Mulher com uma folha de maconha pintada no rosto participa da passeata em Berlim, na Alemanha (Foto: Rainer Jensen/DPA/AFP)
Um estudo publicado na revista “Pediatrics” nesta segunda-feira (27) detectou o THC, principal componente psicoativo na maconha, em 63% das amostras de leite materno até seis dias após o uso por mulheres. A pesquisa foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (em inglês, NIH) e pela Gerber Foundation.
Nos Estados Unidos, a maconha é ilegal de acordo com a legislação federal, mas alguns estados e o distrito de Columbia permitem o uso medicinal e/ou recreacional. De acordo com pesquisa do Yahoo News em parceria com a Faculdade Marista em Poughkeepsie, em Nova York, 20% dos adultos usam a droga sem regularidade, e 14% usam com frequência.
De acordo com o estudo desta segunda-feira, o uso da maconha foi documentado em mulheres grávidas e mães que amamentam. A Academia Americana de Pediatria, no entanto, não recomenda que as mulheres usem a maconha em nenhum das duas situações.
Esta pesquisa levou em conta esse cenário no país e buscou, segundo os autores, trazer mais dados para aprofundar as preocupação com a saúde e o desenvolvimento de bebês que são alimentados com leite materno de mães usuárias.
Cinquenta mulheres que usaram a maconha diariamente, semanalmente ou esporadicamente – sendo a inalação o principal método de consumo – foram examinadas pelos cientistas. Foram coletadas 54 amostras de leite, sendo que em 63% delas havia o THC, principal componente psicoativo na droga, até seis dias após o uso da planta.
“Os pediatras são frequentemente colocados em uma situação desafiadora quando uma mãe que amamenta pergunta sobre a segurança de usar a maconha. Não temos dados publicados que sejam fortes para aconselhar contra o consumo” disse Christina Chambers, principal autora do estudo e professora da Universidade da Califórnia, em San Diego.
Os canabinóides – compostos ativos da maconha, como o THC – têm uma preferência por fazer ligações com moléculas de gordura, abundantes no leite materno. Esse é um dos fatos que levantou a preocupação com o uso durante a amamentação.
“Descobrimos que a quantidade de THC que uma criança poderia potencialmente ingerir por meio do leite materno é relativamente baixa, mas ainda não sabemos dizer se há uma dose segura para os bebês”, completou Chambers. “Acredita-se que os produtos disponíveis hoje feitos com maconha são muito mais potentes que os que eram vendidos há 20 ou 30 anos”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja feita de forma exclusiva para o bebê até os seis meses de idade. O fim precoce da amamentação está associado a um maior risco de obesidade, asma, morte súbita, piora da saúde imunológica, entre outros fatores. Nas mães, há um maior risco de câncer de mama, de útero e do desenvolvimento do diabetes tipo 2.
G1
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