “Vossa Senhoria acabou de faltar com a verdade. Vossa senhoria disse que não tinha nenhuma intimidade”, disse.
Helcio entrega ata de reunião com a Davati
Helcio Bruno recusou-se a responder alguns questionamentos feitos pelo relator da Comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), referentes à atuação do Instituto Força Brasil e sua relação pessoal com servidores do Ministério da Saúde. Ele se amparou no habeas corpus concedido pelo Supremo, que autoriza o silêncio diante de perguntas que o incriminem.
Em seguida, entregou aos senadores uma ata com o nome de todos os participantes da reunião referida. Após ler os nomes, Omar Aziz disse que estavam presentes “a cúpula da secretaria-executiva todinha para receber a Davati”.
Ao responder sobre como conseguiu uma agenda para tratar da aquisição de vacinas por empresas do setor privado – o objetivo do Instituto junto à pasta, segundo ele –, Helcio Bruno afirmou que pediu uma agenda de maneira formal e que não conhecia Cristiano Carvalho ou Luiz Dominghetti quando foi ao Ministério.
Segundo o depoente, a resposta do Ministério em relação à solicitação da reunião ocorreu em certa de três ou quatro dias.
Helcio Bruno diz que reverendo Amilton pediu compartilhamento de agenda do IFB com Davati
O tenente-coronel da reserva Helcio Bruno iniciou seu depoimento por volta das 11h30 desta terça-feira (10). Em sua fala inicial, ele destacou que o Instituto Força Brasil solicitou uma agenda formal no Ministério da Saúde em 3 de março para tratar de vacinas “para o setor privado”. Segundo ele, o pedido de agenda foi feito de maneira formal.
Já em 9 de março, quando a reunião do 12 de março já estava agendada com a pasta, o “reverendo Amilton [Gomes de Paula] apareceu no IFB [Instituto Força Brasil] e informou que a empresa Davati Medical Supply poderia disponibilizar doses de vacinas contra a Covid-19.
Segundo o depoente, foi o reverendo Amilton quem aventou a possibilidade do IFB compartilhar a agenda com a Davati na reunião do dia 12 de março.
“Embuído de boa fé, aceitou-se compartilhar agenda com a referida empresa e, nessa ocasião, conheci Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominghetti. A reunião contou com participação de dez pessoas e durou cerca de 20 minutos”, disse.
Segundo Helcio, após a reunião de 12 de março, ele nunca mais esteve com Dominghetti ou Cristiano Carvalho. Sobre o encontro no restaurante em Brasília, onde teria ocorrido um suposto pedido de propina, Helcio afirmou que “jamais participei de reunião ou encontro com solicitação de vantagem indevida”. Ele também afirmou que não tem relação de amizade com o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.
Com CNN Brasil
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