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Estudo comprova: homens que assediam mulheres on-line são ‘perdedores’

20100818081902285afpPara os pesquisadores, homens menos habilidosos sentem suas posições sociais ameaçadas pelas mulheres – OLIVER BERG / AFP

Uma nova pesquisa comprova o que muitos já sabiam: homens que assediam mulheres em ambientes on-line são, pode-se dizer, perdedores. O trabalho, realizado por Michael Kasumovic e Jeffrey Kuznekoff, das universidades de New South Wales e Miami, respectivamente, analisou as conversas entre jogadores de videogame e demonstrou que os mais hostis contra elas eram os que apresentavam pior desempenho.

O estudo foi publicado na semana passada na revista acadêmica PLOS One, e observou como homens tratavam as mulheres durante 183 horas de disputas no jogo “Halo 3”. Os pesquisadores perceberam que, independente do nível de habilidade, os homens são bastante cordiais entre eles, e os melhores jogadores tendem a tecer elogios, tanto para jogadores como para jogadoras.

Entretanto, os jogadores com menos habilidade, que tinham pior desempenho em relação aos seus pares, faziam comentários desagradáveis contra as jogadoras. Em outras palavras, homens sexistas são, literalmente, perdedores.

“Nós sugerimos que homens de baixo status aumentam a hostilidade direcionada às mulheres para minimizar a perda de posição como consequência de uma reconfiguração hierárquica resultante da entrada de uma mulher na arena competitiva”, dizem os autores dos estudo.

Por outro lado, dizem os pesquisadores, os mais habilidosos tendem a ser mais positivos com as mulheres que com os homens, “numa tentativa de apoiar e ganhar a atenção da jogadora”.

Os autores argumentam que esse estudo é o que fornece evidências mais claras sobre as relações entre gêneros em ambiente competitivo. Segundo eles, os videogames misturam ambientes biológicos e socialmente construídos, fornecendo uma boa oportunidade para observar como a competição intersexual molda o comportamento humano.

Porém, alguns pontos devem ser considerados. Os jogadores de “Halo 3” são anônimos, e a possibilidade de vigiar o comportamento dos outros é praticamente impossível; eles se encontram raramente em outras partidas; e a quantidade de jogadores homens é superior ao de mulheres. Essa mesma configuração é semelhante em outros ambientes on-line também marcados pelo sexismo, como os fóruns Reddit e os “chans”.

MULHERES SOFREM ASSÉDIOS MAIS SEVEROS

A questão do sexismo em espaços na internet é uma questão séria. Um relatório elaborado ano passado pelo Pew Research Center mostra que tanto homens quanto mulheres são vítimas de assédio on-line, mas “as jovens mulheres experimentam particularmente as formas mais severas”. No levantamento, 40% dos entrevistados disseram já terem sido vítimas desse novo tipo de violência, mas elas são assediadas sexualmente e perseguidas, enquanto eles são, majoritariamente, xingados.

O assédio contra mulheres se tornou particularmente evidente no episódio que ficou conhecido como GamerGate, quando mulheres envolvidas no mundo do videogame passaram a sofrer ameaças de morte.

“Como os homens confiam na agressão para manter seu status de dominação social, o aumento da hostilidade contra as mulheres pelos homens de baixa posição social pode ser uma tentativa para desprezar a performance feminina e suprimir a alteração causada por elas na hierarquia”, concluem os pesquisadores.

O Globo

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