O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) avaliou nesta sexta-feira (10) que a decisão da presidente Dilma Rousseff (PT) de transferir a articulação politica do governo federal para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) demonstra que a capacidade de liderança da presidente está “muito abalada”.
Em palestra a empresários e estudantes da área de tecnologia, na capital paulista, o tucano ressaltou que o peemedebista pensa diferente da petista, assim como o ministro Joaquim Levy (Fazenda) que, segundo ele, recebeu a “chave do cofre” para fechá-lo, em uma referência ao ajuste fiscal.
“Nós estamos, por circunstâncias, em um momento em que a capacidade de liderança de quem está na Presidência da República está muito abalada. Tanto que entregou a chave do cofre para alguém que pensa o oposto. E entregou para ele fechar o cofre, mesmo que não possa mais mexer nele. E, agora, entregou o comando politico para outro que também pensa diferente, para outro partido. É uma situação delicada a que estamos vivendo”, afirmou.
Para solucionar o atual quadro de crise política, o tucano defendeu a continuidade dos protestos de rua, o funcionamento do Poder Judiciário e o papel dos veículos de comunicação em mostrar “o que está acontecendo”.
“Não fazer conchavos e não fazer conciliação. Mas, em algum momento, sempre tem que haver algum acordo. A sociedade não funciona em pé de guerra o tempo todo”, observou.
O ex-presidente avaliou ainda que, nos últimos meses, o governo federal não só perdeu popularidade, mas também credibilidade. Para ele, por “erros de condução da politica econômica”, a presidente merece receber um “Prêmio Nobel ao contrario”.
“Ela conseguiu colocar a Petrobras na posição que está, ela foi diretora da empresa. Ao segurar a inflação, arrebentou com o etanol, as usinas faliram. E, na parte elétrica, deu um nó nas finanças, que estão todas quebradas. O grande desafio imediato é resolver a questão energética”, disse.
O tucano criticou também a existência de distorções no sistema eleitoral e partidário e deu como exemplos o excesso de partidos políticos no país e o atual numero de ministérios.
“Há 39 ministérios. Imagine uma empresa com 39 divisões. O CEO não vai saber o nome de quem é o chefe de cada uma”, observou.
Folha Press
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