Pedestres que caminhavam pela orla de Santos, no litoral de São Paulo, foram surpreendidos pelos destroços de um navio, encalhado na praia do Embaré, que voltaram a aparecer na última terça-feira (21). Imagens aéreas obtidas pelo G1 nesta quarta-feira (22) mostram detalhes da extensão da embarcação, isolada na faixa de areia próxima ao Canal 5.
De acordo com a Prefeitura de Santos, a baixa da maré fez com que a estrutura, que se assemelha a um casco de navio, composta de pedaços de madeira e metal com mais de 50 metros de comprimento, ficasse exposta, atraindo a atenção dos moradores. Ocasionalmente, partes do navio acabam ficando expostas mas, nesta semana, a carcaça completa passou a ser exibida.
A administração municipal aponta, ainda, que realiza o monitoramento do local desde 2017, quando foram feitos os primeiros registros dos destroços da embarcação. Com a aparição, o local foi isolado com cercamento para a proteção dos pedestres e banhistas.
Outras aparições foram registradas em agosto do ano passado e em julho de 2018. Após os primeiros registros, uma equipe de geólogos foi acionada para tentar identificar a embarcação. À época, pesquisadores suspeitavam que o material se tratava dos restos do veleiro Krestel, que afundou na mesma região em 1895.
No entanto, de acordo com o escritor e especialista em naufrágios José Carlos Silvares, a hipótese foi descartada após uma análise sobre o material presente da estrutura. “Acreditamos que poderia ser o veleiro, mas descartei porque era um navio de ferro, e essa estrutura é de madeira. Pode ser mais antigo ainda”.
Recreio
A cerca de mil metros dali, na orla da Ponta da Praia, estão os restos do navio Recreio, que encalhou na faixa de areia, durante uma tempestade, em 26 de fevereiro de 1971. A embarcação ficava fundeada na Praia do Góes, em Guarujá, e se soltou das amarras enquanto ocorria o temporal na Barra de Santos. Sempre que a maré baixa, os destroços do casco do navio, que nunca foram retirados por completo, são revelados.
DELAÇÃO – Luiz Henrique Molição: pistas que podem revelar uma cadeia de comando (./.) – Divulgação
O estudante Luiz Henrique Molição ocupava uma posição secundária na quadrilha de hackers que invadiu os celulares e capturou mensagens trocadas pelos procuradores da Operação Lava-Jato. A tarefa dele era intermediar os contatos entre os criminosos e o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, que recebeu e divulgou em parceria com vários veículos de imprensa, inclusive VEJA, diálogos flagrantemente impróprios entre os integrantes da força-tarefa de Curitiba. Preso há dois meses, Molição fechou na semana passada um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Em troca de benefícios, o estudante se comprometeu a revelar, entre outras coisas, o nome de mais três pessoas que teriam participado dos ataques virtuais, apresentar arquivos de conversas privadas de autoridades da República que estariam armazenadas em servidores fora do país e entregar o aparelho celular que usava para se comunicar com os comparsas e repassar as mensagens roubadas.
A Polícia Federal vê a delação de Molição como o primeiro passo para avançar sobre uma das principais linhas de investigação. Desde que eclodiu o escândalo, os agentes desconfiam que, na retaguarda dos hackers, existe uma cadeia de comando que teria planejado e financiado as invasões dos celulares das autoridades, alguém ou algum grupo que tinha interesse em fulminar a Operação Lava-Jato e fragilizar seus protagonistas. Resumindo, suspeita-se que haja um chefe. Durante o inquérito, foram localizadas mensagens trocadas entre os hackers que faziam referência a um tal “professor”. Em sua proposta de delação, Molição contou que o “professor” seria o mentor intelectual e financiador das ações do grupo. O estudante teria ouvido essa revelação da boca de Walter Delgatti Neto, o hacker que foi preso em São Paulo e confessou ser o responsável pela invasão dos celulares dos procuradores da Lava-Jato e de dezenas de autoridades. De acordo com o relato do delator, Delgatti comentou mais de uma vez que recebia instruções do “professor” sobre o que devia e o que não devia ser repassado ao Intercept Brasil.
Até então, na versão contada à polícia pelos criminosos o “professor” seria o apelido de Thiago Eliezer Martins, outro hacker da quadrilha que também está preso. Molição disse que o “professor” pode ser outra pessoa. No caso de o tal personagem de fato existir, a PF acredita que poderá identificá-lo com base nas informações armazenadas no celular do estudante. O aparelho, que estava escondido na casa da mãe dele no interior de São Paulo e já vem sendo analisado pelos peritos do Instituto Nacional de Criminalística, foi usado pelos hackers para trocar mensagens dentro do grupo. Molição informou que se encontram guardados no celular todos os diálogos entre ele e Walter Delgatti e entre ele e Glenn Greenwald. O conteúdo dessas conversas forneceria pistas sobre a identidade do tal “professor”.
Em cinco meses de investigação, a Polícia Federal prendeu Walter Delgatti, o Vermelho, suposto líder do esquema, e outras quatro pessoas acusadas de tentar invadir os aplicativos de mensagens de mais de oitenta autoridades da República. Colega de classe de Delgatti no curso de direito da Universidade de Ribeirão Preto, Luiz Henrique Molição entrou no esquema por ser bem informado sobre política e, principalmente, fluente em inglês. Segundo ele, Delgatti precisava de alguém para negociar com o americano Glenn Greenwald as conversas roubadas da Lava-Jato. Em seu primeiro depoimento após a prisão, o estudante disse que o grupo pretendia “vender as informações”, mas que o jornalista “teria se recusado a efetuar qualquer tipo de pagamento em troca de conteúdo”. Ao quebrarem o sigilo bancário dos envolvidos, porém, os investigadores identificaram uma série de transações bancárias que reforçaram a suspeita de que alguém pode ter financiado a operação.
O material obtido pelos hackers tem potencial explosivo e, portanto, alto valor no mercado — e não só em relação à Lava-Jato. A polícia descobriu que os criminosos tentaram — e, em alguns casos, conseguiram — ter acesso a diversos diálogos de autoridades de todos os poderes. Na lista de vítimas dos invasores estão ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. No Poder Executivo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o chefe do Estado-Maior do Exército e ex-interventor na segurança pública do Rio de Janeiro, general Braga Netto, também foram alvo de tentativas de invasão. No Congresso, a lista é extensa — do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Para provar que tinha acesso às contas de aplicativos de autoridades e tentar fazer dinheiro junto a eventuais interessados em pagar pelas informações, Delgatti enviava cópias de mensagens roubadas ou imagens dos celulares mostrando que as contas de determinadas pessoas haviam sido capturadas. Foi assim que, em maio deste ano, o hacker entrou em contato com a ex-deputada federal Manuela d’Ávila, do PCdoB, para oferecer as mensagens dos procuradores da Lava-Jato. O material, prometeu ele, resultaria na libertação do ex-presidente Lula. Delgatti também dizia ter acessado as contas de Eduardo e Carlos Bolsonaro, filhos do presidente. Manuela se interessou e promoveu a aproximação do criminoso com o jornalista. Nesse hiato entre o oferecimento e a entrega do material, Molição entrou em cena.
Por ser monoglota, Delgatti teria desistido de intermediar ele mesmo os contatos com Greenwald. Por isso, repassava a Molição, pelo celular agora em poder da PF, as orientações sobre o que devia ser negociado. Foi em algumas dessas conversas que o estudante teria ouvido o comparsa mencionar o “professor”, o que ele entendeu como uma referência a alguém que operava em escala hierárquica superior. A suspeita sobre a existência de um comando acima dos hackers presos já havia ganhado força quando se soube que, logo após as primeiras prisões, diversos advogados, alguns ligados a partidos políticos e outros a escritórios caros e famosos, se apresentaram para defender os criminosos. Tão logo Delgatti foi apanhado, Molição escreveu a Greenwald: “O menino foi preso”. Pouco tempo depois, ele recebeu um e-mail em uma conta que havia sido criada pelo grupo para burlar possíveis interceptações da polícia: “Você deve saber quem eu sou. Eu ajudava o garoto”. No fim da mensagem, havia a informação de que os advogados dariam “assistência a Walter (Delgatti)”. Molição não sabe quem foi o remetente. Cerca de um mês após a prisão de Delgatti, porém, ele também recebeu uma ligação de Brasília. Apavorado, não atendeu. Em seguida, chegou uma mensagem de WhatsApp de uma pessoa que se apresentava como advogado do Delgatti e que queria saber detalhes de um veículo do hacker preso. A família de Molição foi procurada no interior de São Paulo por supostos advogados que ofereciam seus serviços.
Pronto. Vamos agora saber se Gilmar Mendes, Lewandowisk e outros Ministos do STF vão aceitar as conversas de Ministros do próprio STF como válidas . Agora eu quero ver se suas excelências serão independente como dizem ser.
Com certeza, a conta amigo abasteceu os bolsos desse bandidos hackers, e a jeane wilas e a Manuela foram os coordenadores, com muito sexo e sapupara. Aguardemos!
BG
Esse Americano tem que ir pra trás das grades, cometeu crime e vive zombando do nosso País, para não gerar despesas deporta ele para os EUA, que lá ele tem contas a acertar com a justiça.
Diversas imagens de um quasar distante são visíveis nesta visualização combinada do Observatório de Raios-X Chandra da Nasa e do Telescópio Espacial Hubble. Uma grande galáxia em primeiro plano está distorcendo tanto a luz do quasar que passa a agir como uma lente, resultando na aparente duplicação. FOTO DE IMAGE BY X-RAY: NASA/CXC/UNIV OF MICHIGAN/R.C.REIS ET AL; OPTICAL: NASA/STSCI
Desde o momento em que passou a existir há mais de 13 bilhões de anos, o universo vem se expandindo, com galáxias se afastando visivelmente umas das outras. Para compreender as leis físicas que regem o cosmos, astrônomos tentaram mensurar um dos números mais importantes da cosmologia, a Constante de Hubble, que descreve a velocidade em que essa expansão acontece e, por sua vez, a idade do universo.
Mas, recentemente, diversos esforços para encontrar o valor da Constante de Hubble resultaram em uma possível crise na cosmologia: o universo parece estar se expandindo mais rápido do que o esperado. Se confirmada, essa mudança chocante forçaria astrofísicos a repensarem os princípios básicos do nosso universo, os quais não sustentam atualmente tais mudanças, mesmo após levar em consideração a energia escura, uma força misteriosa que impulsiona a aceleração da expansão do universo.
Agora, pesquisadores anunciaram uma nova forma de olhar para o problema ao examinarem galáxias tão colossais que distorcem o espaço-tempo ao seu redor, curvando a luz como lentes gigantes.
Os resultados, publicados no periódico Science, não foram os únicos responsáveis por virarem os conceitos de cabeça para baixo. Considerando as margens de erro, as medições mais recentes são consistentes com tentativas anteriores de encontrar esse valor cósmico tão essencial. Mas como prova de conceito, o estudo demonstra que esse novo e promissor método funciona, o que é empolgante, uma vez que faz menos suposições sobre a estrutura do nosso universo quando comparado a outros métodos em busca do Hubble.
“Nós podemos oferecer uma perspectiva singular no que se refere à mensuração da Constante de Hubble”, diz a autora principal do estudo, Inh Jee, que concluiu o trabalho enquanto pesquisadora de pós-doutorado no Instituto Max Planck de Astrofísica.
Ataque dos clones
Até recentemente, astrônomos tinham apenas dois métodos principais à disposição para calcular a Constante de Hubble.
Para deduzir o valor a partir do universo primordial, cientistas usaram dados do satélite Planck, os quais mediam a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, o brilho emitido apenas 380 mil anos após o Big Bang. A partir de determinadas suposições sobre a natureza fundamental do universo, os dados do Planck sugerem que a Constante de Hubble deva ter um valor de 67,4 quilômetros por segundo por megaparsec, com variação de mais ou menos 0,5. (Um parsec equivale a cerca de 3,26 anos-luz e um megaparsec são um milhão de parsecs).
Mas os pesquisadores também podem estimar a Constante de Hubble a partir de estrelas e galáxias muito mais modernas, e esses métodos não dependem das mesmas suposições. Certos tipos de estrelas e explosões estelares emitem um brilho padrão. Ao comparar seu brilho esperado ao observado, os pesquisadores podem determinar a distância estimada dos objetos. Os astrônomos então relacionam suas distâncias à velocidade que a expansão do universo está nos distanciando delas, o que eles podem observar a partir de oscilações na luz dos objetos. Essa abordagem, refinada por um grupo de pesquisa chamado SH0ES, alcançou um valor para a Constante de Hubble de 73,5, com variação para mais ou para menos de 1,7.
“A analogia que gosto diz que, se observarmos uma criança de dois anos e medirmos sua altura, poderíamos prever sua altura quando adulto. Depois, quando medimos a altura do adulto, vemos que não é nada consistente, ele está 30 centímetros mais alto que o esperado”, diz o líder do SH0ES, Adam Riess, astrônomo na Universidade Johns Hopkins.
Para verificar se essa discrepância é real, astrônomos buscaram outros métodos independentes para encontrar a Constante de Hubble. E é aqui que entra o COSMOGRAIL. O grupo de pesquisa baseado na Suíça busca e monitora lentes gravitacionais, regiões do espaço que contêm tanta massa que distorcem o próprio espaço-tempo, o suficiente para curvar qualquer luz que passe por ele.
Às vezes, uma lente gravitacional pode ocorrer diretamente entre nós e um objeto distante, curvando sua luz em tal intensidade que vemos diversas imagens do objeto “clonadas” ao redor das bordas da lente. Essas imagens não estão sincronizadas no tempo. A luz de uma das imagens pode estar menos curvada, tendo uma captura mais direta e rápida através da lente. A luz de outra imagem pode estar mais atrasada após passar pelo espaço-tempo particularmente distorcido.
O COSMOGRAIL monitora as lentes gravitacionais iluminadas por quasares, objetos extremamente luminosos alimentados por buracos negros descomunais. Fundamentalmente, as imagens distorcidas do quasar cintilarão assim como o quasar, mas não ao mesmo tempo. Esses pequenos atrasos dependem da distribuição de massa dentro da lente e da distância entre nós, o quasar e a lente. Assim, se os pesquisadores determinarem a massa necessária para chegar à distorção observada, eles podem combiná-la aos atrasos de tempo para estimar a Constante de Hubble.
Um grupo chamado a colaboração H0LiCOW já utilizou essa abordagem, e sua estimativa para a Constante de Hubble de 73,3, com variação de 1,8, está alinhada aos resultados do SH0ES. Em julho, a H0LiCOW anunciou que havia uma chance menor que um em 10 milhões de que a diferença entre os resultados das duas equipes e o valor do Planck seja apenas um acaso.
O despertar da força
E como Jee e seus colegas agora demonstram, os quasares distorcidos da H0LiCOW são uma dádiva que não para de dar resultados. Eles podem ser analisados de uma forma completamente diferente para estimar a Constante de Hubble.
Se a matéria no coração da lente gravitacional for uma galáxia, os pesquisadores podem mensurar a velocidade de rotação das estrelas da galáxia e, então, combinar esses dados aos atrasos de tempo para determinar o tamanho da galáxia. Ao comparar seu diâmetro verdadeiro com o seu tamanho aparente no céu, os pesquisadores poderão estabelecer a distância da galáxia distorcida até nós.
Jee e seus colegas se concentraram em dois objetos, chamados B1608+656 e RXJ1131-1231, ambas lentes gravitacionais que estão distorcendo a luz de quasares distantes. Através desse novo método, eles descobriram que o B1608+656 está a quatro bilhões de anos-luz de nós, e que o RXJ1131-1231 está a 2,6 bilhões de anos-luz daqui.
Eles então combinaram essas distâncias às oscilações da luz das galáxias para calibrar as estimativas para a Constante de Hubble. Os resultados dos pesquisadores chegaram ao valor de 82,4, com variação de 8,4, colocando o valor nas redondezas dos resultados da H0LiCOW e SH0ES.
A coautora do estudo Sherry Suyu observa que a H0LiCOW já está usufruindo do novo método para aprimorar suas estimativas do Hubble, e ela adiciona que, no futuro, o método de Jee terá muitos mais dados à sua disposição. Apenas nos últimos anos, diz Suyu, astrônomos encontraram cerca de 40 novos sistemas distorcidos de quasares iguais aos usados no estudo publicado na revista Science.
“É extraordinário”, diz Suyu, líder de grupo no Instituto Max Planck de Astrofísica. “Podemos medir a distância até uma galáxia a bilhões de anos-luz de nós com um pequeno percentual de incerteza, o que não é nada mau”.
Enquanto o estudo de Jee passava por revisão, um segundo estudo de Radosław Wojtak e Adriano Agnello, publicado no início deste ano na revista in Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, também demonstrou que a técnica das lentes funciona.
“Esse é apenas o ponto de partida do método”, diz Wojtak, astrofísico na Universidade de Copenhagen. Mas outros métodos ainda estão surgindo. No futuro, a detecção de ondulações no espaço-tempo, chamadas de ondas gravitacionais, lançadas de colisões de estrelas de nêutrons, poderão oferecer mais uma estimativa.
Mas por enquanto, a cosmologia ainda se encontra à beira de um precipício, e é possível que caia no desconhecido.
“A grande questão, na minha opinião, é se o nosso modelo cosmológico está em perigo”, diz Wojtak. “Eu não sei a resposta para essa pergunta, mas posso dizer que estamos chegando ao ponto em que devemos considerar seriamente essa opção”.
Comente aqui