Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT-RJ), foi preso na manhã desta segunda-feira por policiais civis e por integrantes do Ministério Público do Estado do Rio, em uma operação batizada de Alameda. Agentes chegaram ao prédio em que ele mora, em Santa Rosa, por volta das 6h. Duas horas depois, o prefeito foi levado para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio. O esquema envolvia o pagamento de propina por empresários so setor de transportes a agentes públicos da cidade. De acordo com a investigação do MP-RJ e da Polícia Civil, entre os anos de 2014 e 2018, foram desviados aproximadamente R$ 10,9 milhões dos cofres públicos para pagamentos ilegais. A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato no âmbito estadual.
Além de Rodrigo Neves, foram presos o ex-secretário municipal de Obras do município Domício Mascarenhas de Andrade e os empresários João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba, e João dos Santos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá. Todos foram levados para a Cidade da Polícia. O grupo é acusado de integrar uma organização criminosa para a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva.
A operação foi baseada na delação premiada do ex-dirigente da Fetranspor Marcelo Traça , com o Ministério Público Federal e do compartilhamento de provas autorizado pela 7ª Vara Federal.
Todos os acusados responderão por peculato e corrupção ativa e passiva.
Na sede da Prefeitura de Niterói, no Centro da cidade, também foram realizadas buscas no gabinete de Rodigo Neves. O delegado Adilson Palácio, da DRCPIM deixou o local com um malote contendo documentos. Por volta das 10h, integrantes do MP que estavam na prefeitura deixaram o prédio. Com a saída deles, o acesso de funcionários foi liberado.
Outras equipes foram deslocadas para as sedes de oito empresas de ônibus que prestam serviço no município. Além disso, são alvos também escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit, e do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj).
A operação é executada pela da Polícia Civil, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), ambos do MP.
Após prisão, prefeito Rodrigo Neves diz estar perplexo e nega ter recebido propina
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), negou ter recebido propina e se disse perplexo com a sua prisão na manhã desta segunda-feira (10). Ele afirmou que desconhece as acusações e contou que seus sigilos estão abertos para provar que ele não recebeu nenhum tipo de propina. “Eu realmente estou absolutamente perplexo”, disse Neves ao chegar na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio.
“Trabalho desde os 18 anos de idade, 20 anos de vida pública, não viajo pro exterior, tenho três filhos lindos, fecho minhas contas como qualquer cidadão de classe média, vivo em um imóvel simples. Me estranha muito esse tipo de ocorrência”, afirmou o prefeito de Niterói.
Neves alegou que a licitação do sistema de transporte que opera em Niterói é anterior a gestão. Ele disse que unificou a tarifa e que Niterói tem o sistema mais organizado da Região Metropolitana, com mais de 90% dos ônibus com ar.
“Olha, primeiro eu queria destacar que a gente em Niterói teve uma concorrência sobre transporte coletivo anterior à minha gestão. A concorrência foi na gestão anterior. Segundo, em 2013, a primeira decisão que eu tomei foi unificar as tarifas de Niterói pela menor tarifa. Se eu não tivesse feito isso, a tarifa de Niterói hoje seria a mais de R$ 4,50, portanto bem superior à tarifa atual.”
Rodrigo trazia três livros nas mãos quando foi conduzido pela Cidade da Polícia: Memórias da Segunda Guerra – volume 2, de Winston Churchill; Contra os novos despotismos, Norberto Bobbio e a Bíblia.
“Eu não sei nem quais são as acusações. [Recebimento de propina]. Imagina, imagina, se vocês virem minha conta, meu sigilo fiscal tá aberto, o sigilo telefônico tá aberto”, enfatizou Neves.
Segundo os policiais que efetuaram a prisão do prefeito, Neves se descontrolou emocionalmente e pediu para ser atendido por um médico. Ele deixou sua residência, em Santa Rosa, às 8h30.
A Operação Alameda, baseada em delação do ex-dirigente da Fetranspor Marcelo Traça, ainda cumpriu outros três mandados de prisão e 19 de busca e apreensão – como na sede da prefeitura e do sindicato das viações da região. Traça também foi denunciado pelo MP. Os cinco vão responder por peculato e corrupção ativa e passiva.
O prefeito de Niterói é apontado como líder de esquema que cobrava das empresas de ônibus consorciadas do município 20% sobre cada reembolso da gratuidade de passagens.
O benefício é concedido a alunos da rede pública de ensino, idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais. Periodicamente, as viações informam à prefeitura quantos passageiros foram transportados de graça para que o município as pague de volta. Os 20% eram cobrados em cima desse valor.
Com informações de O Globo e G1
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