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Senado pagou passagens de parlamentares que assistiram aos jogos do Mundial

Pelo menos dois senadores utilizaram passagens aéreas pagas pelo Senado para verem jogos da Copa do Mundo: Anibal Diniz (PT-AC) e Cidinho Santos (PR-MT), suplente de Blairo Maggi, licenciado desde março para cuidar de seus negócios. Diniz mandou a conta das três passagens aéreas, R$ 2.988,27 no total, referentes à ida a dois jogos, para o Senado quitar. Já o senador Cidinho gastou R$ 1.044,53 numa passagem de São Paulo para Cuiabá, após assistir ao jogo de abertura da Copa do Mundo.

Diniz gastou R$ 1.431,25 para voar de Brasília a São Paulo em 12 de junho, a tempo de ver a partida entre Brasil x Croácia, na abertura da Copa, no Itaquerão. Voltou a Brasília no mesmo dia, tendo pago R$ 535,47 pelo trecho. Diniz foi a mais dois jogos: Brasil x Camarões, em Brasília, em 23 de junho; e na última terça-feira, no Mineirão, onde assistiu à derrota do Brasil para a Alemanha. Só para voar de Brasília a Belo Horizonte, gastou R$ 1.021,55. Sem que sua assessoria conseguisse um voo para voltar à capital federal, e sem querer aguardar na lista de espera, o petista fez o trajeto de ônibus, pagando cerca de R$ 130, nesse caso, pago do próprio bolso.

Santos viajou de Cuiabá a Brasília em 10 de junho com a verba indenizatória — dinheiro a que os parlamentares têm direito para compromissos relacionados ao mandato — para trabalhar no Congresso. No dia seguinte, viajou a São Paulo com recursos próprios. Porém, fez o trajeto de São Paulo a Mato Grosso com dinheiro público: R$ 1.044,53.

DINIZ DIZ QUE NÃO DEVOLVERÁ DINHEIRO

Diniz disse ao GLOBO que, em sua opinião, não extrapolou o uso de recursos públicos comprando passagens aéreas. Argumentou ter ido aos três jogos a convite da CBF porque integra a Subcomissão de Acompanhamento da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas de 2016.

— Usei as passagens para ir institucionalmente a um evento organizado pelo governo brasileiro e pela CBF — disse o senador, que não pretende devolver o dinheiro aos cofres públicos.

A subcomissão citada por Diniz foi criada pelos senadores em 15 de março de 2011. Alguns dias depois, eles aprovaram um cronograma de trabalho que previa reuniões e audiências públicas com ministros, governadores, prefeitos, presidentes dos tribunais de contas das cidades escolhidas para sediar os jogos e com a Controladoria Geral da União. Essa subcomissão, no entanto, se reuniu apenas três vezes até hoje; o último encontro ocorreu há mais de dez meses, em 13 de agosto de 2013, quase um ano antes da realização da Copa. Na ocasião, os senadores ouviram o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sobre o andamento das obras.

Desde abril deste ano, a subcomissão sequer tem um presidente, já que Sérgio Souza (PMDB-PR) deixou o Senado com o retorno da titular do mandato, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Diniz é vice-presidente e também não não assumiu o posto. O petista, como Souza, não se elegeu senador, era primeiro suplente. No entanto, ele completa agora quatro anos de mandato, já que o titular Tião Viana (PT-AC) foi eleito governador do Acre em 2010.

Em 2012, Diniz foi escolhido pela bancada do PT, por unanimidade, vice-presidente do Senado, posto que ocupou até ser substituído ano passado por outro representante do Acre, o senador Jorge Viana (PT).

Depois de viajar cerca de dez horas de ônibus de Belo Horizonte a Brasília, Diniz subiu à tribuna do Senado para falar sobre a experiência e sobre a derrota acachapante da seleção brasileira para a Alemanha.

— Não sou do tipo que me escondo por trás dos fracassos. Gosto de debater as situações na alegria e também na adversidade. Infelizmente, foi a vez de a vítima ser o Brasil. E lamentamos também pela humilhação, porque 7 a 1 é um placar não usual, é um placar absolutamente excepcional —discursou.

O petista é um dos mais assíduos no plenário em dias sem votação. Procura presidir as sessões quando o presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL) ou o vice, Jorge Viana, não estão na Casa. E costuma discursar na tribuna.

O senador Cidinho Santos disse que não teve a intenção de usar dinheiro público para viajar atrás da seleção brasileira. Após consultar sua assessoria e a agência contratada para comprar suas passagens, afirmou ao GLOBO que houve uma confusão por parte da agência e que devolverá o valor pago pelo Senado. A assessoria do senador enviou um documento da agência mostrando que os demais trechos que envolviam a ida a São Paulo, para a abertura da Copa do Mundo, foram comprados com recursos do senador. Além do jogo Brasil x Croácia, Santos foi a mais três partidas da Copa, todas em Cuiabá: Chile x Austrália, Japão x Colômbia e Nigéria x Bósnia. Os ingressos, afirmou o parlamentar, foram uma cortesia de uma das empresas patrocinadoras da Copa do Mundo, o Grupo Marfrig, produtor de carnes.

USO IRREGULAR DE AVIÕES DA FAB

Ano passado, na Copa das Confederações, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para levar sua noiva, parentes e amigos ao Rio de Janeiro para assistirem à final entre Brasil e Espanha, no Maracanã. Alves e os familiares postaram fotos nas redes sociais, despertando atenção.

Após noticiado o episódio, a assessoria do deputado informou que ele devolveria o dinheiro. Foi feito um cálculo para estimar os gastos, chegando a R$ 1,5 mil por ocupante do avião da FAB. Outro episódio de uso irregular da aeronave, recentemente, foi protagonizado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Em dezembro do ano passado, o peemedebista requisitou um avião da FAB para ir a Pernambuco, onde fez um implante capilar.

O Globo

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